Para entender como foi o surgimento do PT, Partido dos Trabalhadores, temos que entender o que houve antes
O Surgimento do movimento sindical
Bem antes do surgimento do PT, temos o surgimento do movimento sindical, e é esta história que iremos conferis agora, pois é muito importante entender o contexto histórico para entender o que aconteceu depois.
No inicio do século XVIII, na Europa, começou o que nós conhecemos como Revolução Industrial. Esta revolução aconteceu devido a várias novas descobertas tecnológicas e o resultado de muitas das pesquisas da época. Houve o avanço da eficiência da utilização de vapor, avanços significativos na utilização de eletricidade, melhoria na mecanização de manufatura, criação da linha de montagem, avanço do sistema organizacional de trabalho e os avanços para a eficiência de transporte e logística dos produtos fabricados.
Com a produção em série, foi possível a redução dos preços do produto final e com a livre concorrência entre os fabricantes, iniciou também o sistema de concorrência de preços, forçando assim o investimento das indústrias na pesquisa de meios cada vez mais eficientes de produção.
Como a produção industrial era muito recente, ainda não haviam leis que regulamentassem o setor, não existiam leis trabalhistas e nem os industriais nem o governo se preocupavam com o fato de menores de idade e idosos estarem nas linhas de montagem, por vezes trabalhando até 18 horas por dia.
Na Inglaterra, o primeiro país a se industrializar, surge o primeiro sindicato, com o intuito de representar coletivamente os trabalhadores da indústria e conseguir melhores condições de trabalho e pagamento para todos.
Os primeiros sindicatos ingleses também foram responsáveis pelas primeiras organizações de festividades para os trabalhadores, pelos primeiros cursos de formação e aperfeiçoamento profissional e também pelas primeiras negociações de preços reduzidos dos produtos da fábrica para seus funcionários.
A ideia do sindicalismo inglês se espalhou por toda a Europa e também suas conquistas em relação às negociações entre patrões e empregados.
Depois de algum tempo, alguns oportunistas viram nos grupos de trabalhadores organizados uma oportunidade de capitalização politica. Foi neste contesto que surgiram os sindicatos como o conhecemos na atualidade, que se preocupam muito mais com o que ganharão politicamente e menos com o bem estar de seus associados.
Movimento Sindical no Brasil
No Brasil, ao final do século XIX, os escravos estavam sendo substituídos por imigrantes europeus assalariados, em paralelo com o inicio da industrialização e a construção das primeiras estradas de ferro.
É nesta época que surge movimento sindical brasileiro, contando com a influencia dos trabalhadores vindos da Europa, onde já havia um movimento sindical formado.
A Abolição da Escravatura e a Proclamação da República vieram na mesma época, causando diversas transformações significativas na economia e organização política do País.
Por causa dos baixos salários, os trabalhadores das cidades foram se concentrando na periferia dos centros industriais, criando o que conhecemos como cortiços e causando uma grande concentração de mão de obra nestas periferias. Também nesta mesma época, houve uma grande migração de trabalhadores das fazendas de café, contribuindo para o aumento da população nos centros urbanos quanto nas cidades litorâneas.
Como era o inicio do modelo de trabalho assalariado no Brasil, era de se esperar que fossem oferecidos poucos direitos trabalhistas e condições de trabalho das mais precárias, até porque, além da falta de normas e regulamentações, os empregadores também estavam aprendendo a lidar com a nova realidade, afinal de contas, até pouco tempo eles só lidavam com escravos.
Como os europeus já haviam tido a experiência de direitos trabalhistas e condições melhores de trabalho, estes começaram a se organizar e formaram as sociedades de auxílio mutuo e de socorro, Associações Mutualistas, com o intuito de auxiliar os operários em situações mais precárias.
O próximo passo destas organizações foram as ligas operárias e as associações operárias, que tinham como meta levar ao conhecimento da sociedade o descontentamento os trabalhadores industriais com as más condições de trabalho e a baixa remuneração.
Com o crescimento da indústria foram criadas as uniões operárias, que agregavam ligas operárias e associações de trabalhadores operários, dando inicio aos primeiros sindicatos e ao conhecido movimento sindical.
A primeira greve no Brasil ocorreu no Rio de Janeiro em 1858, onde os gráficos paralisaram totalmente suas atividades, exigindo melhores condições de trabalho e aumento imediato de salário em dez tostões. A próxima paralisação relevante foi a dos ferroviários, em 1863 e a dos estivadores em 1877 e transportes urbanos, chapeleiros e vidreiros da Santa Marina em 1903.
Em 1 de maio de 1907, todos os operários do Brasil pararam e esta foi a primeira greve geral do País e também foi a primeira vez que os trabalhadores exigiram uma jornada de trabalho limitada à oito horas diárias. Entre 1908 e 1920 ocorreram mais de cem greves de grande expressão.
Os sapateiros e os trabalhadores da construção civil foram os primeiros a conquistarem a jornada de oito horas diárias de trabalho.
