Nelson Valente
Tivemos época em que, para punir alunos faltosos, não bastavam palavras. O castigo corporal vinha de forma de palmatória ou até mesmo, Como aconteceu no meu período de escola, ajoelhar no milho. Ficar no canto da sala durante um certo tempo era das punições mais brandas. Com o avanço da psicologia e da psicanálise, que são relativamente recentes, valorizou-se o uso da palavra. Os professores e os pais mais esclarecidos repreendem os alunos e filhos faltosos com este instrumento poderoso e insubstituível de comunicação, que é a palavra.
Uma frase dita na hora certa pode valer muito mais do que os castigos, que provocam ira, o que é contraproducente no processo educacional.
Quem tem paciência para pesquisar sabe disso. Agora, em Portugal, mais precisamente em Leiria, parece que a escola se fixou na pré-história. Preocupadas com o barulho excessivo das crianças, as professoras passaram a usar fita durex na boca dos bagunceiros.
Fez bagunça, não tem conversa: a mestra lacra a boca do infeliz por um certo tempo. E o que é pior: mandou que as crianças passassem a trazer de casa o rolinho de durex, para punir igualmente os pais, estes vítimas do prejuízo financeiro.
Segundo uma coordenadora da escola ( nível pré-escolar, portanto crianças de menos de sete anos) o método foi aperfeiçoado no próprio estabelecimento do ensino. Depois de algumas reuniões com os seus especialistas, chegou-se à conclusão que tapar a boca é muito melhor do que bater, como se faz em outras escolas do país.
Naturalmente, trata-se de uma triste e ultrapassada opção, que provocou a revolta dos pais, hoje protestando energicamente contra a violência. Há escolas no Brasil que ainda adotam essa forma obscura de educar.
Professores que perdem a paciência com os seus alunos e os agridem, violentando o que se entende por processo educacional. Em minha opinião, trata-se de um caso de polícia, pura e simplesmente.
Quando a escola brasileira era risonha e franca – e não foi há tanto tempo assim – os castigos corporais eram constantes. Ficar de joelhos sobre o milho ou feijão, para expiar alguma culpa, tornou-se comum, ao lado da palmatória.
As diretoras à moda antiga dividiam com as professoras esse estranho prazer de agredir alunos rebeldes ou indisciplinados. Não estamos convencidos de que seja essa a melhor forma de educar. Agora, no entanto, parece que há uma crise na ciência do comportamento nas escolas brasileiras – chegam notícias de uma violência inaudita contra professores em sala de aula ou fora dela, sobretudo as de ensino médio.
A agressão física cedeu espaço ao trabalho de convencimento verbal do educador em relação aos seus alunos. Chegou o momento de compreender que é preciso dar tratamento de choque à nossa educação, não apenas para resolver a violência em sala de aula entre alunos e professores a que fiz referência, mas, de um modo geral, resolver o problema do analfabetismo no país e melhorar as condições de ensino, do ponto de vista qualitativo e quantitativo, para professores e alunos.
Nelson Valente é professor universitário, jornalista, escritor e inestimável amigo.
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HOJE A EDUCAÇÃO ESCOLAR MUDOU, ANTES ERAM OS ALUNOS QUEM APANHAVAM, HOJE SÃO OS PROFESSORES QUEM SOFREM AS VIOLÊNCIAS!!!! ONDE VAMOS PARAR!!!
Valeu, Giba. Vai ser ótimo debater direto com um professor que enfrenta problemas do ensino público.
[]s
Robson, concordo com você, mas pedirei ao Nelson Valente, autor do texto que lhe responda o comentário. Ele é professor e está passando diariamente por todos os problemas desta nova fase da relação entre alunos e professores.
Obrigado por sua participação.
Seja sempre bem vindo.
Abraços
Giba
(Obrigado, Giba, agora pude ler e comentar.)
Naqueles tempos, prevalecia o disciplinamento das pessoas pelo medo. Uma tática muito funcional em sociedades ou grupos de pessoas cujo comportamento é ou era regido não pela ética e pelo educar, mas pela ameaça de penalidades violentas.
Hoje o problema foi invertido: alun@s agridem professores/as. A solução pra isso ainda está pra vir, mas definitivamente não é pela imposição da pedagogia do medo ou pela grosseria constante. O medo não traz civilidade nem noções éticas.
Robson, sugestão aceita.
Eu publiquei conforme o original e não me atentei ao fato de ter ficado com aparência pesada.
Obrigado por sua colaboração.
Um grande abraço
Giba
Olá, Giba. Lhe sugiro que formate o texto, dividindo-o em parágrafos. Muitas pessoas desistem de ler quando veem um texto como um bolo só, pelo desconforto que se tem em lê-lo.
Por favor, considere isso uma crítica construtiva que vai render mais leitores/as pra este texto.
Abs
Também sou contra punições físicas contra alunos, mas essa quantidade infindável de "direitos" e pouquíssimos "deveres" que os alunos de hoje tem, com certeza não tem ajudado a melhorar a educação no Brasil. Tenho minhas dúvidas se o que se faz hoje é o melhor…