Nós, os trabalhadores “jumentinhos” 3

*Por Alexandre Core

Não entendo a gritaria dos verdadeiros cidadãos da oposição – uma vez que não dá para dizer que restaram políticos de oposição nessa República de Bananas – quanto à declaração do neto do Brasil, Marcos Cláudio Lula da Silva, tratando a imensa minoria de brasileiros que não concordam com os tratamentos dignos de realeza que são dados a todos do circulo interno de Vossa Majestade Luiz Ignorácio II de “jumentinhos”.
Particularmente, não me ofendi. No meu caso, ser chamado de “jumentinho” sempre foi um tratamento carinhoso dado por pais, avós e tios a todo jegue até quando chega mais ou menos naquela idade crítica da asnolescência. Depois disso, é chicote no lombo e dentada nas orelhas. Coisa daqui a pouco politicamente incorreta e legislativamente proibida aos humanos no Brasil. Uma pena!
Segundo consta, o senhor Marcos Cláudio, doravante identificado apenas como “zebra”, disse no Twitter:
– O fato real é não ler esses artigos ridículos da Folha de S.Paulo e deixar só os jumentinhos continuarem crendo e seguindo… Minoria sempre.
Aos que se sentiram ofendidos por terem sido chamados de “jumentinhos”, proponho uma breve reflexão:
Nós, os jumentos, somos animais dados ao trabalho, carregamos fardos mais pesados do que nossos magros esqueletos (cerca de 5 meses de trabalho por ano só para pagar impostos), não nos recusamos a nenhuma
tarefa, puxamos carroça de sol a sol,  sob chuva forte no meio de estradas enlameadas por onde não passa veículo nenhum que não tiver tração nas 4 patas. E se a seca castiga o forte do sertanejo, lá estamos nós levando a pouca água dos açudes rasos pra matar a sede de sua família e de todos os outros animais.
Não fosse a minha conhecida modéstia, compartilharia a opinião de tantos doutos e diria que nós burros fomos realmente o primeiro motor desse país. Seja no interior, fazendo a vez de caminhão e trator muito antes de por lá chegarem essas modernidades. Seja nas cidades, onde emprestamos nosso dorso esquálido para puxar os bondes antes da luz elétrica que depois colocou outro tipo de bonde nos trilhos. E se naquela época tentassem um trem-bala entre Campinas e Rio puxado por uns 500 burros…todos magros e maltratados… não negaríamos a nossa índole, e, certamente, de alguma forma, daríamos conta do recado.
E dessas coisas que eu sempre tenho de repetir, essa é a mais recorrente: ser chamado de burro não deveria configurar como ofensa.
Às vezes, chamar algum humano de burro é que nos faz ofensa sem tamanho. Ao nos associarem com humanos que de trabalhadores e obstinados não têm nada, os outros homens nos ofendem. Logo a nós, que
de defeitos só temos a teimosia que eu ainda insisto em chamar de resiliência.
A zebra, o tal do Marcos Cláudio, neto do Brasil, filho do molusco que se acha tão acima de tudo que já pulou para a categoria dos crustáceos, foi correto ao se referir à minoria como “jumentinhos”.
Vocês deveriam era  agradecê-lo por isso, na minha eqüina opinião.
Melhor estar entre os valentes,  resistentes e trabalhadores jumentos do que no meio de zebras que se amigam com leões, de bichos preguiças que esticam suas redes em bases militares para dourar o couro amassado pelo nada fazer, de cobras que envenenam a democracia, de porcos que chafurdam no chiqueiro chiquérrimo do dinheiro público, de raposas que há anos fazem seus covis sob a Bandeira Nacional e das antas que sustentam essa farra com o seu consentimento e por sua lentidão em perceber que para elas restam apenas os farelos do assistencialismo fantasiado de solução para os complexos problemas do país.
De agora em diante, ao ser chamado de “jumentinho”, agradeça, pois no fundo isso é um elogio. Sinal de que você trabalha, puxa a sua carga com as suas próprias forças e, principalmente, não é um parasita do Brasil como esse tal de Marcos Cláudio Lula da Silva.
*Alexandre Core é dono do @Filonescio, o burro filosofo.

1 thoughts on “Nós, os trabalhadores “jumentinhos”

  1. Rose says:

    Ser chamados de "jumentinhos" por alguém que não tem a honra de ser brasileiro como a grande maioria que não se beneficiou e nem se beneficia de benesses de um cargo. Você e os demais "jumentinhos" devem devolver sim os passaportes diplomáticos, pois não lhes são de direito. Não é lícito. Sejam honestos pelo menos na saída já que não foram há muito tempo e os jumentinhos dos brasileiros ainda votando neste partido.
    Boa matéria, abraço
    Rose*

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