Louise Malucelli, Orgulho Brasileiro no Tango

Louise Malucelli, Bailarina de Tango que Orgulha o Brasil e Engrandece a Dança Típica da Argentina

Entrevista exclusiva – Por Lino Tavares

A entrevistada da Série Personalidades é a bailarina Louise Junqueira Malucelli, campeã de 2020 do Concurso Mundial de Tango”, na categoria Tango de Pista, título recentemente conquistado em Buenos Aires, formando par com o marido Marcos Esteban Roberts.
Louíse é brasileira, nascida em Morretes, no Paraná, no dia 29 de maio de 1983. Vocacionada para às artes coreográficas desde a infância, começou a dançar tango na adolescência, passando a residir em Buenos Aires em 2005, onde realizou um intercâmbio cultural na área da Comunicação Social e aprofundou seus conhecimentos na arte de dançar tango, tornando-se na capital porteña conceituada bailarina desse famoso gênero musical mundialmente conhecido.

Primeiros Passos

Marcos e Louíse começaram suas atividades em Buenos Aires no ano de 2005 como integrantes do Ballet Mora Godoy. Marcos, nasceu em Comodoro Rivadávia, atuou no importante espetáculo Tanguera, produzido por Diego Romay.

Neste mesmo ano, apresentou-se em teatros da Avenida Corrientes e realizou turnês pelo México e Uruguai. Louise nasceu no Brasil, realizou seus estudos como bailarina clássica no Teatro Guaíra em Curitiba.

Em 2006 são convocados pelo diretor Gustavo Zajac para fazerem parte do elenco do espetáculo Tangorama, protagonizado por Mora Godoy.

Neste mesmo ano, representaram as casas de tango de Buenos Aires na Exposição de Turismo e Brazilian Travel Agent Congresso realizado no Rio de Janeiro.

Em 2007, são eleitos como primeiros bailarinos e para protagonizar o espetáculo Tangorama. Realizaram numerosas apresentações em várias milongas portenhas, como La Viruta, Salón Canning, Confiteria Ideal, etc.

Com a Companhia “Bien de Tango”, produzida pelo jornalista Omar Fajardo, participaram de numerosos espetáculos em lugares como: Centro Cultural Borges, Hotel Conrad Resort & Casino em Punta del Este Uruguai e Sheraton de Paraguai.

Neste mesmo ano, dirigem e protagonizam o espetáculo Encontros de Tango com turnê pelo Brasil. Foram convocados para realizar a abertura do show de Cacho Castaña no teatro Ópera, neste mesmo ano.

Em Maio de 2008 estrearam Bien Argentino, dirigido por Gustavo Zajac. Raul Lavie, Valéria Linch e Laura Fidalgo. Os artistas que participaram deste show foram Marcos e Louise, além de integrarem o corpo de baile, compõem a equipe de assistentes de direção e covers protagônicos.

Em 2008, participam da abertura do 6º Campeonato Mundial de Tango com a companhia Mora Godoy Tango. Em novembro do mesmo ano, realizam uma turnê com Tango Seducción do renomado bailarino Gustavo Russo pela Lituânia, Letônia, Polônia e República Checa.

Em abril de 2009, estrearam o novo espetáculo de Madero Tango,”Puerto Buenos Aires” onde integram o grupo de assistentes de direção e covers protagônicos. Compartilham cenário com figuras como Raúl Laviè, Patricia Sosa, Mora Modoy e Maximiliano Guerra.

O Auge da Carreira

O casal de bailarinos faz parte da companhia do renomado dançarino Jesus Velázquez. Participam do lançamento de Triller L`Oreal Argentina no Teatro Astral. Apresentam-se ao lado do cantor e ator Juan Darthes em seu show.

Setembro de 2009: Estreiam Memorable como protagonistas ao lado de Raúl Laviè e MiguelAngel Cherutti. Em novembro de 2009, eles fizeram uma turnê com a Tango Seduction Company na Coréia, Croácia, Eslovênia, Romênia, Bósnia e Sérvia.

Outubro 2010: Participam do show do Bicentenário Argentino no Stade de France (Paris) com Walter Rios.

Em janeiro, fevereiro e março de 2011 fazem a turnê “Minón” com os campeões mundiais do tango no Japão junto com a orquestra “Color Tango”.

Em maio deste ano, eles estrearam “Madero Tango, onde o tango vive” como primeiros dançarinos.

Desde 2012, Marcos e Louise fazem parte da companhia Tango Fire, turnê pela China, Filipinas, Suíça, Japão, Austrália, EUA, Canadá. Finalistas do reality show Q?VIVA The Chosen por Jennifer Lopez e MarcAnthony.

