Lino Tavares
Com certeza a maior responsável pelo baixo padrão de avaliação de nossa população, quando convocada a escolher seus representantes nas esferas do poder, é a desinformação agravada pela má informação, que aliena as cabeças pensantes de nossa gente, tornando-a massa de manobra facilmente colocada a serviço dos maus políticos, dos “falsos mensageiros da fé” e de um certo tipo de “arte”, que não passa de “lixo teatralizado ou musicado”, tudo – é claro – ardilosamente orquestrado por uma mídia venal e descompromissada com a verdade histórica e com a nossa realidade cultual. Para demonstrar o poder da informação como elemento motivador, capaz de influir positiva ou negativamente sobre o ponto de vista da coletividade, acerca desse ou daquele fato, vou citar aqui dois acontecimentos interessantes de que fui protagonista nos meios universitários, ocorridos em épocas distantes entre si.
Em 1973, estudante de jornalismo da Faculdade dos Meios de Comunicação Social da PUC, em Porto Alegre, apresentei perante um auditório repleto de alunos – a maioria desinformada acerca dos reais motivos que determinaram o regime de exceção vigente no país – um trabalho de Sociologia, intitulado “Exército, fator de segurança e integração nacional”, em função do que – como era previsível acontecer – fui vaiado de pé, ato contínuo ao anúncio do mencionado título. Não satisfeito com isso, o professor da disciplina objeto do trabalho dirigiu-se à plateia, pedindo silêncio para que eu pudesse iniciar a abordagem do tema proposto, enfatizando que só após o final da explanação poderia haver manifestações de aplauso ou apupo acerca do que seria apresentado.
A apresentação do trabalho durou em torno de noventa minutos, escassos como o de uma partida de futebol, mas suficientes para me permitir esclarecer, com o emprego de bons audiovisuais, que aquele título que eu anunciara no início não era um rótulo sem conteúdo e sim a expressão de uma verdade que a mídia, então de mãos dadas com a “dupla oposição” vigente (a dos que queriam a volta imediata de um governo civil e a dos entreguistas, que queriam substituir o governo dos militares pela ditadura comunista liderada por Moscou) ocultava por omissão aos olhos da população, como a interiorização da Amazônia, com o surgimento de agrovilas que fomentavam o progresso nas regiões ermas do país e as obras de infraestrutura responsáveis pelo ”milagre brasileiro” que elevou o Brasil à condição de oitava economia do mundo. Tão logo concluí minha explanação, os mesmos que tinham me vaiado na abertura, aplaudiram-me de pé, com cara de “a gente não sabia de nada disso”.
Dia 17 deste mês, fui surpreendido com o convite para fazer uma palestra a alunos da Faculdade de Direito da URCAMP, em Alegrete, na Fronteira-oeste gaúcha, tendo como tema central a Teoria dos Três Poderes de Estado. Mesmo consciente de que, pela natureza do tema, eu poderia me ver na contingência de ter que abordar questões de natureza política e ideológica – o que não é fácil para quem, com conhecimento de causa, não reza pelas cartilhas enganosas do MEC e pelas mentiras teatralizadas da mídia cooptada – topei o desafio.
Recebido com fidalguia – ao contrário do que aconteceu na PUC em 1973 – fiz a minha explanação, com as críticas cabíveis a essa trilogia de poder, hoje descaracterizada pelas ingerências do Poder Executivo em relação aos demais, notando alguns olhares curiosos acerca de coisas que falei, destoantes dessas “verdades” do atual momento político, tão falsas quanto uma carteira de motorista comprada de um falsificador de documentos, na Cinelândia (Rio de Janeiro). A interação, ao final da Palestra, não poderia ter sido mais cordial e exitosa, com várias anotações de meus e-mail por parte da maioria dos presentes, que revelaram interesse em receber mais informações, pela Internet, acerca de tudo quanto abordei na ocasião.
Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor
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