Tudo o que eu mais gostaria hoje – “Dia dos Pais” – era ter o meu pai junto a mim, para poder presenteá-lo, abraçá-lo e lhe dizer que minha gratidão e minha admiração por ele continuam as mesmas dos meus tempos de guri. Como não o tenho, posto que somos passageiros, confortam-me as preces e as velas, nesse Dia que lhe é dedicado. Mas hoje eu vou um pouco além. Quero homenageá-lo com esse texto, que não é crônica, não é artigo e nada que tenha a ver com a minha condição de comunicador. É simplesmente uma declaração pública de amor.
Quem foi meu pai ? Seu nome era João. Aos 17 anos, deixou a casa grande da fazenda de seus pais, em Camaquã, na zona Sul do RS, no afã de “conhecer o mundo” e “trabalhar por conta própria”, como se dizia antigamente. Com 25 anos, casado e pai de três filhos, ingressou como operário do subsolo numa mina de carvão em Arroio dos Ratos (60 Km de Porto Alegre), onde, três anos depois, sofreu um acidente que lhe custou a perda de um pé.
Com pouca escolaridade, mas alfabetizado o suficiente para ler e escrever “para o gasto”, satisfazia sua curiosidade lendo tudo quanto lhe estivesse ao alcance da mão. Por isso, revelava um nível de conhecimento geral surpreendente, se comparado ao seu grau de estudo. Para todos os questionamentos propostos, sempre tinha uma resposta rápida e lógica.
Foram várias as ocasiões em que impressionou pessoas de nível intelectual mais elevado, com colocações lúcidas e objetivas. Em uma delas, fez um médico mudar seu parecer, em menos de cinco minutos. Ocorreu, quando submetia-se ao laudo pericial para a aposentadoria, após trabalhar cerca de dois anos no relógio-ponto da empresa mineradora, usando perna mecânica, para completar cinco anos de trabalho, tempo mínimo exigido na época para se aposentar por invalidez.
O exame deveria ser mera formalidade, pois a deficiência física que possuía era incompatível com a atividade de mineração. Seu trabalho complementar no relógio-ponto fora uma exceção aberta pela empresa, para lhe proporcionar a oportunidade de completar o tempo para aposentar-se. Praticamente um gesto de humanidade do engenheiro-chefe da mina, que lhe prometera, no leito hospitalar, logo após a amputação do pé, que a empresa não o abandonaria.
Distraído – sabe-se lá por que motivo – o médico examinador disse então ao meu pai que o deixaria “encostado” no Instituto de Aposentadoria (hoje se diz “em laudo”) por seis meses, como se, dentro desse prazo, o mal “diagnosticado” pudesse ser curado, permitindo ao paciente voltar ao trabalho.
Depois de uma boa gargalhada, meu pai perguntou ao seu examinador: “Doutor, o senhor já viu um pé de bananeira brotando ?”. “Não, pois banana não tem semente”, respondeu o médico . E lhe fez outra pergunta: “O senhor acredita que o Catarino Andreatta – campeão de automobilismo na época – teria chance de ganhar uma corrida pilotando um carro, faltando uma roda ?”. “Claro que não” , disse o doutor, indagando a seguir: “Mas por que as perguntas ?” A resposta veio em forma de demonstração. Meu pai tirou a perna mecânica, mostrou-lhe o motivo do pedido de aposentadoria, dizendo-lhe em tom joscoso: a esclha é sua. “O senhor quer me aposentar como sendo um pé de bananeira ou um automóvel de três rodas ?”
E o médico sentenciou: “Seu João, o senhor acaba de se aposentar. Desculpe a minha distração por não ter consultado sua ficha médica antes de lhe examinar”.
E meu pai concluiu, dizendo com certa ironia: “É bom que o senhor examine, de verdade, o próximo cliente. Afinal, ele pode ter uma doença curável e morrer disso, por falta de uma diagnóstico decente”.
Agrego a esses comentários de 2011 minha homenagem, pela passagem hoje, a 24 de fevereiro de 2017, do Centenário de nascimento de meu querido e saudoso pai. Que Deus o tenha no domínio dos bons e justos e lhe permita a felicidades do plano imaterial como recompensa pela passagem digna na vida terrena. Parabéns, meu pai JOÃO.