2013: Integram o elenco de “Stravaganza Tango” de Flávio Mendoza com papel de destaque. Tour “TangoFire” em Londres. Eles fazem parte do elenco da famosa casa “Señor Tango” e atuam como assistentes coreográficos.

2014: Tour Tango fire África do Sul, China, Malásia.

2015: Tour Tango fire UK, Japão.

2016: temporada na cidade de Carlos Paz com Stravaganza Tango onde Louise ganha o prêmio Carlos de Melhor Dançarina da temporada.TourAustralia, TangoFire.

2017: Señor Tango, Buenos Aires, Brasil. Tour Tango Firea Reino Unido, Grécia, Suíça, Canadá, EUA, Coreia do Sul.

2018: Tour pelos Estados Unidos com Tango Fire. Idealização e Direção de Cabaret Show em Curitiba – Brasil. Apresentação do encerramento do Campeonato Mundial de Tango 2018 com Germán Cornejo Dance Company 2019: Luxembourg Tour, Londres com Tango Fire Tango Porteño, Buenos Aires. Homenagem a KarlFor Ever em Paris com Germán Cornejo DanceCompany. 2020: Tour pelo Reino Unido, Mônaco.

Louise Junqueira Malucelli Responde

Como você se sentiu emocionalmente ao ser eleita campeã de sua modalidade no Concurso Mundial de Tango?
R: Eu me senti muito orgulhosa; muito feliz juntamente com o Marcos quando a gente recebeu a notícia que o público nos escolheu os campeões este ano, porque normalmente não é o público que escolhe. Esta edição do Campeonato Mundial de Tango foi diferente por causa da pandemia. Foi um júri que pré-selecionou os finalistas; são duas modalidades, Tango em Cenário e Tango de Pista; nós ganhamos na modalidade Tango de Pista. O júri escolheu os primeiros dez finalistas; nós ficamos em quinto lugar, e depois o público foi quem escolheu o campão. Nossa… ficamos muito felizes; normalmente o Mundial de Tango é realizado num lugar muito grande, que é o Luna Park, aqui em Buenos Aires. Dessa vez nós estávamos aqui na sala da nossa casa recebendo essa notícia, mas mesmo assim foi uma honra realmente.

Você fixou residência em Buenos Aires atraída pela dança do tango ou foi por outra razão?
R: Eu vim para Buenos Aires no ano de 2005, faz 15 anos; eu fazia lá já tango em Curitiba, eu nasci em Londrina, mas morei muitos anos em Morretes, minha família toda é de Morretes, Paraná, uma cidade super turística. Na verdade eu já fazia Jornalismo na PUC de Curitiba e resolvi juntar as minhas duas paixões, que são a comunicação e a dança, e vim fazer aqui em Buenos Aires um intercâmbio de oito meses. Obviamente eu já dançava tango há muitos anos, desde os 14 anos.

Com que idade despertou em você o interesse pela dança?
R: Eu comecei a me interessar pela dança aos cinco anos, porque eu fiz ballet clássico; depois estudei danças clássicas no Teatro Guaíra e aos 14 anos, como já foi dito, comecei a dançar tango. Na verdade, eu comecei a dançar tango porque eu deixei o clássico aos 14 anos, mas eu não queria deixar de dançar. Então eu procurei uma escola de danças em Curitiba e, no momento em que eu cheguei, estavam dando uma aula de tango. E eu me apaixonei pelo tango, era adolescente, e a partir daí não parei mais. Ao longo desses anos, eu tive a oportunidade de dançar várias modalidades de tango. Normalmente, eu trabalho mais com o Tango de Cenário, que é o tango show, porque nós realizamos turnês fora da Argentina. Eu trabalho com uma companhia que se chama Tango Fire, teve uma produtora australiana, e normalmente nós trabalhamos realmente com o Tango em Cenário, mas amo o Tango de Salão, que é muito mais social, improvisado, mais clássico.

Música, pintura, teatro, mundo fashion já figuraram ou figuram no elenco de suas vocações?
R: A música sempre esteve presente em minha vida. Minha mãe é pianista e dá aula de pintura, minha avó era cantora, meu bisavô era maestro de orquestra. Então a arte em si sempre foi parte da minha vida.

Alguém de sua família a incentivou a entrar para o mundo da dança?
R: Minha grande incentivadora foi a minha mãe. Obviamente, eu sempre fui muito persistente naquilo que eu queria fazer. Minha mãe sempre me apoiou tanto no Brasil, me levando nas aulas de dança no Teatro Guaíra, meu irmão e meu pai também foram grandes incentivadores. Até ela teve essa ideia de eu fazer o intercâmbio na Faculdade de Comunicação, aqui na Austral, em Buenos Aires, para também continuar aprendendo e me especializando no tango.

