Suécia é o país que mais investe em educação 3

(*) Nelson Valente

A Suécia é o país que mais investe em educação. Só em 2008, gastou 7,6% do seu Produto Interno Bruto nessa área, superando os Estados Unidos, a França, o Japão e a Itália, que aplicaram índices inferiores do seu PIB no mesmo setor.

Com uma população de 8,4 milhões de habitantes, o país passou por uma intensa reforma educacional, a partir dos anos 50. Hoje, dedica nove anos à escolarização obrigatória, que abrange alunos dos sete aos dezesseis anos de idade; dispõe de classes integradas para o ensino médio, objetivando acomodar indivíduos a partir dos 16 anos; possui um sistema municipal de educação de adultos oferecendo a mesma qualidade-padrão dada aos mais jovens; e conta com um nível superior aberto a qualquer um, com qualificações bastante diversificadas.

Todas as crianças entram no pré-escolar pelo menos um ano antes de iniciar a escolarização obrigatória. As instituições que realizam esse trabalho não pertencem ao sistema regular de ensino, mas a programas governamentais de auxílio à criança.

A parcela do orçamento voltada para o ensino é distribuída de tal forma que aumenta os incentivos, estimulando os estudantes. A pré-escola, a educação obrigatória e o ensino médio são controlados pelas autoridades municipais, mas os gastos com a manutenção são divididos com o Estado.

As escolas são gratuitas e seus alunos recebem ainda o material escolar, a refeição e o transporte. Existem poucas escolas particulares. Os pais dos estudantes recebem o salário-família, que é idêntico para todos, até que os dependentes completem 16 anos. A partir daí, os jovens que desejam continuar os estudos recebem bolsas. Chegando ao nível superior, essas bolsas passam a ser empréstimos reembolsáveis. As administrações municipais proporcionam a um número cada vez maior de crianças atendimento durante todo o dia e atividade fora do horário escolar, por preços módicos. A educação em nível universitário é totalmente controlada pelo governo, existindo mais de 30 instituições que proporcionam ensino gratuito.

Na Suécia, as pessoas com retardamento mental cursam uma escola especial, que não é apenas um direito, mas faz parte da escolarização obrigatória, na faixa dos 7 aos 21 anos. A integração entre o ensino regular e o especial cria condições para uma cooperação mútua, oferecendo aos deficientes mentais as mesmas facilidades de que dispõem os outros estudantes.

Observando o sistema educacional sueco, nota-se uma forte preocupação em manter um currículo homogêneo, igual para todas as escolas do país. Ele contém exigências expressas quanto às tarefas escolares, de maneira que elas se adaptem às necessidades intelectuais e sociais dos alunos. O objetivo principal do governo é beneficiar o desenvolvimento da personalidade da criança, aumentar suas possibilidades de uma boa colocação no mercado de trabalho e garantir uma intensa participação na vida da comunidade. Para um país das suas dimensões, o sistema funciona de modo bastante adequado, o que resulta na posição invejável da Suécia no conceito internacional.

No Japão, o ensino é obrigatório durante os primeiros nove anos de escolarização ( seis no primário e três no secundário inferior) . A partir daí, tudo é opcional. Em consequência, praticamente todos os japoneses dos seis aos 15 anos de idade encontram-se nas escolas, num fenômeno elogiável de universalização do ensino.

Alcançando esse ideal, os educadores agora se voltam para a discussão em torno da qualidade do ensino, procurando-se valorizar a criatividade, de que eles andam bastante divorciados. Condena-se hoje o excesso de memorização nas escolas, quando o desejável é a compreensão maior e melhor das lições transmitidas por seus mestres.

Outro aspecto a ser ressaltado é o excesso de competitividade, responsável pela enorme frequência de suicídios entre os jovens. Não serve estudar em qualquer escola, mas nas que têm renome, sobretudo universidades. As melhores oportunidades são oferecidas aos que têm históricos escolares exemplares, o que é compulsado pelos caçadores de talentos das empresas japonesas.

