Nelson Valente
Não é só no Brasil que a experiência do vestibular gera complicações variadas. Ele representa uma verdadeira contradição. É feito para servir de filtro aos concluintes do ensino médio. Se esses alunos não conseguem êxito no concurso de habilitação, com os conhecimentos amealhados nas escolas, é a prova concreta de que o ensino que lhes foi ministrado era de baixo nível. Ou, como preferem outros, a prova de que o vestibular propõe questões que nada têm a ver com o nível do que é ministrado nas escolas regulares, daí a necessidade dos abomináveis “cursinhos”.
Mas isso também acontece no Japão. As crianças são pressionadas desde cedo, para uma competição desenfreada. As aulas particulares são estimuladas desde os seis anos de idade, o que é um exagero. Tudo porque os pais entendem ser essencial entrar numa universidade de prestígio, pois é isso que leva à segurança de um bom emprego numa grande empresa, num banco ou num órgão governamental. O futuro sorrirá para os mais competentes.
Em consequência, cresce o número dos suicídios entre os jovens. Restringe-se a criatividade e políticos consagrados pedem que se reforme o ensino, para que se tenha “um povo bondoso, patriótico e ao mesmo tempo internacionalista, que servirá adequadamente o país”.
A violência vivida nas escolas japonesas, além da concorrência exagerada, poderá ter raízes na perda dos valores tradicionais, como a obediência e respeito a pais e professores. A rigidez do currículo levou a isso, sendo necessária uma adaptação em regra aos novos tempos, até mesmo para enfrentar os grandes impasses científicos e tecnológicos.
O Japão questiona, pois, o seu modelo educacional. Enquanto isso, no Brasil, os Ministros da Educação saem felizes do Governo porque deram merenda às crianças carentes.
Há um natural interesse em modificar a sistemática dos exames de habilitação no Brasil. Trata-se de um modelo cansado, velho, que se prestou também para enriquecer muitos falsos educadores com a proliferação dos condenáveis cursinhos. Mas é preciso trocar de modelo por algo que venha efetivamente a funcionar, sendo notável a idéia de valorizar a educação média. Os exames parcelados, a cada ano, somando resultados para uma avaliação final parece-nos o que de melhor foi sugerido, dividindo com mais inteligência o esforço dos alunos, além de obrigar as escolas a uma distribuição mais adequada da carga de conhecimentos a ser exigida dos que a ela têm acesso. O assunto é muito rico, instigante, e ainda será objeto de muita discussão pelas “autoridades educacionais” do país.
Meu caro amigo Giba, boa noite!!!
Sempre achei esta forma de classificação um método errado, nem sempre os que conseguem êxito são realmente os que possuem os melhores conhecimentos… o aluno pode não estar bem no dia do vestibular… pode ficar nervoso com a necessidade de aprovação… são tantas coisas que interferem nos resultados… também sou a favor dos exames a cada ano… Excelente matéria de Nelson Valente!
Parabéns pela excelente postagem!
Abraços e muita paz!!!