Gilberto Vieira de Sousa
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Faz algum tempo que estou ensaiando escrever sobre o islamismo, para tentar explicar aos que não conhecem de que se trata uma das doutrinas que mais cresce no mundo, assim como fiz aqui no Gibanet.com com outras doutrinas.
Como o islamismo é muito complexo, principalmente para quem tem uma visão ocidental e democrática, vou dividir este tema em várias partes, iniciando com um resumo e depois tratando de cada item mais detalhadamente.
Porque o Islamismo é tão radical
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É comum vermos nos noticiários os líderes do islã condenando líderes do ocidente por conta de atos considerados ofensivos ao islã, como por exemplo as charges de Maomé, fundador do islamismo.
Isto acontece por conta do islamismo ser um regime totalitário, onde nada é feito sem a anuência do Estado e eles não conseguem conceber a ideia de liberdade de ações do regime democrático, o que na cabeça deles já é um atentado ao deus que eles acreditam.
O islamismo é mais que uma simples doutrina religiosa, pois é a mistura da doutrina religiosa com a ideia de um governo totalitário pautado na doutrina islâmica do Alcorão, livro por eles considerado sagrado. é expresso na palavra árabe islã, a submissão e subserviência plena a Alá (Allah, em árabe – deus único).
Seus seguidores são os muçulmanos (muslimun, em árabe), que significa, aquele que se submetem a Deus para render-lhe a honra e a glória que lhe são devidas como Deus único.
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O inicio do islamismo
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O fundador do islamismo é Mohammed, conhecido no mundo ocidental por Maomé, o islamismo reúne hoje cerca de 850 milhões de fiéis, incluindo os fieis brasileiros e é a religião que mais cresce em nosso planeta.
Mohammed ou Maomé Nasceu no ano 570 da era cristã e morreu em 632.
Seu nome é derivado do verbo hâmada e que significa “digno de louvor”.
Nasceu em Meca na tribo árabe coraixita, e trabalhou como mercador.
Segundo a tradição, aos 40 anos de idade ele recebe a missão de pregar as revelações trazidas de Deus pelo arcanjo Gabriel.
Seu monoteísmo choca-se com as crenças tradicionais das tribos semitas e no ano de 622, Mohammed é obrigado a fugir para Iatribe, que hoje chama-se Medina.
Hoje em Medina existem várias tribos de diferentes ideologias e crenças, que vivem em constante atrito, tanto entre si quanto com as tribos de costumes judaicos.
Mohammed estabelece um acordo de paz entre as tribos árabes e com as comunidades judaicas afim de se unirem para conquistar o controle de Meca e de suas rotas comerciais.
Conquista Meca em 630. Morre em 632, deixando uma comunidade espiritualmente unida e politicamente organizada em torno aos preceitos do Corão.
A fuga de Mohammed de Meca para Medina, em 622, chamada hégira (busca de proteção) marca o início do calendário muçulmano e indica a passagem de uma comunidade pagã para uma comunidade que vive segundo os preceitos do Islã.
A doutrina do profeta e a ideia de comunidade do Islã (al-Ummah) formam-se durante a luta pelo controle de Meca: Todos os muçulmanos são irmãos e devem combater todos os homens até que reconheçam que só há um Deus, Allah.
Eles também acreditam que o islã é a versão completa e universal de uma fé primordial que foi revelada em muitas épocas e lugares anteriores, incluindo por meio de Abraão, Moisés e Jesus, que eles consideram profetas.
Os seguidores do islã afirmam que as mensagens e revelações anteriores foram parcialmente alteradas ou corrompidas ao longo do tempo, mas consideram o Alcorão como uma versão inalterada da revelação final de Deus.
Conceitos e práticas do islamismo
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Os conceitos e as práticas religiosas incluem os cinco pilares do islã, que são conceitos e atos básicos e obrigatórios de culto, e a prática da lei islâmica.
O Livro Sagrado do islamismo é o Alcorão, que significa recitação é foi revelado a Mohammed pelo arcanjo Gabriel e redigido ao longo dos cerca de 20 anos de sua pregação. É fixado entre os anos de 644 e 656 sob o califado de Uthman ibn Affan e é composto por 6.226 versos em 114 suras (capítulos). Traz o mistério do Deus-Uno Allah e a história de suas revelações de Adão a Maomé, passando por Abraão, Moisés e Jesus, e também as prescrições culturais, sociais, jurídicas, estéticas e morais que dirigem a vida individual e social dos muçulmanos.
A Suna é a segunda fonte doutrinaria do islamismo e é um compêndio de leis e preceitos baseados nos ahadith (ditos e feitos), conjunto de textos com as tradições relativas às palavras e exemplos do Profeta Mohammed.
