O mês de outubro não poderia ter sido encerrado, politicamente, de forma mais patética do que aquilo que aconteceu na cerimônia de posse de Aldo Rebelo como ministro do Esporte. A presença na solenidade do ex-ministro demitido, Orlando Silva, com direito ao uso da palavra, declarando-se inocente sobre as acusações que motivaram sua demissão, foi um acinte, uma bofetada na cara da sociedade que o viu ser exonerado do cargo sob fortes denúncias de corrupção.
Como não somos bobos, idiotas e tampouco débeis mentais, não há como não questionar qual era a razão daquela troca de ministros, se o que deixou o cargo contra sua vontade era considerado inocente por parte da presidente Dilma, do novo ministro que o substituía e de todos os companheiros presentes ao ato, que hipotecaram solidariedade a Orlando Silva, em tom de desagravo, aplaudindo-o de pé, quando jurou inocência.
Por coincidência – ou quem sabe nem tanto – a cerimônia de posse aconteceu no “Dia das Bruxas”. Se isso pode significar maus agouros para a gestão de Aldo Rebelo, que terá um tremando desafio pela frente, só o tempo dirá. Mas que aquela solenidade de posse foi deveras estranha, chegando às raias do macabro, isso deu para perceber. Foi de tal sorte desconfortável e constrangedora, que a presidente Dilma teve um ato falho imperdoável – mais um, diga-se de passagem – ao chamar de Aldo Rabelo o novo ministro do Esporte Aldo Rebelo.
Para ter uma ideia do despropósito representado pela presença do ministro demitido naquele ato de posse, basta se dar conta de que isso seria o mesmo que o ex-presidente Collor, destituído do cargo de Presidente da República, acusado de improbidade administrativa, tivesse comparecido à posse de seu substituto, Itamar Franco, proferindo na ocasião um discurso emocionado, jurando inocência, sob os aplausos dos presentes.
Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor
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