É acertado a nossa ansiedade possessiva quando estamos prestes a perder alguém que exerce um lugar de responsabilidade, por nós, vista insubstituível? De fato ainda temos em nós aquele egoísmo doentio em prender um parente ou amigo ao nosso lado só porque ainda reconhecemos que não estamos prontos para encarar a Grande Viagem sem suas presenças. Não estaríamos, agindo dessa forma, como irresponsáveis aos ensinamentos passados por aqueles que tanto admiramos? A vida prossegue na Vida Eterna que faz parte da nossa alma.
Nesse assunto tenho um exemplo sentido na pele. É o seguinte: Em 1959 surgia nas plagas setelagoanas uma ideia que dera certo, um sonho realizado por almas que dedicariam a vida inteira em amparar em seus braços os irmãos flagelados pelas injustiças do mundo. Assim, o tempo passou célere. Hoje a Sopa Fraterna Irmão Crisóstomo completou dia 08 de dezembro 58 anos ininterruptos onde muitos corações sofredores receberam a dádiva da sua paz de espírito. Atualmente, dos seus fundadores, existe apenas uma senhora de 94 anos com uma galhardia impressionante que se encontra viva e que mesmo acamada, não deixa de passar ensinamentos que transcendem a sua vida limitada pela idade avançada mas bem aproveitada nos ensinamentos que Jesus passou a todos nós e que ela os reverenciou tão bem na sua prática altruísta.
A equipe que hoje está à frente desse trabalho fraterno e principalmente eu, se encontra ansiosa, pois que ainda não se sabe o futuro dessa Sopa após o desenlace da sua matrona. Quereríamos, sim, que ela permanecêssemos conosco, sem que para isso movêssemos todas as possibilidades possíveis e impossíveis. Mas não é assim que funciona a Misericórdia Divina.
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Nesse sentido, anotaremos aqui a continuidade da palestra que a Diretora Zenóbia da Casa Transitória Fabiano com os amigos da irmã Adelaide que não a deixavam seguir a sua caminhada na Grande Viagem. André Luiz nos relata no livro “Obreiros da Vida Eterna”, na psicografia de Chico Xavier. Vejamos a citação seguinte, que se enquadra perfeitamente no exemplo acima citado: “Afirmais que Adelaide é a viga mestra deste pouso de amor, que surgirão dificuldades talvez invencíveis para que seja substituída no leme da orientação geral”. Está aí a preocupação em torno da ausência dela no exemplo que dei no princípio desses comentários. Não poderemos colocar-lhe a coroa da responsabilidade total, cabendo aos seus servidores repartirem as sementes que ela semeou em nossos corações.
Outra citação do livro in loco encaixa perfeitamente nos casos apresentados. Vejamos: “Adelaide conhece a sua condição de colaboradora leal e não deseja laureis que de modo algum lhe pertencem”. Emocionante esse trecho. É o que todo servidor fiel ao Senhor Jesus se julga não merecedor. Sigamos, pois, seus exemplos em memória deles. Estou certo, Leitor Amigo?