cadeira vazia
Lino Tavares                        

    Só o apego político ao Partido dos Trabalhadores e seus apensos de extrema esquerda pode levar alguém a defender o escândalo do mensalão,  incondicionalmente,   ainda que colidindo de frente com todas as evidências. Dizer que o mensalão teve motivação meramente política e negar a sua exisência, depois que partícipes da quadrilha, como Roberto Jefferson, o denunciaram com todas as letras é, no mínimo, tentar tapar o sol com uma rede de pescador.
    Não existe um mínimo de possibilidade de que o mensalão tenha sido uma invenção da oposição para desestabilizar o governo Lula, até porque, se o fosse, muitas propostas cabíveis de impeachment ao presidente, sob cuja aba praticava-se o ilícito, sequer foram esboçadas. Acusadores implacáveis contra o esquema criminoso, como o senador Arthur Virgília, repetiam enfaticamente que ninguém estava pensando em pedir o impeachment de Lula, o que a meu ver foi uma imoralidade e uma falta de coerência, já que o envolvimento dele no escândalo, com ou sem participação direta, confiigurava, por si só, crime de responsabilidade, posto que permitiu, por ação ou omissão, que a Casa Civil de seu governo se transformasse no “Quartel-General” da quadrilha montada, tendo como chefe supremo das ações criminosas o ministro-chefe da instituição e seu braço direito de governo.
     O julgamento do mensalão, a meu ver, qualquer que seja o resultado que venha a ter,  já naceu morto, porque, sem Lula no banco dos réus, assemelha-se a levar o pistoleiro de aluguel a julamento popular, poupando o mandante do crime de se submeter ao veredicto do tribunal do júri. Que me perdoem os que acreditam que esse julgamento da Suprema Corte poderá fazer justiça em relação ao maior escândalo de corrupçao de nossa  história republicana, mas existe um “banco vazio” naquele tribunal que iviabiliza essa possibilidade: o do “réu moral” Luiz Inácio Lula da Silva.

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Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta, compositor e um grande amigo.

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7 thoughts on “O Banco Vazio

  1. jorn. Lino Tavares says:

    Um adendo inevitável.
    Descuope, amiga Maria. Só agora, correndo a página, vi seu interessante comentário. Realmente, o teor desse artigo está contido no seu Blog Maturidade, onde me inspirei para essa matéria, na resposta dada àquele cidadão corporativista que defendendo a “tiurma do mensalão” pela singela razão de ser simpatizante do PT. Eu e você nos completamos no campo das ideias, pois somos almas-gêmeas que se encontraram por acaso, naquele cantinho de ZH onde a gente critiva os mesmos canalhas que hoje sentam no banco dos rés da Suprema Corte, certos de que nada sofrerão, além das linhas mortas de uma condenação que não levará a lugar algum, nem mesmo a uma prisão replea de mordomias, como a que habitou Maluf, recentemete, mais faceiro que pomba rola no milharal.

  2. jorn. Lino Tavares says:

    Da dsicussão nasce a luz, e, quando ela acontece entre dois iluminados, como Gilberto Sousa e Jorge Oliveira Almeida, então o que nasce é uma Usina de Itaipu, iluminando milhões de quilômetros quadrados. Como autor da matéria, que serviu de base para essa conversa afiada, tenho de concordar com as colocações feitas, até porque elas se completam no fundir das ideias. Pessoalmente, eu nem cogito saber se somos um povo honesto ou desonesto, porque “generalizar” só era bom quando os “generais” governavam este país, não roubavam, davam um chega pra lá nos comunas traidores e colocavam bandidos na cadeia para cumprir pena e não para administrar o crime organizado. O que me revolta é forma de tratamento desigual dada aos iguais pelo poder judiciário. Cadeia para crime do colarinho branco nem pensar. Para ladrãozinho de esquina, o camburão está sempre apostus.É por isso que concordo plenamente que esse julgamento do mensalão não vai dar em nada, já que supostas condenações que nele ocorrerem serão mera formalidade. Como diria Chico Anysio, E a pena…. ó !

