Lino Tavares
Corajoso e consciente da causa que abraçou, desafiou a prepotência dos donos do poder, enfrentando-os de peito aberto e com a principal arma que trazia de berço: a luz da razão e a consciência de igualdade e humanidade que jamais existiu nas mentes insanas dos seus algozes, que o condenaram à prisão perpétua, inconformados com a sua rebeldia contra a inexistência de um estado de direito pleno, extensivo a todos, independente da cor da pele e da condição social. Por essa ousadia, o líder negro pagou um preço muito alto, permanecendo preso, confinado em uma ilha, ao longo de 27 anos, perdendo no cativeiro os melhores anos de sua juventude, mas jamais permitindo que os dissabores do cárcere lhe fizessem desistir de continuar lutando por um tratamento igualitário na pátria em que nasceu.
Como diz na letra daquele famoso samba, Nelson Ralihlahia Mandela, ao deixar a prisão, “levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima”, tornando-se, em 1994, presidente de uma nova África do Sul, aquela com que tanto sonhou e pela qual tanto lutou, sem Apartheid, sem lutas raciais cruentas e sem privilégios institucionalizados de qualquer natureza. Cumpriu apenas um mandato de cinco anos, o que foi relativamente pouco para quem tanto contribuiu para essa nova ordem social. Soube, contudo, transformar essa meia década de governo probo e democrático num colossal exemplo para o mundo, tornando-se um líder mundialmente respeitado e admirado, comparável por todos os feitos e por todos os títulos a figuras emblemáticas como Martin Luther king e Mahatma Gandhi, com quem certamente haverá de se encontrar nos domínios sem Apartheid do Pai Universal de todas as raças.
Nota do autor: Não fiz alusão ao Prêmio Nobel da Paz concedido a Mandela, por se tratar de uma honraria hipócrita conferida, também, a líderes negativos envolvidos com atos terroristas.