Maria Marçal
.
Ah! quanta saudade de nossa mesa em família, onde todos não iniciavam a comer enquanto o ‘dono da casa’ não sentava;
A comida feita com primor pelas nossas mães, que poderiam até não saber cozinhar ou não ter o dom dos bons talheres, mas era dela!
Ah! quanto saudosismo dos risos, das repreensões do ‘patrão velho’, que não nos permitia sair da mesa enquanto não deixassemos o prato limpinho;
Que ônus a vida nos trás vendo-nos crescidos e distantes da companhia daqueles irmãos de sangue, ainda sem os vícios da modernidade desnuda;
A mesa de antigamente vinha com o tempero do respeito, eis a diferença da atual;
Comíamos, rezávamos e não tínhamos timidez para dizer a mãe que aquele almoço/janta estava bom demais, tornando as refeições em família um momento de conciliação, sem ainda termos noção de que, num futuro incerto, perderíamos alguns de seus pares, senão todos.
Ah! que tempos aqueles em que uma mesa dominical era sinônimo de união com a simples desculpa
– Vou assar uma carninha, tá pessoal?!!
– Vocês querem?!!
E lá íamos ajudar a mãe a preparar a salada de tomate, chorando ao cortar a cebola; fazer a maionese, cozinhar o aipim sem esquecer das entradinhas de bate-papo: pepino, azeitonas e palmito.
Ah! que saudade daquela mesa completa: pai, mãe, irmãos, avós…
Nesses dias de computadores, de tvs por assinatura, a mesa não comporta mais o rigor dos horários, aguardar a chegada do ‘dono da casa’, bem como se desconhecesse os segredinhos do bem viver, aplicados pelo arroz soltinho, o picadinho de carne, o feijão fervilhando, o bife ao ponto …
Hoje o prato é guarnecido para sair ao trote (como se diz aqui nos Pampas).
Ah! que saudade daquilo tudo…
Como diz Michel Teló: – ah! que delícia.
No entanto, prefiro Nelson Gonçalves, por que?
– Porque esse é eterno!
.
.
.
Maria Marçal é idealizadora e administradora do blog Maturidade