Conhecida também por Ordem de Malta; Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta; Ordem do Hospital; Ordem de São João de Jerusalém e Ordem de São João de Rodes.
Foi fundada no século XI, durante as Cruzadas, como uma ordem Beneditina, tornando-se uma ordem militar cristã, com regra própria, destinada à proteção e assistência aos peregrinos à Terra Santa.
Por volta de 1099, alguns mercadores de Amalfi fundaram em Jerusalém, sob a regra de S. Bento e com a indicação de Santa Maria Latina, uma casa religiosa para recolha de peregrinos. Anos mais tarde construíram junto dela um hospital que recebeu, de Godofredo de Bulhão, doações que lhe asseguraram a existência, desligou-se da igreja de Santa Maria e passou-se a formar congregação especial, sob o nome de São João Baptista.
Em 1113, o Papa nomeou-a congregação, sob o título de São João, e deu-lhe regra própria. Em 1120, o francês Raimundo de Puy, nomeado grão-mestre, acrescentou ao cuidado com os doentes o serviço militar.
Assim é a origem da Ordem dos Hospitalários ou de São João de Jerusalém, designada por Ordem de Malta a partir de 1530, quando se estabeleceu na ilha do mesmo nome, doada por Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico.
Ordem de aristocratas, nunca teve entre os seus cavaleiros pessoas que não pertencessem à fidalguia. O hábito regular consistia numa túnica e num grande manto negro, no qual traziam, pregada no lado esquerdo, uma cruz de ouro, com esmaltebranco.
Os Hospitalários tomaram parte nas Cruzadas e tinham seu hospital em Jerusalém. Mesmo depois do fim das Cruzadas, a ordem continuou. Enfrentou o Império Otomano em diversas batalhas, como a Batalha de Lepanto e o Cerco de Rodes.
Na Península Ibérica
De início, na Península Ibérica, havia uma só sede (língua), a de Aragão, que englobava os reinos de Portugal, Leão, Navarra, Aragão e Castela. Em Portugal, entre os bens da ordem, tinha especial importância o priorado do Crato. Os reis viram, receosos, crescer o poder dos senhores do Crato, que se acentuou mais com a rebelião de D. Nuno Gonçalves contra a regência do infante D. Pedro(1392-1449).
D. João III, por morte do conde de Arouca, doou o priorado a um membro da família real, o infante D. Luís, em 1528, que se intitulou grão-prior. Então o Rei, com vista a futuros protestos, consegue do papa Júlio IIIa bula de 1551, que D. António, filho natural do infante, fosse nomeado sucessor do pai. D. Maria I consegue do Papa a independência do grão-mestrado de Malta e, poucos anos depois, o mesmo Papa decretou por bula em 1793 que, assim como pelo lado temporal o grão-priorado de Portugal ficaria isento de qualquer interferência de Malta, também pelo lado espiritual dependeria apenas da Santa Sé. Assim, D. Pedro e D. Miguelforam grãos-priores do Crato. A ordem foi extinta em 1834 e os bens incorporados na Fazenda Pública.
A antiga organização da Ordem Hospitalária
A Ordem era chefiada pelo Grão-Mestre, com o título eclesiástico de Cardeal e secular de Príncipe.
O Grão-mestre era auxiliado por sete Bailios conventuais. Cada um deles, além de exercer uma função específica na administração central da Ordem (comendador, marechal, almirante, etc.), era o presidente ou governador de cada uma das grandes divisões territoriais em que ela se encontrava dividida (cada uma dessas divisões era chamada Língua ou Nação).
As Línguas e os seus respectivos Bailios conventuais eram as seguintes:
I – Língua da Provença – presidida pelo Grão-Comendador, responsável pela superintendência dos celeiros. Subdividia-se em: Santo Egídio; Tolosa e Manoasca.
II – Língua de Alvernia – presidida pelo Marechal, responsável pelo comando das forças militares da Ordem. Subdividia-se em: Alvernia e Daveset.
III – Língua da França – presidida pelo Hospitalário, responsável pela administração do hospital da Ordem. O Bailio conventual desta língua também tinha o cargo de Tesoureiro Geral. Subdividia-se em: França; Aquitânia; Champanha e Morea.
IV – Língua de Itália – presidida pelo Almirante, responável pelo comando das forças navais da Ordem. Subdividia-se em: Roma; Lombardia; Veneza; Pisa; Barleta; Messina; Cápua; Santa Eufémia; Santo Estevão; Trindade de Veneza e São João de Nápoles.
V – Língua de Aragão, Catalunha e Navarra – presidida pelo Grão-conservador, responsável pela superintendência do fardamento dos soldados. Subdividia-se em: Castelânia de Amposta; Catalunha; Navarra; Maiorca e Caspe.
VI – Língua da Alemanha – presidida pelo Grão-Balio, responsável pela cidade antiga de Malta e pelo castelo de Gozo. Subsdividia-se em: Alemanha; Boémia; Hungria; Dácia e Brandeburgo.
VII – Língua de Portugal, Castela e Leão – presidida pelo Grão-Cancelário, servindo de Secretário de Estado e coadjuvado por um vice-cancelário. Subdividia-se em: Crato; Leão e Castela; Leça; Acre; Lango e Negroponte.
Diferentemente da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo (Veja a postagem “Os templários”), a Ordem Hospitalária ainda existe nos dias atuais, inclusive mantendo moeda própria e relações internacionais, com direito a assento na ONU.
A sede da atual Ordem Soberana e Militar de Malta é instalada em 6 quilômetros quadrados, num prédio em Roma. É liderada pelo Príncipe e Grão Mestre dos Cavaleiros Hospitalários, Frei Matthew Festing.
Atualmente a Ordem é composta por cerca de 12.000 membros e 80.000 voluntários.
A sobrevivência da Ordem dos Hospitalários deve-se certamente à ausência de acúmulo de tantos recursos financeiros quanto o obtido pela Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e pela manutenção de seu destino previamente traçado, qual seja, a hospitalaria e o regramento militar.