Lino Tavares
Na Seção Arte e Cultura desta edição, figura como entrevistado o ator multimídia Vicentini Gomez, destacado artista da dramaturgia brasileira, possuidor de um currículo repleto de grandes realizações no teatro, cinema e televisão, tendo como grande destaque na carreira a participação em telenovelas da Rede Globo, como pode ser visto na sua biografia completa, acessando seu Site Oficial http://www.vicentinigomez.com.
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Síntese Biográfica
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Wilson Gomes Vicentini nasceu em 26 de fevereiro de 1957, na cidade de Presidente Prudente, vindo de uma família de agricultores, cujos pais, José Vicentini e Apparecida Gomes Vicentini, muito contribuíram com seu trabalho para o desenvolvimento do Norte do Paraná. Teve sua iniciação estudantil no colégio Londrinese, de Londrina-PR, onde ainda na tenra infância teve sua primeira experiência na arte de representar.
É um artista polivalente, cujo talento lhe permite desempenhar atividades como as de ator, mímico, clown, dramaturgo, roteirista e diretor de teatro, cinema e televisão. Sua carreira teve início em 1977,
conquistando seu espaço paulatinamente nos tablados do país, através de atuações que encantaram plateias lotadas sob o calor de muitos aplausos.
Entre os vários prêmios que recebeu, destacam-se os de melhor filme da Jornada Internacional de Cinema da Bahia; Prêmio Marechal Deodoro da Fonseca, da Academia Brasileira de Arte, Ciência e História; Prêmio Centenário da Imigração Japonesa; Prêmio Festnatal; Prêmio Apetesp; Prêmio Mambembe , entre outros.
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Trajetória Artística
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Vicentini Gomez teve seu ponto culminante na TV vivendo o papel de Serjão, co-participante do “sequestro” simulado da personagem Carminha, da novela Avenida Brasil. Mais recentemente, representou o Delegado Cavalcante na novela Joia Rara, também veiculada na Globo, emissora onde brilhou ainda em papéis como os de, Paolo Bianchi, na novela “Cama de Gato”, e Dom Cornélio, em “Malhação”. Na minissérie “Amazônia”, representou o seringalista “Cel. Alencar”, na luta pela independência do Acre. Na série “Minha Nada Mole Vida”, viveu a figura do português “Blota”, e, na minissérie “Um só coração”, representou o escritor Graça Aranha, um dos ícones da “Semana de arte Moderna”
Por conta da versatilidade que lhe é inerente, brilhou em quadros humorísticos e séries como Megaton, O Dentista Mascarado e A Mulher do Prefeito. Fora da Globo, encarnou o mordomo Domingos em Pícara Sonhadora, no SBT, e passou também pela antiga TV Manchete, atuando em Kananga do Japão e A História de Ana Raio e Zé Trovão.
Na peça “Confidências de um espermatozóide careca”, viveu 12 anos de sua estrada teatral, na qual rodou o Brasil em 2006 com a comédia “506 anos de Besteirol”. Escreveu em parceria com Josmar Martins a peça “Tal Pai, Tal Filho”, em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso, onde dividiu palco com os atores Carlo Briani e Douglas Aguillar. Também é de sua autoria a comédia “Espelho Meu”, reflexões sobre o relacionamento de Mãe e Filha, em suas diversas etapas.Foi produtor, roteirista e diretor da série “Consciência na Cultura”,em 2004/2005, exibida pela TV Cultura e produzida em parceria com a UNESP –Universidade Estadual Paulista..
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O Cineasta
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No mundo do cinema, Vicentini Gomez dá campo a reflexão sobre cidadania e direitos do homem,, optando por essa temática na elaboração de seus filmes, direcionados via de regra para a participação em festivais de cinema e vídeo, tanto do Brasil como do Exterior, tendo entre os premiados “O Rio de Minha Terra”, “Paúra”, “Juquerinquerê” e “O Anônimo”. No momento, Vicentini dirige e roteriza o projeto “Justiça ! Uma História”, um média metragem que se propões a descrever em cenas a história da Justiça brasileira, no período compreendido entre o Brasil Colônia e os dias atuais. O lançamento do filme está previsto para dezembro deste ano.