GOSTARIA DE CONTATO COM LUIZA ORCY – URGENTE – ESTOU BIOGRAFANDO A VIDA DO DR FRANCISCO ORCY – carlosfonttes@ibest.com.br
Caro Juscelino. Chamá-lo de tio seria natural, posto que és irmão de meu saudoso pai, a quem homenageio nesse texto. Mas, como te conheci ainda menino, já que sou mais velho do que tu, prefiro trocar a formalidade do tratamento pela amizade do bem querer. Muito obrigado por tuas manifestações de apreço àquilo que escrevi, o que demonstra o grande coração que bate dentro do teu peito, haja vista que provas com isso que, mesmo não tendo sido criado com o meu pai, embora irmão consanguíneo, nutres pela memória dele um amor familiar, que aliás se estende aos meus demais familiares. Isso é muito bonito e serve de exemplo para muitas famílias, que vivem em atrito, muitas vezes nutrindo sentimentos menores como o ciúme e a inveja. Assim como o primo Delmar, também és um exemplo de dignidade e perseverança, pois consegusite vencer e te tornar um empresário bem sucedido, tendo inclusive sido lembrado para conocorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa gaúcha, só não se elelgendo, porque essas coisas, no Brasil em que vivemos hoje, parece ter virado privilégio daqueles que aderem a certos procedimentos via de regra incompatíveis com a dignidade de quem se torna candidato pensando em servir à Pátria e não servir-se dela, algo que, tenho certeza, foi o que te inspirou a se lançar candidato naquela eleição. Obrigado por tua gentil e oportuna participação e um grande abraço nos familiares, que considero também pessoas queridas da minha família.
Nobre sobrinho Lino Hercílio Tavares de Souza, li o texto que homenageou teu pai e meu irmão de sangue o Senhor João Gonçalves de Souza, que descansa no Senhor. Sei o que sentiu na passagem do dia dos pais, pois também queria esta com meu pai e teu avo o Senhor Lino Marques de Souza, e abraçar com muito carinho. Fizeste-me lembrar da tua mãe e minha cunhada e grande amiga a Senhora Manuela, eu sempre que tinha oportunidade ia visitar. Ambos digo, o João e a Manoela eram e sempre serão pessoas majestosas e também foram pais maravilhosos, pois souberam criar e educar uma linda e abençoada família. Mais eu sempre digo que as pessoas que amamos nunca morrem estão sempre vivas em nossas memória e coração. Também gostei do que o Delmar expressou no texto que te mandou tenho certeza que falou de coração. Quanto o texto que tu escreveste foi magnífico, pois não poderia ser diferente és um homem inteligente e com sentimentos incontestáveis.
Grande Abraço.
Juscelino V. Marques.
Primo e amigo Delmar.
O que meus saudosos pais fizeram por você deve representar hoje para eles, no outro plano, na colheita abundante de uma existência feliz. Tudo o que foi feito, para ajudá-lo naquele momento difícil de sua vida, não foi mais do que o fiel cumprimento de um dever cristão, que consiste em ajudar ao próximo, sempre que tal possibilidade nos esteja ao alcance da mão. Por outro lado, está provado hoje que valeu a pena, porque aquele menino vitimado por uma moléstia que lhe subtraiu um mebro inferior, foi valente o suficiente para superar tal óbice, crescer, vencer e se tornar um belo exemplo de dignidade e perseverança a todos quantos, respaldados pela fé, acreditam que nada neste mundo será capaz de brecar os passos de um bravo, quando carrega dentro do peito a certeza de que tranformar o sonho em realidade é apenas uma questão querer, apostando em si mesmo e marchando na direção do bem comum e da solidariedade humana. Grande abraço e obrigado por sua manifestação de apreço, em função do meu comentário.
Hercílio, gostei muito do seu texto que homenageou o seu finado Pai e meu tio, João Gonaçalves de Souza, “in memorian”, a quem devo milhares de favores, por tanta benevolência dele e sua finada Mãe, Dona Manoela, não só por ajuda deles por ocasião da moléstia que resultou na amputação do meu membro inferior direito, mas pelas belas pessoas foram. Além de incansáveis amigos dos meus Pais, Serafim (Gurizinho) e Olívia.
Associo-me à brilhante e merecida homenagem que Você fez a Ele.
Forte ABÇ.
Delmar Antonio Marques de Souza.