  3. Jorge Oliveira de Almeida says:

    O Brasil é o país do faz de conta. Todo o povo sabe o que acontece na política, por detrás dos panos,e esse é o motivo pelo qual não se mostra surpreso quando provas de corrupção como essas do Mensalão são tornadas públicas. O povo se sente de certa forma partidário de tal situação, porque só é honesto porque não está no meio político, e se lá estivesse roubaria também. Não devemos esquecer que o Brasil é o país do “jeitinho”, é o país de quem quer levar vantagem em tudo, é o país de quem “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. O problema de nosso país é um problema de índole cultural, onde cada um quer ser mais esperto que o outro. É característica também do povo brasileiro querer parecer desconhecer o óbvio, como o Lula fez muito bem, e como fazem não só todos os políticos, mas também todos aqueles que, sem serem políticos, exercem funções políticas, como os magistrados e os juízes.
    Como não podia deixar de ser, o julgamento do Mensalão é só “para inglês ver”. É para “tentar” mostrar aos demais países do mundo que existe no Brasil um mínimo de ética e responsabilidade por parte daqueles que detém o poder, mas vão tropeçar nas próprias pernas, porque sabem muito bem até onde podem chegar e naturalmente não irão chegar a lugar algum, porque a lei em qualquer país do mundo não é feita para condenar os detentores do poder- e aqui não é diferente.
    Só temos que torcer para que as gerações futuras, com mais conhecimento e cultura, possam eliminar de vez essa mania do brasileiro de querer ser esperto. Aí sim, deixaremos de ser “o país do futuro” e poderemos orgulhar-nos de nosso povo.

    • Gilberto says:

      Olá Jorge, Só quero lhe corrigir em um ponto.
      Você disse:” O povo se sente de certa forma partidário de tal situação, porque só é honesto porque não está no meio político”.
      No comércio, vá dando troco errado, com dinheiro a mais e conte nos dedos quantos lhe corrigem e devolvem o dinheiro; Na escola, deixe os alunos a vontade durante uma prova e veja quantos se esforçam para conquistares suas notas com o conhecimento adquirido, sem colas; Em uma festa e/ou reunião, diga a seus convidados que tem um determinado brinde e que só tem um para cada convidado, deixando-os livres para pegar o seu, no final verás quantos ficarão sem o tal brinde, pois muitos pegarão mais que o seu de direito.
      Por este motivo, discordo de você quando diz que o povo é honesto, neles temos apenas raras exceções, incluindo nesta lista os líderes religiosos, em sua maioria exercendo a função apenas em função de benefícios próprios, sejam financeiros e/ou políticos.
      O Brasil é um país onde os advogados são pagos não para defender as leis, mas são pagos para burlar estas leis.
      Na política, o PT é o partido da ética, então nem preciso falar como é a conduta dos demais partidos que temos por aí.
      Um grande abraço

      • Jorge Oliveira de Almeida says:

        OK, expressei-me mal, mesmo porque estaria sendo incoerente. Agradeço por ter-me corrigido. Pensei uma coisa e disse outra. O que eu quis dizer é que o povo sempre quer dar uma de honesto, quando não está lá, mas lá estando muda o disco.
        Em tempo, não tenho tanta certeza de que “o PT é o partido da ética”. Esta era a sua proposta, mas lambuzou-se ao conquistar o poder.
        Um abraço.

        • Gilberto says:

          O PT sempre fez seu discurso alegando ser o partido da ética e nos enganou por um tempo.
          Mas, se o PT é o partido da ética, o que podemos esperar dos outros?
          Um grande abraço.

  4. Maria Marçal says:

    Escrevi também sobre isto no meu Blog Maturidade, jornalista Lino.

    Em verdade o que vimos acontecendo é um desvio da Justiça plena e imparcial nesse caso chamado Mensalão.

    Concordo com tuas palavras.

    Maria Marçal – Blog Maturidade – Porto Alegre – RS

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