Lino Tavares
É possível que alguém ache que estou sendo injusto com o ministro Joaquim Barbosa que, aos olhos de muitos, afigura-se como alguém que “fez das tripas coração”, para levar a bom termo a decisão que culminou com a condenação dos chamados “mensaleiros”. Só que essa condenação teve como finalidade principal desfigurar a tese de que neste país não se punem figurões do crime do colarinho branco. Por outro lado, todos os ministros do STF sabiam – inclusive Joaquim Barbosa – que nos escaninhos da Suprema Corte jazia uma ‘letra morta’ chamada “Embargos Infringentes”, plenamente ressuscitável, posto que ninguém havia assinado seu ‘atestado de óbito’, talvez até de caso pensado, para que essa ‘carta guardada na manga’ pudesse ser usada, como foi agora, livrando de ir para a cadeia quem já deveria estar lá há bastante. tempo.
Quem assistiu às duas horas de depoimento do ministro Celso de Mello, tentando vender a ideia de legitimidade do abominável recurso que dá sobrevida a 12 réus do mensalão deve ter percebido a total apatia dos demais colegas da Corte, inclusive do irrequieto Joaquim Barbosa, que não esboçaram o menor gesto, no sentido de contraditar as xurumelas de quem ‘advogava’ a serviço do “crime organizado”, da “formação de quadrilha” e do “assalto canalha” aos cofres do tesouro nacional.
Mas, com um pouco de bom humor, em consonância com o dito popular “rir para não chorar”, dá até para dizer que nem cadeia os patifes “pistoleiros de aluguel” do impune “mandante do crime”, Lula da Silva, faziam por merecer. Afinal, sábio é o provérbio que diz que “cadeia foi feita para os homens e não para os cachorros”. Finalmente, a julgar pela ‘libertinagem jurídica’ que se instalou no mais alto escalão da Justiça brasileira, não estará cometendo ‘ato falho’ quem chamar nossa atual Suprema Corte de Suprema, Suprema “Cortesã”.