(*) Por: Lino Tavares
Há cerca de 30 anos atrás, isso não era tarefa das mais fáceis para um redator de editoria política focada no poder central da República. Como se dizia nas salas de redação dos jornais e revistas, fazer o “lead” significa “queimar pestanas”. Hoje a coisa mudou muito, em se tratando de notícias fluídas da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Quando um fato novo ocorre, nas entranhas do poder, os seis quesitos interrogativos inerentes ao “lead” já vem à mente praticamente respondidos.
Vejamos como isso acontece, tomando como exemplo o último escândalo do Governo Dilma. O que ? Um escândalo de corrupção (virou rotina); Quem ? Um ministro (mais um); Quando ? Hoje, ontem (Acontece a qualquer momento, sem configurar “edição extraordinária”); Onde ? No Ministério dos Transportes (poderia ter acontecido em qualquer outro); Como ? Como sempre: o (a) chefe de governo fingindo não ver e os corruptos fingindo acreditar que ele (ela) não está vendo nada); Por quê ? Por que ficou muito fácil assaltar os cofres púbicos, em um governo cujo mais alto mandatário, desde o “caso mensalão”, passou a ter imunidade tácita a denúncias de ações indignas porventura praticadas no âmbitos dos escalões governamentais que lhe são subordinados.
Bem ao contrário do que acontece no universo disciplinado dos quartéis, onde a ação indigna de um soldado, dependendo do dano social que venha a causar, poderá suscitar o enquadramento de seu comandante, por crime de responsabilidade, sujeitando-o a punições que vão da simples repreensão no círculo de seus pares até a perda do cargo, sem prejuízo das penas disciplinares ou judiciais que lhe forem impostas.
(*) Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.
Lino, bem interessante o post, fiquei sabendo que o LEAD foi descoberto há 140 anos, antigamente, nos jornais impressos, os textos eram colocados em diagramas, quando ultrapassavam o tamanho da página as últimas linhas eram cortadas usando-se estiletes. Por isso, era importante que as informações mais relevantes viessem primeiro. O fato é que, até hoje, o Lead faz parte das matérias jornalísticas, mesmo na internet onde o espaço é ilimitado.
Bom para o leitor moderno, escravo do tempo, é incontestável que o Lead facilita o acesso as informações principais de forma mais rápida. Porém, é incontestável também o prazer que um texto bem escrito e criativo proporciona.
Parabéns !
Rose*
Uma bela aula de redação, sem dúvidas.
Felizmente, na blogosfera a gente pode ser informal, caso contrário seria um problema.
Eu tenho o hábito de garimpar dados, para poder montar o texto, mas isso não foi aprendido na escola não.
Reunir a essência do texto na introdução pode ser muito importante para buscadores e pings e agregadores automáticos também.
Eu tenho tentado me autodisciplinar, mas está difícil rsrsrs
ABS