(*) Por: Lino Tavares
Não se viu até hoje uma só acusação de ilicitude contra alguém ligado ao governo do PT que não fosse classificada pela cúpula governista como sendo fruto de motivação política. Ao se pronunciar pela primeira vez sobre as suspeitas de enriquecimento ilícito do ministro Antônio Palocci, a presidente Dilma Rousseff não fugiu à regra, dizendo lamentar que essas denúncias estejam sendo usadas politicamente.
Como se fosse uma juíza que tivesse examinado os autos de um suposto processo acerca do “caso Palocci, tendo já um juízo formado em torno da questão, a chefe da Nação declinou publicamente o seu parecer, afirmando de forma taxativa que Palocci vai esclarecer tudo e comprovar que seu patrimônio (mesmo tendo crescido absurdamente, como foi noticiado) foi adquirido de forma legal.
Ao assumir esse tipo de atitude, Dilma fez exatamente aquilo que disse lamentar em relação às denúncias contra seu ministro da Casa Civil, pois colocou em prática a mesma motivação política que criticou em relação aos que querem que o caso seja investigado. É fácil entender por quê. Não sendo partícipe da vida privada de Antônio Palocci, ela não dispõe de elementos para afirmar com convicção que o ministro está inocente nessa história. Logo, tudo quanto disse em sua defesa outra coisa não foi senão uma manifestação essencialmente política.
Examinando a marcha dos últimos acontecimentos focados para o interior do Palácio do Planalto, tem-se a nítida sensação de que o ainda incipiente governo Dilma começa a dar sinais de inconsistência, para a solução de questões complexas que requerem de quem está no poder ‘jogo de cintura’, bom senso e decisões firmes, capazes de impedir que ventos fortes virem tempestade.
São sintomas disso a ameaça de inflação, com a suba repentina dos derivados de petróleo, as trapalhadas do Ministério da Educação, que acumula desacertos como os das provas do ENEM, o do livro didático que atropela o ensino do Português, o do polêmico Kit anti-homofobia, gerado no útero do poder, que a “Mãe do PAC” teve que “abortar”, sob pena de “ser mandada para o Inferno” pela “Pastoral do Plenário”, além – é claro – do polêmico Código Florestal, que transforma o Congresso numa espécie de “Samba do crioulo doido”, onde extremistas de esquerda e de direita caminham de mãos dadas, ao sabor de interesses comuns, transformando a festejada maioria congressual do governo numa autêntica “Torre de Babel”.
(*) Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.
Minha concordância e indignação sobre os atos e fatos da matéria.
Abraços