Nobre Homero Dr. Orcy. Primeiramente você poderia ter se referido a mim de forma menos formal, primeiro proque não sou “caro jornalista”, pois exerço tal atividade por pouco dinheiro; segundo porque, tendo vestido a mema farda e servido nos mesmos quartéis, onde muito dividimos bola, com você levando a melhor, somos irmãos. Sua orgiem paterna não o diminui. Muito pelo contrário, o engrandece, porque nascer e crescer na dificuldade e acabar vencendo na vida é uma virtude imensa, bem diferente do que nascer em berço de ouro e vencer e também vencer, que não passa de mera obrigação. Parabéns por sua bonita história !
Caro Jornalista L. Tavares. Eu sou órfão de pai…(filho das macegas…); Através de uma tia, descobri que o “autor” genético da minha reencarnação era um médico cardiologista…chamado Francisco Orcy (i) único cardiologista, à época, em Uruguaiana. Minhas primas me chamavam de Homero Dr. Orcy…
Fui matriculado no primeiro ano primário numa escola particular..
A minha professora, e Diretora desta Escola, começou a indagar o nome de cada aluno para a lista de chamada…;quando chegou a minha vez, ela perguntou todo o meu nome, e eu, na maior inocência, respondi, todo orgulhoso:-Homero Dr. Orcy! Que mico paguei…todo mundo caiu na gargalhada, e demorei um tantinho, para descobrir “o por quê?” O que fazer, caro amigo, são coisas da vida. abrçs: Homero Dr. Orcy eheheh
Caro Homero Dr. Orcy, :-)
Me “assustei” em ler o nome Francisco Orcy. Me assustei porque o tal Francisco Orcy que o senhor se refere, o único cardiologista na epoca em Uruguaiana é meu avô a quem eu não tive o prazer de conhecer! Então acho que sou sua sobrinha! :-) Um abraço! Luiza
Caros Homero e Débora. Embora com enfoques diferentes, vocês dois valorizaram a minha homegem ao Papai da Terra, porque certamente nutrem o mesmo sentimento de amor e gratidão em relação a seus amados genitores.
Obrigado pelas sábias e profundas colocações, que são uma demonstração de que a noção de família ainda está arraigada em nossos espíritos, constituindo-se naquela fortaleza do bem, capaz de impedir essa onda de desmantelamento familiar hoje provocada por maus governantes, numa parcereia macabra com degenerados e marginalizados da fé cristão. Grande beijo em vossos corações . Lino Tavares
Querido mano Hercílio, realmente foi dolorosa a “prova” pela qual teu “babai” João, passou…Mas como sabes…que nada na vida acontece por acaso, o sofrimento pelo qual temos que passar, neste planeta de provas expiações, é o buril que transforma um “carvão”, em precioso e cobiçado diamante…
Com relação ao médico, lembrei daquele que estafado de tanto trabalhar, foi “substituído” por JESUS…; uma fila enorme se postava frente a porta de entrada do consultório…um paciente, paralítico, sentado numa cadeira de rodas, foi chamado e atendido pelo “médico” recém chegado, que lhe disse:-Levanta e anda! O paciente admirado, abandonando a cadeira, dirigiu-se feliz à porta de saída; quando o primeiro da fila de espera perguntou-lhe:
“- Mas que tal, tchê, o novo médico??
“- Igual os outros…nem me examinou….”
Já mandei I-mail felicitando …”, mas reitero, um permanente “Dias dos pais” . Um abração caloroso do ” Neymar” do DRAM/3 eh eh eh eh hac
Não sei se foi ironia, mas se é sincero gostei! Que pena que quando homenageiam os pais que abandonam seus filhos, quase ninguém fala nada e deveriam falar muito mal, pois para mim dia dos pais é todos dia ali cumprindo com as obrigações e não abandonar só com as mães para esta criar sozinha…. Eu penso comigo… é que tem um monte desses infelizes por ai que não merece ser chamado de pai.. Um abs
Obrigado amigo Queiroz !
Não é a primeira vez que nos despertamos mútua emoção. Nossa passagem pela caserna também nos proporcionou coisas assim, servindo a Pátria, às vezes longe do aconchego familiar. Suas considerações enriquecem sobremaneira essa homengem, que estendo a todos os pais. Abraços. Lino
Muita emoção me causou, veio as lágrimas porque tive e tenho a alegria de conhecer o filho do “seu” João e a honra de conhecê-lo. Feliz dia dos pais.que não mais existem. O meu foi assim, com a verve do homem do agreste, de Camarão e povo pernambucano Abraço a esses bravos “jooes” Feliz Dia dos Pais. Queiroz