-Vem conversar comigo – propôs o principezinho à raposa. – Estou tão triste!
-Não posso – disse a raposa. – AInda ninguém me cativou.
-Ah, perdão! – disse o principezinho. – E o que quer dizer cativar?
-Quer dizer criar laços – respondeu a raposa. – Não passas para mim de um rapazinho igual a outros cem mil rapazinhos. E não preciso de ti. E tu tão-pouco precisas de mim. Não passo para ti de uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se me cativares, precisaremos um do outro. Serás para mim único no mundo. Serei para ti única no mundo…
-Eu gostaria muito – respondeu o principezinho -, mas não tenho muito tempo. Tenho de fazer amigos e conhecer muitas coisas.
-Apenas se conhecem as coisas às quais somos capazes de dedicar tempo – disse a raposa. – Se na verdade queres ter um amigo, cativa-me!
Assim, o principezinho cativou a raposa e deixou-se cativar por ela.
E quando se aproximou a hora da partida…
-Ai, acho que vou chorar – lamentou-se a raposa.
-A culpa é tua – disse o principezinho. – Eu não queria fazer-te mal, mas tu quiseste que eu te cativasse.
-Sim – concordou a raposa.
-Mas vais chorar! – exclamou o principezinho.
-Sim – disse a raposa.
-Então, não ganhaste nada.
-Ganhei – respondeu a raposa – por causa da cor do trigo… Vês, ali, os campos de espigas? Eu não como pão. Para mim, o trigo é inútil. Os campos de espigas nunca significaram nada para mim. E isso é muito triste! Mas tu… Tu tens o cabelo cor de ouro. Quando te tiveres ido embora, o trigo dourado fará lembrar-me de ti. E pela primeira vez amarei o ruído do vento no trigo…
-Adeus – disse o principezinho.
-Adeus – disse a raposa, e ficou durante muito tempo a olhar extasiada para os campos de trigo e a ouvir o vento assobiar entre as espigas.
O principezinho seguiu o seu caminho e notou com alegria que cada árvore lhe recordava a cor do pêlo da sua amiga raposa.
(Do livro O Pequeno Príncipe)
Este texto foi enviado por Sandra Paula que é Estudante de pedagogia e teologia, Educadora do ensino infantil e Autora do livro de poemas “ Versos de Minha Alma”
Esse livro é perfeito. Confesso que leio de tempos em tempos pra me lembrar do quão boba sou as vezes por me importar com coisas do mundo dos adultos. Parabéns pela seleção de frases!
Essa história de Pequeno Príncipe me faz lembrar o Lulinha (aquele da fazenda de milhôes, lembra ?). Se não lembra eu refresco a sua memória. Ele era funcionário de um zoológico em São Pauo. Mas, herdeiro da inteligência do velho pai, nào lhe foi difícil pular do zero ao infinito, tornando-se um dos mais bem sucedidos investidores deste país, ao lado de figuras proeminentes como o consultor Antônio Pacci Filho (filho de que ? Isso você decide). Aliás, o Brasil é um país pródigo em “pequenos príncipes”, via de regra filhos dos Reis… da corrupçao.