Quando entra no palco para dançar artisticamente ainda bate aquele friozinho na barriga?
R: Sempre bate um friozinho na barriga. Acho que quem fala que não está mentindo, sempre tem aquela adrenalina antes de entrar, mas a melhor parte é quando você entra realmente, daí é como se você estivesse na sua casa, você se sente confortável, na verdade estando no palco, porque é um lugar onde a gente sempre esteve; aí já passa aquele friozinho na barriga.

Na sua opinião, que país incentiva mais as artes coreográficas, o Brasil ou a Argentina?
R: Ambos os países incentivam. Obviamente que na minha área, que é a área do tango, a Argentina é a líder mundial; mas o Brasil também tem grandes companhias tanto de contemporânea como de clássicos, tem grandes festivais, o Bolshoi, que tem sede no Brasil. Então sim, o Brasil é um grande incentivador das artes.

Você é uma mulher bonita. Acredita que a beleza contribui de alguma forma para a “abertura de portas” na carreira de dançarina?
R: Eu acho que uma pessoa pode ser bonita por fora, mas eu não acho que isso seja a chave para você conseguir realmente as coisas na sua vida. Talvez num concurso de beleza, etc. Obviamente que, ao estar exposto em cima do palco, você tem que cuidar da forma física e da imagem no geral. Mas eu acho que as principais e fundamentais características de uma pessoa, para que abram as portas, é a disciplina, a constância, a paixão pelo que faz e também a paciência.

Considera que a vida de bailarina ou dançarina requer sacrifício alimentar semelhante ao de uma modelo, para manter o padrão físico ideal?
R: É diferente. Eu estudei nutrição holística num instituto de Nova York que se chama Health Coach, conheço bastante tudo que tem a ver com alimentação, mas eu considero que a alimentação em si não é só um padrão físico, é nem só o que a gente come, senão como nós nos alimentamos em relação ao nosso entorno. Às vezes têm pessoas que comem perfeitamente bem e têm um ótimo estado físico, mas mentalmente não se sentem bem ou se sentem tristes e eu acho que realmente ser feliz naquilo que a gente faz é o primordial na vida de qualquer um. Pessoa ou profissional; você gostar do que faz, para mim é mais importante do que qualquer padrão físico.

Qual é o seu nível de emoção quando recebe prêmios naquilo que mais gosta de fazer?
R: Eu me sinto muito feliz ao receber prêmios. É como se fosse um agradecimento do universo ao esforço e à dedicação, mas eu acho mesmo que o grande prêmio está no dia a dia, o prêmio é quando você se sente bem por fazer o que você ama, o prêmio vem das amizades que você celebra e conhece ao redor de toda a sua vida. O prêmio real são essas conquistas, essas pequenas grandes vitórias do dia a dia.

Quem você apontaria como maior dançarina de tango na atualidade?

R: Meu Deus… tem muitas, que são excelentes, maravilhosas, talentosas. Tive o orgulho ao longo da minha carreira de trabalhar com grandes bailarinas maravilhosas. Tem uma em especial que eu tive o prazer, no ano passado, de compartilhar o palco com ela, que foi minha grande inspiração ao longo de todos esses anos, que se chama Karina Piazza. É uma grande bailarina e uma pessoa maravilhosa, um ser humano maravilhoso.

A que companhia de dança você pertence e em que países do mundo já fez apresentações?
R: Eu danço atualmente numa companhia que se chama Tango Fire, dirigida por German Cornejo’s, um grande diretor, coreógrafo e companheiro. Já estou nessa companhia junto com Marcos há nove anos e já fizemos apresentações em vários países, nos Estados Unidos, no Canadá, na China, na Coreia do Sul, em Paris (França), na Inglaterra e em vários lugares.

Em quais casas de tango de Buenos Aires você se apresenta mais frequentemente?
R: Eu já me apresentei em várias casas de tango de Buenos Aires. Me apresentei em Madero Tango, fui parte do elenco e também fui primeira bailarina por oito anos no total, que eu e o Marcos estivemos no elenco de Madero Tango e em alguns desses anos fizemos parte como primeiros bailarinos. Fizemos parte também do elenco do Señor Tango no qual fomos assistentes coreográficos e de direção. Também dançamos no Faena, que é o Tango Rojo, Tango Hotel Faena; fizemos parte desse elenco, e também fizemos parte, uma pequena temporada, do Tango Porteño.