Para oferecer essas oportunidades aos seus estudantes, o Japão investe 12% do orçamento em educação. Os Estados Unidos investem nada menos de 13,6 %. Numa comparação sem maior análise, do que faz o Brasil. O problema é que temos uma dívida social imensa, que precisa ser resgatada com investimentos maciços na educação. Enquanto isso não se fizer, continuaremos a conviver com números e carências verdadeiramente absurdos.

O povo brasileiro considera a educação como principal fator de mudança na sociedade. Por falta de marketing e a existência de circunstâncias sobre as quais não se tem domínio, como é o caso da segurança e da saúde, a educação passou a uma posição secundária, o que dificulta considerá-la prioridade. Para o leigo, ela deixou de ter a mesma importância de dez ou 15 anos atrás.

Entre as reformas preconizadas para a educação brasileira, seria originalíssimo pensar numa estratégia de marketing que valorizasse a vontade política do país, no sentido de dar à educação a precedência que lhe é devida. Só assim, viveríamos novos tempos de esperança, no setor que é fundamental para o nosso crescimento rápido e auto-sustentado.

(*) é professor universitário, jornalista e escritor

11 thoughts on “Suécia é o país que mais investe em educação

  1. Emerson Bastos says:

    O q vcs acham q as “poucas” pessoas q sabem o quanto é importante a educação podem fazer para mudar a realidade brasileira?

    • Giba says:

      O que as poucas pessoas que sabem da importância da educação podem fazer é tentar conscientizar outras pessoas sobre esta importância.
      Agindo assim, talvez algum dia tenha tantas pessoas conscientes desta importância que seja possível forçar o nosso governo a trata-la com a dignidade e respeito que se deve.
      A internet, através das redes sociais e dos blogs pode ser utilizada como meio de divulgação da importância que a educação tem.
      Em resumo é isso.

  2. Matheus says:

    Acho fantástico essa linha de pensamento. Mas o próprio governo não tem interesse de tornar a população brasileira mas culta e consciente. Isso gera mais custos e trabalho para políticos se elegerem, torna-se mais difícil manipular as informações, desviar dinheiro de público. Os investidores externos não irão ganhar tanto dinheiro com nossas taxas de juros abusivas, iriamos gerar muita concorrência com nosso produtos e serviços ofertados para todo mundo. Seriamos um problema global pois iriamos dominar economia mundial, pelo simples fato de que não precisariam comprar recursos naturais de outros paises para que possamos fazer nossos produtos industrializados e assim o Brasil teria muita vantagem economica. Não acham que seria injusto com o resto do mundo?

    • Giba says:

      Pois é Matheus, a história é bem esta mesmo.
      Uma população com boa formação sabe cobrar, sabe votar e faz com que a política das esmolas sociais não funcione.
      Os mais “Espertos”, acabam se embrenhando na política e virando sustentáculo da continuidade desta roubalheira.
      Um grande abraçpo
      Giba

  3. gibanet says:

    Francisco, você tem toda razão, as pessoas mais educadas tem menos ploblemas de saúde e o governo gasta menos; As pessoas mais educadas depredam menos e o governo gasta menos; uma população mais educada tem condições de prover soluções para os problemas do cotidiano e o governo que incentiva o desenvolvimento e a pesquisa, gasta menos e ainda ganha com patentes.
    Infelismente o Brasil ainda mantem o pensamento retrogrado de colonia.
    Um grande abraço
    Giba

  4. Francisco Castro says:

    Olá!

    Há muito se descobriu que a educação é um dos caminhos mais firmes e seguros para que as pessoas e os países tenham um nível de desenvolvimento mais forte e consistente. A Suécia e outros países são exemplos dessa máxima.

    Abraços

    Francisco Castro

  5. Guilherme Freitas says:

    Os suecos são muito organizados. Tive uma professora sueca, que me deu aulas de inglês e ela me disse que todas as crianças lá são aflabetizadas em sueco e inglês, além de receber uma educação primorosa. Primeiro mundo é isso ai. ABraços.

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