Giba
Em 2008 vi a cantora e compositora Ana Carolina, em meio ao show que apresentava ao lado do cantor, ator e compositor Seu Jorge, recitar um texto de autoria de Elisa Lucinda, em que diz ter decidido ser, só de sacanagem, mais honesta e correta ainda.
Seu texto revolta se justificava por conta das inúmeras falcatruas e embustes dos nossos políticos corruptos, que eram maioria no Brasil daquela época.
O que mais me impressiona é o fato da situação só ter piorado de lá pra cá.
Até ex presidente da república vimos ir até o supremo Tribunal tentar coagir ministros da justiça a deliberar a favor dos marginais ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT), atual partido do Governo federal.
E para meu maior espanto, houve sim dois ministros que tentaram por todas as formas possíveis inocentar os criminosos.
Hoje em dia, a cada nova investigação que a polícia federal brasileira faz, novos membros do governo, que foram indicados por este ex presidente da república ou por membros de seu governo, são exonerados por corrupção.
É como se todos aqueles que trabalharam em seu governo, de alguma forma estão ligados aos diversos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, improbidade administrativa, tráfico de influência e o que mais de ilícito for possível.
E como em uma doutrina religiosa de fanáticos, a militância do PT não percebe que seu partido é de maioria criminosa.
Leia o bem elaborado texto de Elisa Lucinda e depois veja a declamação de Ana Carolina.
Um grande abraço
Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, ” Esse apontador não é seu, minha filhinha”.
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dá para mudar o final!
Trecho do show de Ana Carolina com Seu Jorge, onde Ela declama um texto de Elisa Lucinda.
Parece que esse poema não se aplica somente ao Partido dos Trabalhadores, mesmo na época dessa postagem.
É de gente como nós, Giba, que o Brasil precisaria em maior quantidade na mídia, para colocar aos olhos da opinião pública o deplorável “mar de lama” (termo criado por Getúlio Vargas) em que chafurdam os nosso governantes, na quase totalidade. Apesar da mordaça velada que existe nos meios de comunicação, que na verdade é compra de consciências de dirigentes empresarias do ramo, alguns cantores, como Zé Ramalho, Gabriel Pensador e a Ana Carolina, inserida no seu texto, têm tentado, como “andorinha só”, fazer verão, denunciando na sua arte as mazelas das quadrilhas instaladas no poder. Contudo, não alcançam a repercussão deseja – sequer parecida com a das músicas de protesto do tempo do chamado “Regime Militar”, que enriqueceram gente como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros hipócritas – porque o governo corrupto paga melhor os veículos, para não divulgar, do que o lucro que teriam com a divulgação das “raras músicas de protesto” dos dias atuais. Isso tem um nome: “Imprensa marrom’, ou seja, aquela que cobra para ocultar verdades que lhe chegam à pauta.
Você tem toda razão Lino.
Putz…grandes verdades…pena que as autoridades desse país jamais entenderão o que essas palavras significam, parabéns pelo post.bjs