Vivemos um modelo de ensino superior na Universidade São Paulo (USP) e nas principais universidade do país que é o mesmo desde 1968 ( Lei 5540/68), quando foi aprovado a Reforma Universitária. Valorizou a departamentalização e acenou com uma série de outras medidas, todas elas tornando por base a educação norte-americana ou que se pratica na Alemanha.Uma estrutura pesadíssima, ultrapassada e decadente.
Se queremos projetar a universidade brasileira para os próximos trinta anos. Viveremos uma outra época, de incríveis conquistas científicas e tecnológicas, alimentadas pelo uso de computador e da Internet, e é claro que a indústria do conhecimento, representada pelos nossos pesquisadores, não poderá concorrer com os produtos de outras nações se não estivermos devidamente apetrechados, inclusive do ponto de vista dos recursos humanos qualificados.
Qual será a universidade do futuro? Substituirão as atuais salas de aula? Cada escola terá a sua missão, que não se bastará com a simples transmissão do saber, pois deverá se identificar com as necessidades do mercado de trabalho. Esse registro é que dará força à palavra “tecnoestrutura”, criada por Galbraight para identificar a trilogia governo,empresa,escola. Nunca essa ligação será tão oportuna e, por isso mesmo, tão indispensável.
A universidade é uma instituição plurifuncional. A pesquisa é, ao lado da docência, uma das funções básicas dessa instituição. Recentemente, os autores subdividem, as funções da universidade em docência, pesquisa e extensão ou de serviços ou em missão cultural (transmissão e conservação do saber), missão investigadora (produção e progresso do saber), missão técnico-profissional (formação de profissionais de alto nível) e missão social ( serviço social da universidade).
A universidade sempre teve como objetivo cultivar e transmitir o saber. Depois, sob o impacto determinado por novas exigências, constatou-se a necessidade de ampliar os conhecimentos, produzir novos saberes, e o meio privilegiado foi a pesquisa. Tomemos, a título de ilustrações a questão da linguagem, que muitas vezes é o elemento responsável pela não divulgação ou, o que é equivalente, pela não compreensão das pesquisas. Inúmeras delas vêm involucrudas numa linguagem hermética e fechada, acessível apenas ao pequeno grupo de iniciados. A linguagem, ao invés de tornar transparente e acessível, obscuresse e esconde.
É necessário que a divulgação ultrapasse a barreira acadêmica e, no caso da pesquisa educacional, atinja as redes do Ensino Fundamental e Médio, os pais, os alunos e a comunidade.
O pesquisador, sobretudo aquele que ainda é aluno de algum programa de pós-graduação, vê-se na contingência de respeitar determinados prazos que são estabelecidos sem levar em consideração a índole particular de seu trabalho pressionado pela duração das bolsas ou por montantes fixos de recursos.
O direito à universidade é um exercício de cidadania. Pagar bem aos professores e especialistas é pré-requisito para que se alcance a universalização desse ideal. Reforma universitária já !
Nelson Valente é professor universitário, jornalista, escritor e inestimável amigo.
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