Só uma revolução purificaria a democracia, pondo fim à luta de classes
Lino Tavares
O dia 7 de Setembro é o mais importante da Nação brasileira, pois foi nele, em 1822, que nossa Pátria se tornou independente, passando a caminhar com as próprias pernas e a traçar o rumo de seu grande destino.
Depois do Grito de “Independência ou Morte !”, sucederam-se os anos de consolidação do novo país que se inseria no concerto das nações, até que o Império brasileiro foi substituído pelo regime republicano em que hoje vivemos.
Por conta dessa forma de governo, mais aberta e democrática do que a anterior, o vasto e rico território brasileiro tornou-se mais vulnerável à ação de conquistadores externos, notadamente a partir da Revolução comunista de 1917, cujo Império vermelho, denominado União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, passou a atentar contra a nossa soberania, usando traidores pátrios, muitos dos quais infiltrados nas entranhas do poder.
Várias foram as tentativas de maus brasileiros no sentido de entregar aos ditames de Moscou aquela soberania que conquistamos pela espada de Dom Pedro I no primeiro quartel do século 19.
A mais consistente e ameaçadora foi aquela consubstanciada na década de 1960, período da chamada Guerra Fria, que aflorou em solo pátrio, contando com o beneplácito de um governo omisso, que escancarou as portas do poder a antigos militantes da esquerda entreguista.
Conscientes desse risco iminente que rondava a nossa condição de país livre e soberano, as forças vivas da Nação, representadas por suas entidades civis, religiosas, imprensa e instituições militares, deflagraram a Contrarrevolução Democrática de 31 de março de 1964, substituindo o governo pusilânime que vigia no país por um regime forte, patriótico e progressista, que frustrou a revolução comunista no seu intento de transformar a Pátria gigante em mais um dos subjugados satélites da Ditadura do Proletariado.
Hoje movida por interesses inconfessáveis, a grande mídia brasileira se presta ao vil papel de distorcer os fatos, classificando de “Golpe” aquele movimento maciço de todos os brasileiros, que salvou o Brasil das garras do comunismo totalitário e ateu.
Chama de ditadura militar um período fértil de governo, que não se caracterizou como tal, porque jamais esteve nas mãos de um ditador, e que não tinha caráter militar, pois era regido por uma Constituição civil, desprovida de preceitos essencialmente militares.
Ao usar a expressão “Golpe” para definir a tomada do poder ocorrida em 1964, esses mercenários profissionais midiáticos fingem não saber que nas entrelinhas do YouTube existem vídeos gravados por ativistas da época, confessando suas ações mesquinhas de guerrilha em prol da comunização do Brasil, como este do jornalista Fernando Gabeira, declinando sem meias palavras os reais motivos da existência de grupos armados, que não era – como ele diz – uma luta pela redemocratização do Brasil. NÓS QUERÍAMOS IMPLANTAR O COMUNISMO NO BRASIL.
Por outro lado, os maus comunicadores do presente, menosprezam a capacidade de percepção e a inteligência das pessoas que, como eu, vivenciaram sua juventude livres e felizes no governo de exceção, necessário à época, mentindo às novas gerações que aquele foi um período ditatorial, como se não houvesse na ocasião três poderes independentes, estado de direito em vigor e partido de oposição, disputando eleições livres e democráticas com o partido do governo.
Para refrescar as mentes doentias que tentam inverter o processo histórico marcado pelo governo revolucionário instalado em 1964, divulgo a seguir um trecho compilado do Informativo O Tuiuti, publicação da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, seção Rio Grande do Sul e do Instituto de História e Tradições, sintetizando parte dos acontecimentos da época.
“Prepara-se um golpe de estado que tem por objetivo derrubar as instituições democráticas, e o chefe da conspiração chama-se João Belchior Marques Goulart.
O movimento subversivo que ora se articula não é o primeiro que o Sr. João Goulart procura fazer deflagrar visando ao fechamento do Congresso Nacional e a destruição da Constituição” (Deputado Federal/CE Armando Ribeiro Severo Falcão, 22 de novembro de 1963).
Introdução
Há exatos 60 anos, o Brasil passou por um processo histórico que até o presente mostra-se atual, principalmente nos corações e mentes dos democratas e conservadores.
Em 31 de março de 1964, tendo à frente as suas Forças Armadas (FFAA), o clero, as forças democráticas do país e uma parcela considerável da sociedade brasileira deflagraram um movimento contrário ao desgoverno do Presidente João Belchior Marques Goulart (Jango) e a um grande número de seus seguidores, inclusive no Congresso e até mesmo no seio das FFAA mas, principalmente, nos meios sindical e estudantil.
Mesmo contra a vontade de setores conservadores, Goulart havia alcançado o governo em agosto de 1961, em consequência da renúncia de Jânio Quadros, do qual era Vice-Presidente.
No Poder Executivo desde 7 de setembro de 1961 Jango, por meio de uma emenda parlamentarista (PEC nº 16-A da Câmara) passou a governar o país como Presidente e Chefe de Estado tendo, como Primeiro-Ministro Tancredo Neves.
Um plebiscito popular em janeiro de 1963 o efetivou como Presidente da República no regime presidencialista. O povo votou “não ao parlamentarismo”.
Este plebiscito foi a grande oportunidade do povo brasileiro optar pelo Sistema Parlamentarista e afastar definitivamente a ameaça do marxismo-leninismo. Mas a opção popular foi pelo Presidencialismo.
O deputado brizolista e ativista de esquerda Armindo Marcílio Doutel de Andrade (fundador do PDT) declarou, conforme Hélio Silva, que “alguns chefes militares colocaram a crise como uma opção entre a democracia e o totalitarismo da esquerda radical” (Silva, 1978, p. 83).
Usando de suas prerrogativas de Chefe do Executivo, Goulart começou a empreender um conjunto de medidas progressistas, demagógicas e de matiz notavelmente socialista, conforme a citação em epígrafe.
É válido registrar que Jango não era propriamente marxista ou comunista ou coisa que o valha, mas foi conivente e comprometido com forças esquerdizantes de cunho totalitário abrigadas em uma tese que tinha por alvitre impor ao país políticas nitidamente antidemocráticas.
A partir de 1963, o grupo no poder iniciou a fase mais aguda da sua campanha para implementar uma república socialista-sindicalista no Brasil. Salvo melhor interpretação, a matriz ideológica a ser seguida era nitidamente a de linha soviética, para isso inspirada e com a participação de Luís Carlos Prestes, comunista histórico, membro da Internacional Comunista. Era flagrante o afastamento da democracia.
Conforme o historiador Boris Fausto: A tragédia dos últimos meses do governo Goulart pode ser apreendida pelo fato de que a resolução dos conflitos pela via democrática foi sendo descartada como impossível ou desprezível por todos os atores políticos.
A direita ganhou os conservadores moderados para sua tese: só uma revolução purificaria a democracia, pondo fim à luta de classes, ao poder dos sindicatos e aos perigos do comunismo” (Fausto, 2002, p. 458).