Todo muçulmano deve prestar o testemunho (chahada), ou seja, professar publicamente que Allah é o único deus e Mohammed/Maomé é seu profeta; fazer a oração ritual (salat) cinco vezes ao dia (ao nascer do Sol, ao meio-dia, no meio da tarde, ao pôr-do-sol e à noite), voltado para Meca e prostrado com a fronte por terra; dar a esmola legal (zakat) para a purificação das riquezas e a solidariedade entre os fiéis; jejuar do nascer ao pôr-do-sol, durante o nono mês do calendário muçulmano (Ramadan); e fazer uma peregrinação (hadjdj) a Meca ao menos uma vez na vida, seja pessoalmente, se tiver recursos, ou por meio de procurador, se não tiver os devidos recursos.
A Grande Festa ou Festa do Sacrifício (Eid Al-Adha) é celebrada no dia 10 do mês de Thul-Hejjah (maio/junho).
A Pequena Festa (Eid Al-Fitr), celebrada nos três primeiros dias do mês de Shaual (março/abril), ao final do jejum do mês de Ramadan , comemora a revelação do Alcorão.
Celebra-se ainda a Hégira, o Ano-novo do calendário muçulmano, no dia 1º do mês de Al-Moharam (junho/julho), e o aniversário de nascimento do Profeta, no dia 12 do mês de Rabi’I (agosto/setembro).
O Calendário muçulmano mede o ano pelas 12 revoluções completas da Lua em torno da Terra e é, em média, 11 dias menor do que o ano solar. A hégira, fuga de Maomé de Meca, marca o Ano-novo.
As subdivisões do islamismo
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Assim como o Judaísmo, o Budismo e o Cristianismo, o islamismo também tem suas subdivisões, entre elas há dois grandes grupos, os sunitas e os xiitas. Essas tendências surgem da disputa pelo direito de sucessão a Maomé. A divergência principal diz respeito à natureza da chefia: para os xiitas, o líder da comunidade (imã) é herdeiro e continuador da missão espiritual do Profeta; para os sunitas, é apenas um chefe civil e político, sem autoridade espiritual, a qual pertence exclusivamente à comunidade como um todo (umma). Sunitas e xiitas fazem juntos os mesmos ritos e seguem as mesmas leis (com diferenças irrelevantes), mas o conflito político é profundo.
Os sunitas são os partidários dos califas abássidas, descendentes de all-Abbas, tio do Profeta. Em 749, eles assumem o controle do Islã e transferem a capital para Bagdá. Justificam sua legitimidade apoiados nos juristas (alim, plural ulemás) que sustentam que o califado pertenceria aos que fossem considerados dignos pelo consenso da comunidade. A maior parte dos adeptos do islamismo é sunita (cerca de 85%). No Iraque a maioria da população é xiita.
Os Xiitas, Partidários de Ali, casado com Fátima, filha de Maomé, os xiitas não aceitam a direção dos sunitas. Argumentando que só os descendentes do Profeta são os verdadeiros irmãos: guias infalíveis em sua interpretação do Corão e do Suna, graças ao conhecimento secreto que lhes fora dado por Deus. São predominantes no Irã e no Iêmen. A rivalidade histórica entre sunitas e xiitas se acentua com a revolução iraniana de 1979 que, sob a liderança do aiatolá Khomeini (xiita), depõe o xá Reza Pahlevi e instaura a República islâmica do Irã.
Outra denominação que tem origem nos tempos históricos do Islã é a dos kharijitas. Historicamente, consideravam que qualquer homem, independentemente da sua origem familiar, poderia ser líder da comunidade islâmica, opondo-se às polêmicas de sucessão entre sunitas e xiitas. Os membros desse grupo hoje são mais comumente conhecidos como muçulmanos ibaditas. Um grande número de muçulmanos ibaditas vive hoje no Omã.
Outro ramo influente do pensamento islamista veio do movimento wahhabita na Arábia Saudita. O movimento wahhabita surgiu no século XVIII baseado fundamentalmente no monoteísmo do Alcorão e da sunnah, resgatado por Muhammad ibn Abd al-Wahhab. Neste resgate, levantou-se a questão que seria necessário viver de acordo com os ditames estritos do islã, que eles interpretavam como a vida de acordo com os ensinamentos do profeta Maomé e os seus seguidores durante o século VII em Medina. Consequentemente, eles opunham-se a muitas inovações desenvolvidas desde esse tempo, incluindo o minarete, orações perante a sepulturas de seus antepassados, considerando atos de idolatria, e mais tarde televisões e rádios. Muhammad ibn Abd al-Wahhab, também nesse resgate, considerou que aqueles Muçulmanos que violam as interpretações da sunnah e do Alcorão são heréticos, e que estes deveriam sofrer punições.
Quando o rei Abdul Aziz al-Saud fundou a Arábia Saudita, ele trouxe consigo os resgates que Muhammad ibn Abd al-Wahhab realizou para o poder. Com o crescer da proeminência Saudita, este movimento espalhou-se, em especial após a Crise do petróleo de 1973 e o consequente acréscimo da riqueza da Arábia Saudita.
