Discurso contraditório e vazio
* Por: Lino Tavares
Se as projeções acerca do futuro governo de Dilma Rousseff dependerem de ilações advindas do discurso de posse da nova presidente do Brasil, nada pôde ser observado naquela oratória enfadonha, carregada de expressões lânguidas, capaz de permitir uma antevisão segura em torno da futura gestão governamental que vem aí.
Agarrando-se com unhas e dentes às decantadas obras do governo Lula, Dilma fez da primeira parte de seu discurso uma espécie de prestação de contas da era lulista, na qual, segundo ela, solucionaram-se quase por completo os mais graves problemas nacionais.
Mas a nova presidente eleita não estava ali para dizer o que foi feito no governo anterior e sim o que pretendia fazer no seu futuro governo. Nesse particular, caiu na vala comum do “eu prometo”, dizendo que fará tudo aquilo que todos dizem que irão fazer, nessas ocasiões, como erradicar a miséria, introduzir melhorias em todas as áreas de interesse público e governar para todos os brasileiros, como se fosse possível a alguém que senta no trono da Presidência da República governar apenas para uma parcela da população.
Se por um lado o discurso de Dilma – ou que escreveram para ela – cantou em prosa e versos as ditas “realizações fantásticas” de seu padrinho político e antecessor, por outro ele foi a própria negação da existência desses propalados avanços.
Atentai bem. Se a nova presidente disse em outras palavras que vai focar seu governo no sentido de acabar com as injustiças sociais e com os graves problemas que assolam a população brasileira, então tudo o que ela falou de positivo em relação ao governo Lula não era expressão da verdade, pois, se o fosse, nada estaria por ser feito no decorrer de sua gestão, no sentido de tirar o país do atraso em que se encontra.
O que a gente queria ouvir da presidente eleita era que ela dissesse com todas as letras que iria priorizar em sua agenda de realizações o compromisso de promover as reformas tão necessárias ao pleno desenvolvimentos nacional, como a eleitoral, a trabalhista, a tributária e outras. Mas Dilma preferiu pautar sua oratória pelas amenidades de sempre, ressaltando de forma nada feliz que os brasileiros, depois de elegerem um operário presidente da República, tiveram agora a “ousadia” de eleger uma mulher para o mais importante cargo da Nação.
Não há como não interpretar, à luz dessa colocação de certo modo preconceituosa, que na concepção da senhora Dilma Rousseff, Lula, por sua origem operária, e ela, por ser do sexo feminino, não poderiam chegar à Presidência da Nação a não ser através de um ato de irreverência, quase uma aventura, praticado pelo eleitorado brasileiro.
* Lino Tavares é jornalista
Eu nunca levei muita fé nela…
Acho que por não gostar da pessoa, posso acabar por tabela não gostando do que ela diz, e por vezes achando absurdo, como nesse caso…
Giba, era previsto que a Dilma sinalizaria para uma boa e respeitosa convivência, especialmente para os governadores de oposição, e também com a oposição no Congresso Nacional, p/ mim foi um discurso previsível, chegou às lágrimas igualzinho quando Lula assumiu falando que uma pessoa com o mínimo de estudo chegava a presidência,o mesmo aconteceu quando ela falou que seria a Presidente que cuidaria da Nação Brasileira.
Eu mesmo não sendo Dilma, tenho e vou torcer p/ que tudo dê certo e ela consiga exercer sua real função, mas como tenho visto que nesses primeiros dias só se fala nas articulações do vice, acredito que teremos aí um impasse e uma guerra de egos.
Abraço
Rose*