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Vicentinini Gomez responde
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Você acredita que ser ator é um dom ou um aprendizado que qualquer pessoa pode adquirir nas escolas de teatro ?
Penso que é um dom, mas precisa ser lapidado na escola de arte dramática. E vale lembrar que hoje tem escola em cada esquina, então é preciso saber qual escolher. Tem que ter conteúdo.
Em que momento de sua vida você descobriu que queria ser ator ?
A primeira vez que subi ao palco para uma representação foi no primeiro ano escolar. Eu sequer sabia o que era teatro, pois morava em um fazenda e minha vida era aquela da roça. Desde então, interessei-me pela arte e acabei fazendo os cursos necessários, encontrei pessoas como Giustino Marzano, Paula Martins, Ricardo Bandeira e uma gama de amigos que alicerçaram meu trampolim para a carreira.
Quando você revelou essa vocação para as artes cênicas sua família ‘deu a maior força’ ou achou que isso seria uma aventura ?
Quando estava na escola era bonitinho. Quando me decidi a abandonar o curso de direito para a carreira, foi uma guerra, mas sai vencedor e ninguém ferido.
Sua opção por essa arte foi uma manifestação espontânea ou inspirada em alguém famoso do ramo ?
Foi espontânea. Quando comecei, nunca tinha ido ao cinema, as TVs eram poucas e em minha casa não tinha. Havia o rádio. Os livros, a literatura e o conhecimento me fizeram pender para as artes.
Com qual gênero você se identifica mais na arte de atuar, teatro, cinema ou televisão ?
Eu sou apaixonado pelo que faço, e quase sempre estou fazendo todos ao mesmo tempo. Cada um tem a sua linguagem e o seu tempo. É só trocar o figurino e vestir a personagem.
Você tem preferência por representar algum tipo de papel específico, como galã, herói, vilão ou outro do gênero ?
Adoro os vilões. Galã já passei da fase. Empenho-me com determinação e garra para qualquer personagem.
Para o bom desempenho na representação de uma personagem, você usa algum mecanismo ou tudo flui naturalmente ?
Tem que haver pesquisa, estudo da personagem, construção da personagem. É um outro ser, então é preciso conhecê-lo para representar. Se você apenas decora o texto e vai à cena, certamente estará diminuindo a personagem. Ela tem que ser grande, preferencialmente maior que você.
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Do ponto de vista financeiro, você acha que seguir a carreira de ator é compensador ?
Em qualquer profissão se você não se preparar com conhecimento para a missão estará fracassado. O artista tem que ter conhecimento sobre a obra que vai trabalhar. Tudo vale a pena… já disse Fernando Pessoa.
Na sua opinião, o Brasil pode ser considerado um dos melhores lugares do mundo para o exercício da profissão de ator ?
O Brasil é um país continental, rico em história, lendas, folclore. Existe matéria suficiente para criações diversas sobre a terra. E podemos buscar o saber de outros povos. Temos quase 200 milhões de pessoas no país. Dá pra lotar muitas casas de espetáculos, cinemas, etc,…
Pelo que percebe na sua vivência de ator, diria que mesmo vivendo-se numa democracia existe no Brasil algum tipo de censura sobre as manifestações artísticas ?
Somos um país mixigenado. Essa mistura de raças quebrou muitos tabus. Vivemos uma democracia quase plena, mas é preciso tomar cuidado com os extremistas religiosos.
De todos os papeis que desempenhou, no cinema e na TV, qual foi o que mais marcou em sua carreira ?
Sou apaixonado por todos os personagens que representei, mas gostei muito do Serjão de Avenida Brasil e deste Delegado Cavalcante de Jóia Rara. Personagens extremos que me levou a pesquisar e conhecer um pouco mais a humanidade.
Você viveu o papel de policial. Encontrou nesse personagem algum traço de identidade com sua vocação na vida real ?
