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“Senhor dai-me resignação para aceitar o que não pode ser mudado, dai-me força para mudar o que pode ser modificado e, principalmente, sabedoria para diferenciar uma coisa da outra.”
O Espiritismo ajuda que desenvolvamos uma resignação racional para muitos fatos. Mas, ao contrário do que muitos pensam, não incentiva o comodismo. Ao revés, estuda as potências do espírito humano e facilita o desenvolvimento delas.
Ensina Léon Denis, na lapidar obra “Depois da Morte”: “Um louco pode procurar lutar contra a ordem imutável das coisas, mas o espírito sensato acha na provação os meios de retemperar, de fortificar as suas qualidades viris. A alma intrépida aceita os males do destino, mas, pelo pensamento, eleva-se acima deles e daí faz um degrau para atingir a virtude.”
Outro dia conversaremos sobre a resignação, tema que merece artigo completo. Hoje conversaremos sobre a vontade.
Ainda segundo o mestre francês, op. cit, “a vontade é o fundo sólido da alma.”
Basta estudarmos as façanhas da humanidade e logo identificaremos que as personalidades que revolucionaram suas épocas sempre se destacaram pela vontade granítica com que se entregavam a seus ideais e sonhos.
Muitas pessoas recuam diante das primeiras dificuldades. Adiam planos, fogem de mudanças, sobrepõem justificativas e sentadas à beira do caminho olham o tempo escoar, enquanto escolhem desculpas e culpados pelo infortúnio de suas opções. Às vezes, é verdade, o tamanho do desafio nos chama atenção. Alan Kardec nos primeiros contatos que teve com o espírito de Verdade, que o orientou durante a codificação espírita, perguntou: “Pela natureza da minha inteligência, terei aptidão para penetrar, tanto quanto ao homem for permitido fazê-lo, as grandes verdades acerca do nosso destino futuro? A resposta é firme: Sim, tens a aptidão necessária, mas o resultado dependerá da tua perseverança no trabalho.”
Victor Frankl, psiquiatra judeu sobrevivente de um campo de concentração, criou a logoterapia após a vivência aos maus tratos nazistas. Enquanto esteve preso, resolveu libertar-se de seus algozes. Apenas com sua força de vontade, alheou-se do sofrimento e não permitiu que lhe controlassem a mente. _Eles podem controlar o local, o que como, o ambiente e até meu corpo, mas não minha autoconsciência e vontade. Surgia a proatividade como hoje a conhecemos. Ser próativo é mais do que ter iniciativa. É não focar o problema, pois não é ele o que realmente importa e sim nossa atitude diante dele. Segundo ensinam os especialistas, existem as pessoas reativas e as próativas. As reativas apenas reagem a estímulos externos. Caso o tempo esteja bom, o carro funcionando, a esposa carinhosa e a saúde excelente, tudo anda, tudo segue seu curso. Mas se o dia é chuvoso, se o carro apresentou defeito ou se a esposa não acordou bem, já é o suficiente para nada mais prestar e a insatisfação tomar-lhe por completo. Tudo fica parado. As pessoas próativas trabalham com valores e não com fatores externos. Não é um imprevisto, um transtorno, uma contrariedade que a impedirá de produzir, de ajudar, de se melhorar. Ela interage com as circunstâncias externas e não é arrastado por elas, como acontece com as reativas.
Todas as pessoas passam fases difíceis na vida. Todas. Algumas interagem com as crises, abertas para aprender. Captam as mensagens implícitas, refletem, mudam pontos de entrave e seguem em frente mais fortalecidas. Outras cambaleiam de crise em crise, sem conseguir marchar rumo a seus ideais e sonhos, principalmente por estarem fechadas a captar as mensagens, de aprender com erros e, não raro, sucumbem pela débil vontade de ir à luta.
Não se consegue mudanças sem lutas e sem mudar.
Mudar não é perder a própria identidade. É livrar-se do lixo, dos pesos desnecessários, das inutilidades, dos perigosos apegos e excessos injustificáveis, do que te traz confusão, do que te arrasta ao caos, do que te faz adoecer e te deixa infeliz. Isso não compõe a identidade de ninguém. Pois não fomos criados para perdermos, para sermos menos, para habitarmos o fundo do poço. Viemos da Luz e ela é nosso destino.
Todos temos de atravessarmos tempestades, mas ninguém monta acampamento no caminho dos furacões.
É preciso, antes de tudo, não confundirmos efeito com causa.
Não se prenda, portanto, aos problemas. Retrocedas e encontres lá atrás as causas distantes. Se procurares direito, quase sempre encontrarás a ti mesmo.
Também não espere se sentir bem para agir. Muitas pessoas esperam a segunda-feira, o ano novo, o aumento de salário, o momento propício, esperam se sentirem bem para só então agirem.
Como bem diz o neurolingüista Lair Ribeiro: o passarinho não canta porque está feliz. Ele está feliz porque canta. A ação deve anteceder o sentimento. Movimente o universo e os efeitos virão.
Aproveite cada crise, pois, segundo a tradição chinesa, crise é oportunidade de crescimento.
Mas para que essas mudanças avancem é preciso conhecer a vontade como potência do espírito. Fénelon assinala: “Nada temos de nosso que a nossa vontade; tudo mais não é nosso. A doença leva a saúde e a vida; as riquezas nos são arrancadas pela violência; os talentos do espírito dependem da disposição do corpo. A única coisa que é verdadeiramente nossa é a vontade.” E Epiteto complementa com exatidão: “Não existem ladrões de vontade.”
Portanto, cumpre a cada um tomar as rédeas de seu destino e construí-lo, enfrentando com desassombro as vicissitudes e desafios da vida, sem transferências de responsabilidades. Nem tudo que desejamos poderemos alcançar e mudar. Muitas vezes a resignação é sábia, quiçá vital. Mas há muito que depende de nossas forças e do auxílio divino. Este nunca falha quando nos apresentamos humildes e merecedores do amparo. Jesus indicou o caminho (S. Mateus, 7:7 a 8): “Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá; porquanto, quem pede recebe e quem procura acha e, àquele que bata à porta, abrir-se-á.”
Esta passagem está devidamente elucidada no Capítulo XXV, item 5, do Evangelho Segundo o Espiritismo: “Do ponto de vista moral, essas palavras de Jesus significam: Pedi a luz que vos clareie o caminho e ela vos será dada; pedi forças para resistirdes ao mal e as tereis; pedi a assistência dos bons Espíritos e eles virão acompanhar-vos e, como o anjo de Tobias, vos guiarão; pedi bons conselhos e eles não vos serão jamais recusados; batei à nossa porta e ela se vos abrirá; mas, pedi sinceramente, com fé, confiança e fervor; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados às vossas próprias forças e as quedas que derdes serão o castigo do vosso orgulho. Tal o sentido das palavras: buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á.”
Agora é com você!
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Rosângela Barreto é formada em Comunicação e Letras, exerce a função de Executiva de Contas em Recuros Humanos há 24 anos, nas horas vagas adora cozinhar e inventar pratos diferentes
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