Até 1920 os sindicatos tinham uma visão anarquista, ou anarco-sindicalista, onde acreditavam que o ideal seria uma sociedade que se autorregulasse, sem a presença de um governo central.
No inicio os sindicatos eram direcionados pelos próprios operários e alguns poucos por partidos políticos, assumindo estes um perfil político-ideológico. Essa dinâmica muda com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder em 1930, quando o presidente passa a submeter os sindicatos ao controle do Estado, utilizando como argumento a greve dos gráficos de 1929, que durou 79 dias e suas reivindicações.
Getúlio Vargas foi responsável por uma série de outras medidas relacionadas à vida dos trabalhadores como a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e do instituto de Previdência Social. Foi um período marcado por inúmeras e intensas greves, o que deu força aos sindicatos. Durante os anos 1960 que a luta sindical atinge seu auge, com a realização do III Congresso Sindical Nacional, quando foi criado o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), que foi financiado por centrais sindicais europeias. No campo, foram criadas as ligas camponesas, onde aos poucos cresciam os sindicatos rurais.
Apesar de alguns atribuírem a carteira de trabalho como vitória da luta sindical, na realidade esta era um pedido dos empresários industriais, que queriam ter um documento que indicasse os maus trabalhadores, o que ficou conhecido como carteira suja.
No final dos anos 70 os sindicatos fizeram inúmeras greves, porém com um apelo de marketing muito mais agressivo e onde foi criada a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A grande bandeira destas manifestações do final dos anos 70 foi a reposição de perdas salariais na ordem de 31%, onde o Governo federal maquiava os índices e o Banco Mundial denunciou a manobra, fazendo com que os movimentos sindicais tivessem combustível para manobrar a massa de trabalhadores.
A grande visibilidade dos sindicatos e suas manifestações, greves e depoimentos à imprensa, alçaram diversos sindicalistas à vida politica do País.
Em 1979 houve a greve mais importante para o movimento sindical brasileiro, onde com a organização do sindicato dos metalúrgicos os trabalhadores de todas as fábricas do ABC paulista paralisaram suas atividades. Nesta época, Luiz Inácio da Silva, o Lula, era o presidente da instituição. E praticamente todos os veículos de mídia da época citaram seu nome e veicularam suas fotos em meio aos trabalhadores em greve.
Surge o PT
A UDN de macacão
10 de fevereiro de 1980
O surgimento do PT ocorreu em 10 de fevereiro de 1980, com o casamento do movimento sindical e as comunidades eclesiais de base da igreja católica, nascia o Partido dos Trabalhadores.
Durante o governo militar, seu estrategista político era o General Golbery do Couto e Silva, que criou a teoria da panela de pressão, onde ele acreditava que não se poderia sufocar totalmente a oposição, deixando como válvula de escape para diminuir a pressão que poderia virar uma revolta, uma área de livre atuação do pensamento comunista, assim os governos militares deixaram o movimento comunista circular livremente pelas universidades e pela igreja católica.
Dentro da igreja católica surgiram os grupos eclesiais de base, que foi um dos grandes pilares para o surgimento do PT, onde também houve nas áreas rurais a união entre estes grupos da igreja católica com o grupo Via Campesina, que tem financiamento internacional.
Outro pilar importante foi parte do movimento sindical que se desvinculou dos demais partidos socialistas se alinhando com o novo partido.
E para finalizar, os intelectuais vindos das universidades, que atuaram para que a narrativa do PT fosse considerada o caminho mais correto a ser seguido.
Das comunidades eclesiais de base surge a teologia da libertação, criada pelo então padre Leonardo Boff, um dos fundadores do Partido e o marketing de Frei Beto, que transformou a imagem de Lula, como a de um trabalhador capaz, honesto e preocupado em solucionar todos os problemas do País. Devemos lembrar que Frei Beto era amigo do Guerrilheiro Carlos Marighela, o Frei também foi um dos idealizadores do Foro de São Paulo.
Frei Beto também foi o responsável pelo “Mito Lula”, que alguns chamam de “Lula Messiânico”.
Dos sindicatos, além de Lula, surgiram com força os nomes de vários sindicalistas que foram sendo eleitos deputados e formando o inicio da base do PT no congresso nacional.
Da estratégia de Golbery, nós herdamos a intelectualidade imune à literatura conservadora, literatura esta que até os dias atuais são praticamente proibidas dentro do ambiente acadêmico, enquanto que a literatura de viés socialista é amplamente difundida, incentivada e em alguns ambientes acadêmicos são até impostas aos alunos.
Os intelectuais, principalmente paulistas e cariocas, participaram felizes da criação do que chamaram de um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
De lá para os dias atuais, muita história há de ser contada, muitos detalhes envolvendo toda a vida política brasileira e de outros países se fizeram presentes no cenário.
Conquistas e crimes são pauta dos próximos anos, mas estes detalhes eu contarei nos próximos texto. Acompanhem.
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