(*) Por: Lino Tavares
Ao chegar a uma unidade de saúde do Exército para uma consulta, perguntei à médica que me atendeu, uma oficial com três estrelas no ombro, se eu deveria chamá-la de capitão ou de capitã.
Disse-me que no consultório é chamada de doutora, mas que se eu quisesse mencionar o seu posto, ao invés disso, então teria que tratá-la como capitão, que é a forma utilizada nos quartéis para os militares dessa patente, independente de sexo.
Se o termo capitã fosse empregado no meio militar não representaria nenhuma aberração do ponto de vista lingüístico, desde que estivesse oficialmente incorporado ao idioma,
Isso se justificaria, à gusa de analogia, considerando que grande parte dos vocábulos da Língua portuguesa terminados em ‘ão’ sofrem flexão de gênero na grafia ‘ã’. São exemplos disso “alemão e alemã”, “artesão e artesã”, “campeão e campeã”, etc.
O mesmo não se pode dizer em relação ao polêmico “presidente e presidenta”, que entrou na pauta das discussões desde que Dilma Rousseff tornou-se a primeira mulher a assumir o cargo de presidente da República no Brasil.
A palavra presidente é um substantivo comum de dois gêneros, que assume conotação de caráter masculino ou feminino em função do artigo que se lhe antepõe (‘o’ ou ‘a’).
Portanto, em obediência às regras do idioma – coisa próprios dos povos civilizados – tem-se que chamar a senhora Dilma Rousseff de presidente da República e não presidenta, como ela própria diz preferir.
Se não dermos bons exemplos aos nossos jovens, não temos como lhes cobrar boas ações. Se a primeira mandatária da nação admite que se ignorem as regras gramaticais ao sabor de um capricho pessoal de cunho idiomático, então nenhum professor, em sala de aula, poderá considerar como erradas palavras escritas em desacordo com as regras do Português, desde que aquele que adulterou o termo declare que o fez por julgar mais adequado à sua forma de aplicação.
Se uma aluna disser que se considera uma “estudanta” e não uma estudante, o mestre terá que relevar a moça. Afinal, o exemplo vem do patamar mais elevado da Magistratura brasileira.
(*) Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.
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não é querendo desmerecer a matéria mas, caro amigo, acredito que há coisas que devemos nos preocupar muito mais do que como a presidente(a) quer ser chamada, com todas as consequências que isso possa acarretar…
Greyce Kelly Cruz
isso não deveria justificar né…
mas acaba justificando o uso incorreto da língua…
isso no entanto não tira a responsabilidade do sujeito de querer aprender e aplicar corretamente o português…