A entrevistada da Série Personalidades é o Poeta, Escritor e Juiz Federal Marcos Mairton.
Entrevista Exclusiva – Nelson Valente e Gilberto Vieira de Sousa
Marcos Mairton é Cearense de Fortaleza, iniciou sua carreira na literatura escrevendo cordéis e depois passando para outros estilos, como contos e crônicas. Entre as várias obras publicadas podemos citas: “O advogado, o diabo e a bengala encantada”, “A sentença”, “Justiça Federal: origem, interiorização e chegada ao Cariri”, “Uma sentença, uma aventura e uma vergonha”.
Iniciou sua alfabetização em uma escola pública de Fortaleza, em 1971, quando tinha apenas quatro anos, mas consta que, por esse tempo, já lia fluentemente, pois, segundo seus pais, aprendeu a ler aos três anos de idade. Sua formação acadêmica é em Direito, sendo Bacharel pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR, mestre em Direito Público pela Universidade Federal do Ceará – UFC, e MBA em Gestão do Poder Judiciário, pela Fundação Getúlio Vargas – FGV. Juiz Federal desde abril de 2001, antes foi Advogado, Procurador do Banco Central e Advogado da União. Desde 2005 vem ampliando cada vez mais sua produção literária.
Confira a entrevista:
Gibanet: O senhor segue uma rotina quando está escrevendo um livro?
Marcos Mairton: — Lembro que, quando escrevi “O Quilombo do Encantado”, em 2009, consegui seguir razoavelmente uma rotina, que consistia em sair do trabalho no começo da noite, comer alguma coisa e me trancar no quarto, para escrever até meia-noite ou um pouco mais. Mas, na época, um conjunto de fatores me levou a isso: estava trabalhando em Sobral, enquanto a família havia ficado em Fortaleza; o flat em Sobral era razoavelmente confortável; a editora estava me cobrando a conclusão do livro, porque pretendia utilizá-lo para fins didáticos. Considero que a fórmula deu certo, porque no ano seguinte o livro já estava publicado, e, em 2012, foi incluído noPrograma Nacional Biblioteca na Escola (PNBE 2012). Acredito que terei que seguir uma rotina assim, quando resolver concluir meu primeiro romance, que comecei há alguns anos, mas parei no capítulo 3. Por enquanto, sigo escrevendo contos, crônicas e cordéis, sem uma rotina definida. Quando reúno material suficiente, submeto à editora — preferencialmente à IMEPH, que edita meus livros desde 2008 — ou lanço um e-book.
Gibanet: Quem são seus escritores favoritos?
Marcos Mairton: — Gosto muito de Gabriel Garcia Marquez, Miguel de Cervantes e Machado de Assis. Fiódor Dostoiévski é incrível, mas não consigo ler suas obras no original, então fico inseguro para opinar. Apesar que também não leio em francês, e acho os contos do Guy de Maupassant fantásticos. E tem as crônicas de Fernando Sabino e Rubem Braga que também são imperdíveis. São os autores que me vêm à mente agora…
Gibanet: O senhor poderia recomendar três livros de sua autoria aos seus leitores, destacando o que mais gosta em cada um deles?
Marcos Mairton: — É difícil escolher, dentre meus próprios livros, algum para destacar, mas tentarei fazer isso usando critérios externos à minha preferência pessoal. Nessa linha, acho que “O Quilombo do Encantado” merece uma referência especial, porque, além de ser um conto extenso, praticamente uma novela, baseado em elementos históricos, tem o reconhecimento oficial do Ministério da Educação, que o distribuiu em escolas de todo o Brasil, em 2012, através do PNBE, e da Secretaria do Estado da Bahia, que o adquiriu em 2016, para bibliotecas daquele Estado. “Uma aventura na Amazônia”, de 2008, é um livro para crianças, que se tornou material paradidático em inúmeras escolas, especialmente do Nordeste, nos últimos dez anos. Recentemente, fui a um município do Ceará, onde os estudantes me fizeram uma homenagem emocionante. O professor Carlos Nogueira, da Universidade Nova Lisboa, cita “Uma aventura na Amazônia” em diversos artigos sobre ecologia e educação ambiental, além de palestras proferidas em Portugal, Espanha e França. O terceiro destaque seriam as “Breves Anotações de um andarilho”, que é o meu livro físico mais recente, lançado ano passado, composto de 70 microcontos selecionados, acompanhados das belas ilustrações do Valderio Costa. E, para os leitores mais apressados, temos os e-books, que podem ser baixados imediatamente do site da Amazon. Contos de amor e traição, em “A manicure”; contos de mistério, em “A filha da cartomante”, e causos jurídicos, “Crônicas Forenses”.
Gibanet: Se o senhor não fosse um escritor e pudesse escolher qualquer emprego, profissão ou carreira, o que você faria e por quê?
Marcos Mairton: — Bem, para responder a essa pergunta, acho que devo abstrair o fato de ser juiz federal. Nesse caso, minha primeira opção seria jornalista. Sempre fui atraído pela atividade de apurar os fatos e levá-los às pessoas. Na verdade, não descarto a possibilidade de, após deixar a magistratura, fazer jornalismo de opinião, comentando alguns acontecimentos, sobre os quais evito falar atualmente, devido a limitações legais e ética. Mas, se tivesse que escolher um trabalho que não incluísse a escrita, ficaria feliz pesquisando espécies desconhecidas de plantas e animais.
Gibanet: O senhor mantém um leitor ideal em mente quando escreve?
Marcos Mairton: — Não idealizo um leitor específico. Por outro lado, dependendo do texto, sei que o público varia. Consigo observar isso ao publicar em minha coluna no Jornal da Besta Fubana, no LinkedIn e no site JusBrasil. Então, quando escrevo histórias pitorescas da vida forense, por exemplo, permito-me utilizar alguns termos característicos dos profissionais do Direito, mas não abro mão de elaborar um texto acessível a quem não seja da área jurídica.
Gibanet: Suas considerações finais.
Marcos Mairton: — É sempre um prazer falar sobre nossas iniciativas no campo da literatura. Aliás, é um prazer criar o texto, imaginar o roteiro, descrever os cenários, dar vida aos personagens; como também é prazeroso ver o texto publicado ou saber que um livro nosso está sendo lido. Meus primeiros passos literários foram na literatura de cordel, então, tenho ainda o prazer adicional de apresentar esses textos, na forma oral, declamando os poemas diretamente para o público. É impressionante a força que tem tem a linguagem rimada e metrificada, quando apresentada oralmente. Em eventos como feiras de livros, as pessoas se aglomeram para ver e ouvir as declamações dos cordelistas. Por tudo isso, a atividade literária é, para mim, algo muito prazeroso. Mas, independentemente disso, vejo a literatura — e as artes, em geral — como um meio eficaz para cada um de nós se afastar do mundo real, e visitar um mundo imaginário, no qual podemos rir, chorar, nos emocionar, e extrair dessa experiência lições que nos permitem viver melhor no mundo real. Isso vale para quem escreve o texto, e também para quem o lê, porque, como se sabe, uma obra de arte só está completa quando é apreciada. O leitor completa o texto, ao lê-lo; o ouvinte completa a canção, ao ouví-la; e assim por diante. Completa com o quê? Com sua própria experiência de vida, seus sentimentos, sua realidade social. É assim que a arte nos aproxima e nos torna mais humanos.
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