O islamismo hoje
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Atualmente o movimento wahhabita continua sendo um dos mais fanáticos; na Somália, seus adeptos impõem sua orientação pela força, proibindo filmes, jogos de futebol, e qualquer forma de música, mesmo em telefones. No Sudão, seguindo a mesma orientação extremista, a policia prende as mulheres vestidas com calças compridas obrigando-as a pedir desculpas em público por este ato considerado por eles ofensivo.
Um movimento recente no Islão sunita é o dos wahhabitas, assim denominados por ocidentais e por pessoas de fora dessa corrente ideológica. O wahhabismo é um movimento fundado por Muhammad ibn Abd al Wahhab no século XVIII, naquilo que hoje é a Arábia Saudita. Os wahhabitas consideram-se sunitas e alguns afirmam seguir a escola hanbalita. O wahhabismo tem uma grande influência no mundo islâmico pelo fato de o governo saudita financiar muitas mesquitas e escolas muçulmanas existentes em outros países.
Existem outras divisões do islamismo, entre eles os zeiitas, hanafitas, malequitas, chafeitas, bahais, hambaditas. Eles aceitam Alá como deus único, reconhecem Maomé como fundador do Islamismo e aceitam o Corão como livro sagrado. As diferenças estão na aceitação ou não da Suna como texto sagrado e no grau de observância das regras do Corão.
O Islã no Brasil conta com 35.167 seguidores, segundo dados do censo demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Porém, algumas instituições islâmicas brasileiras consideram que o número de seguidores é muito superior a isso. A Federação Islâmica Brasileira defende que há cerca de 1,5 milhão de fiéis do Islã no país e estima que 50 mesquitas e mais de 80 centros islâmicos estão espalhados pelo Brasil. No censo anterior, de 1991, o IBGE não tratou o islamismo de maneira isolada, estando os muçulmanos incluídos na categoria de “outras religiões”, um grupo que englobou quase 51.000 brasileiros. Mais recentemente, o número de brasileiros convertidos ao islã cresceu 25% entre 2001 e 2011.
Este é um apanhado geral e bem superficial, apenas para que você saiba o que é e como surgiu o islamismo. Trarei outros textos para tentar explicar o que são cada um dos itens desta doutrina, o porque do seu fundamentalismo radical, o porque da pregação do ódio aos infiéis e os motivos que os levam a cometer atos terroristas.
Confira os conceitos básicos do islamismo clicando aqui.
Grande abraço.
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Prezado Gilberto.
O filho de um cristão pode seguir a religião que desejar. Até ser ateu!
Ele tem a liberdade para isso.
Os povos islâmicos têm uma alta taxa de natalidade. O filho de um muçulmano terá que ser muçulmano. Não terá a liberdade da escolha. Eis o motivo pelo qual é a religião que mais cresce no planeta.
Cordialmente.
Cláudio
Pois é Cláudio, infelizmente você está correto.
Mas também há aqueles que, por medo de serem mortos pelos islâmicos, acabam por aceitar a doutrina.
Se o filho do muçulmano tivesse a mesma liberdade que o filho do cristão, certamente ela não seria tão próspera.
Obrigado por sua visita e por seu comentário.
Grande abraço
Gilberto
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Amigo Giba,
Essa é mais uma daquelas histórias que não querem ser contadas. Pelo pouco que sei, no século VII, os romanos do Oriente e os persas se encontravam em guerra. Imagino que para contornar o alto custo com a constante movimentação de tropas, ambos tiveram a mesma ideia para guarnecerem suas fronteiras no Egito e na Babilônia: contratar mercenários árabes. Assim foi feito e foi um grande negócio para os árabes. Com suas caravanas supriam os dois beligerantes sem concorrente no mercado. Eram treinados militarmente por romanos e persas e enriquecidos intelectualmente por estas culturas. O esplendor e a organização romana muito os impressionavam, pois eram muito atrasados em todos os sentidos. Quando se sentiram bastante ricos e militarmente poderosos, conheciam as estratégias de ambos, partiram para cima dos seus contratantes.
Maomé é tão fundador do islamismo quanto Jesus é do cristianismo. O islamismo parece que foi uma revolução dos califas. O cristianismo foi um bom modelo para eles. Assista a este filme.
http://www.saudadeeadeus.com.br/filme1369.htm
Meu amigo Ivani,
Obrigado por me passar a dica do documentário, assisti mais de uma vez.
Porém ele não é suficiente para que eu mude o que escrevi, pois ao contrário do que acontece no cristianismo, os muçulmanos tomaram o cuidado de apagar os rastros de possíveis fraudes.
O islamismo é bem complexo e vou manter o foco em tentar explicar ao leitor os motivos pelos quais eles justificam seus atos de violência e o fundamentalismo que pregam.
Após a série de postagens neste sentido, podemos tentar juntos rastrear as inverdades desta história.