(*) Nelson Valente
Marketing é uma palavra cercada de mistérios. Não se sabe bem se é uma filosofia empresarial ou uma função gerencial.
É um termo abrangente, que pode abarcar todo um processo de que fazem parte a promoção, a propaganda e vendas.
O ex-presidente Jânio Quadros, que era um craque em marketing político, dizia: “80% do sucesso é aparecer. Se não saiu na mídia, não aconteceu”. Vender o peixe do que se está fazendo, em última instância. Só não se pode criar exagero, sob pena de passar do ponto.
Veja-se o caso da educação. Muitos criticam a sua falta de força política. Seria ausência de marketing.
Outros consideram exagerada a política de construção de Ceus, Cieps e Caics. Seria mero exercício de marketing pedagógico. Entre uns e outros há de existir um meio-termo.
O marketing não se estabelece para que as linhas de ação de determinado empreendimento simplesmente apareçam. Seria amesquinhar a sua importância. Ele é muito mais profundo e há razões sólidas que justificam sua adoção.
O povo brasileiro considera a educação como principal fator de mudança na sociedade.
Por falta de marketing e a existência de circunstâncias sobre as quais não se tem domínio, como é o caso da segurança e da saúde, a educação passou a uma posição secundária, o que dificulta considerá-la prioridade.
Para o leigo, ela deixou de ter a mesma importância de dez ou 15 anos atrás.
Entre as reformas preconizadas para a educação brasileira, seria originalíssimo pensar numa estratégia de marketing que valorizasse a vontade política do país, no sentido de dar à educação a precedência que lhe é devida.
Só assim, viveríamos novos tempos de esperança, no setor que é fundamental para o nosso crescimento rápido e autossustentado.
(*) é professor universitário, jornalista e escritor.