A universidade é uma instituição plurifuncional. A pesquisa é, ao lado da docência, uma das funções básicas dessa instituição. Recentemente, os autores subdividem, as funções da universidade em docência, pesquisa e extensão ou de serviços ou em missão cultural (transmissão e conservação do saber), missão investigadora (produção e progresso do saber), missão técnico-profissional (formação de profissionais de alto nível) e missão social ( serviço social da universidade).
Qual será a universidade do futuro? Substituirão as atuais salas de aula? Cada escola terá a sua missão, que não se bastará com a simples transmissão do saber, pois deverá se identificar com as necessidades do mercado de trabalho. Esse registro é que dará força à palavra “tecnoestrutura”, criada por Galbraight para identificar a trilogia governo,empresa,escola. Nunca essa ligação será tão oportuna e, por isso mesmo, tão indispensável.
A universidade sempre teve como objetivo cultivar e transmitir o saber. Depois, sob o impacto determinado por novas exigências, constatou-se a necessidade de ampliar os conhecimentos, produzir novos saberes, e o meio privilegiado foi a pesquisa.
Tomemos, a título de ilustrações a questão da linguagem, que muitas vezes é o elemento responsável pela não divulgação ou, o que é equivalente, pela não compreensão das pesquisas. Inúmeras delas vêm involucrudas numa linguagem hermética e fechada, acessível apenas ao pequeno grupo de iniciados.
A linguagem, ao invés de tornar transparente e acessível, obscuresse e esconde. É necessário que a divulgação ultrapasse a barreira acadêmica e, no caso da pesquisa educacional, atinja as redes do Ensino
Fundamental e Médio, os pais, os alunos e a comunidade.
Um problema crescente e preocupante nos meios educacionais: o plágio.
O pesquisador, sobretudo aquele que ainda é aluno de algum programa de pós-graduação, vê-se na contingência de respeitar determinados prazos que são estabelecidos sem levar em consideração a índole particular de seu trabalho pressionado pela duração das bolsas ou por montantes fixos de recursos.
É exemplar, neste contexto, o recente episódio da demissão do catedrático da Universidade de São Paulo que publicou numa revista estrangeira um trabalho com gráficos copiados de outra obra científica. Doutor em bioquímica, orientador de mestrado e doutorado, ele teve o currículo maculado por ter incorrido na chamada cultura da cópia, que consiste em utilizar ideias alheias sem dar o devido crédito a seus autores.
Não é bem assim. Universidades da Europa e dos Estados Unidos já desenvolvem sistemas eficientes de fiscalização, além de submeter os estudantes a regras claras e a punições rigorosas para o plágio. Parece ser o caminho mais adequado: cabe às escolas e universidades brasileiras priorizar esta questão, não só elevando a vigilância sobre potenciais fraudadores, mas ensinando aos alunos como fazer pesquisas com proveito, ética e transparência.
Se queremos projetar a universidade brasileira para os próximos trinta anos. Viveremos uma outra época, de incríveis conquistas científicas e tecnológicas, alimentadas pelo uso de computador e da Internet, e é claro que a indústria do conhecimento, representada pelos nossos pesquisadores, não poderá concorrer com os produtos de outras nações se não estivermos devidamente apetrechados, inclusive do ponto de vista dos recursos humanos qualificados.
O ingresso do Brasil ao Primeiro Mundo não pode se cingir a um exercício de retórica. Deve ser algo muito mais consistente, que passa pelos cuidados com a educação, a ciência e a tecnologia.
(*) é porfessor universitário, jornalista, escritor e inestimável amigo