Acontecem coisas que destoam completamente do velho e bom exército de Caxias
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Lino Tavares
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Desculpem minha franqueza. O mesmo zelo profissional que eu tive como militar do serviço ativo devo ter agora, que estou na reserva, exercendo a profissão de jornalista, consoante minha formação civil. Fiel a esse princípio, confesso que não reconheço mais aquele exército pontual, competente e leal à democracia, capaz de impedir a presença de um bandido e traidor da Pátria na chefia da nação, guindado ao poder por juízes de exceção da mesma laia.
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Mas não é para abordar assunto de natureza política que escrevo esse artigo. É para revelar que, nesse mesmo exército que hoje faz vista grossa para a presença de um ladrão comprovado na presidência da República, acontecem coisas menores que destoam completamente do velho e bom exército de Caxias a que honrosamente servi.
Ao comparecer com minha esposa, para renovar a identidade militar dela, no posto de identificação da Guarnição Militar de Alegrete – RS, às 13h30, horário previsto de início do expediente da tarde, o local só abriu às 14h, ou seja, com meia hora de atraso.
A explicação foi que o militar que chefia o posto estava na formatura do Batalhão. Ora, se a formatura se prolonga até às 14h, por que a abertura do posto está prevista então para às 13h30 e não para as 14h05, a fim de que a previsão de horário possa ser cumprida à risca ? Mas não é só isso que depõe contra o “status quo” da instituição.
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Quando minha esposa começou a ser atendida, pediram a ela a certidão de casamento para provar que é minha esposa. Perguntei: como assim ? Na seção de militares inativos e pensionistas, localizada ali do outro lado do corredor, está a minha pasta cadastral com os documentos que a identificam como minha esposa, e, mesmo assim, ela precisa trazer de casa uma certidão para comprovar isso ? O subtenente que chefia o posto me disse: “então o senhor vá ali e peça uma cópia da certidão dela”.
Fiz isso, mas não consegui entender por que o posto de identificação, que fica no mesmo quartel do posto da seção de inativos, não tem acesso direto a tais dados cadastrais. Afinal, estamos na era da informática na qual todos os meios informativos estão ao nosso alcance pelo milagre da digitalização.
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