Você definiria o tango como um gênero musical romântico e tipicamente sensual?
R: Eu acho que o tango é muito mais que um gênero, em si, musical. Tango eu definiria mais como a dança, a música e a poesia. Obviamente é um estilo, um gênero romântico, eu acho que justamente pela forma como é dançada, abraçada, e também pelo estilo do vestuário, estilo dos movimentos difíceis. Então eu considero que é muito romântico, muito forte e muito visualmente atrativo.

Além de dançarina, você atua no mundo da dança como professora ou empresária?
R: Sim, eu o Marcos somos professores e também coreógrafos, além de bailarinos e também já produzimos alguns espetáculos.

Que conselho você daria a uma criança ou adolescente que descobriu sua vocação para a arte de dançar?
R: A dança traz alegria, não só alegria mas também disciplina, e te ensina muitos hábitos maravilhosos. Então eu aconselharia que, por exemplo, os pais de crianças que têm essa atração, essa vocação pela dança, que experimentem diferentes gêneros, diferentes estilos de dança, porque às vezes a gente acha que é só o ballet. Eu acho o ballet importantíssimo como base para dançar qualquer dança, mas existem muitos outros estilos de danças que são maravilhosas. Então eu acho que uma criança que recém começa tem uma boa base, mas também deve experimentar outros estilos de dança.

Bate-Bola com Louise Malucelli

Doce recordação? Eu sempre me lembro das vezes em que meu pai e minha mãe estiveram presentes quando eu estava dançando. Isso sempre me marcou muito, e quando meu irmão também teve a oportunidade de me ver dançar pela primeira vez.

Amigo ou amigos para sempre? Meu grande companheiro de vida e de profissão, o meu amigo inseparável, o meu marido, o Marcos, que eu amo tanto, e minha família, que são amigos para sempre. E também tenho vários amigos no meio, que são meus companheiros da Companhia Tango Fire.

Viagem inesquecível? Nossa, várias. Teve uma, em especial, que marcou para mim, que aconteceu no Japão. Nós estávamos em Tóquio justamente no horário em que aconteceu o grande terremoto do Japão nós estávamos dançando. Então para mim foi inesquecível, porque eu nunca tinha visto um terremoto, e todas as pessoas foram muito solidárias conosco.

Viagem sonhada? Sempre quando nós vamos a Londres; é um dos lugares que eu mais amo, além da minha terra natal. Minha terra para mim, que é Morretes, é o lugar mais lindo deste mundo inteiro. Amo a natureza, e o segundo lugar é Londres que eu amo muito também.

Superstição? Eu não sou supersticiosa, mas eu sempre rezo e falo algumas palavras antes de entrar no palco.

Número de sorte? Meus números da sorte eu considero que são o 9 e o 11.

Principal hobby? Meu primeiro hobby é dançar.

Cor preferida? Eu acho que é o amarelo. Eu amo o amarelo.

Prato preferido? Esse você me pegou, pois têm vários. Eu amo panqueca de banana… amo.

Time do coração? Nossa… eu sou atleticana; o Athletico Paranaense.

Cantor ou cantora brasileiro (a)? Marisa Monte, Caetano Veloso. Amo… amo Sampa, amo essa canção, amo muito. Mais o Gilberto Gil, esses três grandes cantores para mim são maravilhosos… maravilhosos mesmo.

Cantor ou cantora internacional? Eu sou muito fã, sempre fui fã toda minha vida de dois grandes artistas. Num primeiro momento Michael Jackson sempre foi para mim uma coisa, nossa, sempre foi muito importante quando eu era pequenininha. E, com certeza, Freddie Mercury, para mim outro grande… grande… grande artista.

Filme? Guerreiro Pacífico. Me marcou muito.

Livro? The Universe Has Your Back (Gabrielle Bernstein). Amo esse livro, é um livro que me acompanha sempre.

Quem é na essência Louise Junqueira Malucelli? Louíse é uma lutadora. Uma pessoa que sempre está procurando aprender e melhorar a cada dia, sempre tentando ver os obstáculos como uma oportunidade para crescer e sempre ser um ser humano melhor.

Projetos? Projetos, atualmente. Complicado projetos atualmente, Lino, porque nós estamos vivendo a pandemia e normalmente nossos projetos são fora do país. Mas o meu projeto atual, primeiro é desfrutar o momento e continuar aí ensaiando e dando aulas; esse é o meu projeto a curto prazo

Considerações Finais

Muito obrigada, Lino. Espero que essa entrevista sirva para você. Espero que goste de focalizar aí as respostas. Qualquer coisa estamos à disposição. Tá bom? Um abraço.

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