Nenhuma. Sou avesso a fardas, com todo respeito a todas elas, mas vestiria apenas para representar, com a possibilidade de despi-las sempre ao final do dia ou da gravação.
Seus maiores amigos pertencem ao meio artístico ou são pessoas de outras áreas profissionais ?
Tenho amigos em todos os seguimentos sociais, das profissões mais diversas. Gosto muito de pescar, tenho amigos pescadores. Gosto do campo, tenho amigos roceiros e tenho amigos intelectuais, militares, diplomatas, médicos, magistrados, etc…
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Alguma vez você já sentiu alguma atração fatal por colega do elenco de um filme, novela ou similar ?
É normal do ser humano. Já namorei diversas atrizes, mas não se deve misturar personagens com a vida real. Se for inevitável, cumpra-se o destino! Hahahahahaha…
Na sua concepção de vida, dá para encarar com naturalidade as cenas de beijo do companheiro ou companheira da vida real com o (a) colega de trabalho ?
É uma escolha. Cada um faz a sua parte e a que o personagem exige. São os chamados “ossos do ofício”.
Você acha que casamento de ator com atriz tem tudo para dar errado, por causa do ciúme nas cenas picantes, ou isso não tem nada a ver ?
É lenda. E cada um acredita conforme a crença! Hahahaha…
Quando vai ao shopping, supermercado e outros locais públicos, você procura disfarçar para não ser reconhecido, ou prefere que as pessoas o assediem, fazendo perguntas e pedindo autógrafo ?
Sou o que sou em qualquer lugar. Se for reconhecido dou atenção. Se não posso, peço desculpas e sigo o meu caminho. Hoje dificilmente te pedem autógrafos. Querem tirar fotos contigo. Todo celular tem uma câmera.
O fato de o cinema brasileiro nuca ter sido premiado com o Oscar você considera um injustiça ou acha que ainda está faltando algo para a gente chegar lá ?
Já chegamos. Tivemos diversas indicações. O Oscar é um prêmio político. Quando tivermos força política na Academia, certamente seremos reconhecidos. Já ti vemos um filme realizado no Brasil. Em 1959 o curta-metragem “Orfeu Negro” recebeu prêmio, mas seu diretor Marcel Camus registrou a obra como Francesa, mas foi uma produção Brasileira, Francesa e Italiana.
Você já foi contemplado com algum prêmio no mundo do cinema ou da televisão ?
Recebi diversos como ator, diretor e dramaturgo. Quem quiser conferir é só acessar o meu site
WWW.vicentinigomez.com.br
Quem você elegeria como o maior ator e a maior atriz brasileiros de todos os tempos ?
Gostei muito do Rubens Corrêa, como gosto do Paulo Autran, Fernanda Montenegro, Lima Duarte…
Na sua maneira de ver o cotidiano, acredita que a arte imita a vida ou é a vida que imita a arte ?
Já dizia Aristóteles na antiga Grécia: A arte imita a vida!
Você compactua com a tese de que as cenas de violência contribuem de alguma forma para o mundo violento em que vivemos hoje ?
Converso muito com o meu filho sobre esta questão. Se ele passa uma considerável quantidade de tempo no videogame matando gente, um dia isto pode ser um exercício natural na vida real. É preciso cuidado com violência brutal para as crianças em seus jogos e games. É preciso conscientizar que o mundo virtual é um pouco diferente do mundo cotidiano.
Dá para encarar todas as situações impostas pela arte de representar sem recorrer aos artifícios inerentes ao uso de drogas ?
Tudo que é estimulante é artificial. A arte tem que ser plena, limpa e soberana.
Você é contra ou a favor da legalização da maconha ?
Como no período da lei seca. Serve apenas para contraventores e exploradores ganharem dinheiro ilegalmente. Libera logo. Todo mundo sabe dos efeitos e causas. Assim cada um deve ter consciência de seus atos.
O Ministério da Cultura, no seu modo de ver, tem sido importante para o desenvolvimento das artes ou deixa a desejar nesse aspecto ?
É preciso achar um termo entre o excesso de burocracia e responsabilidades dos beneficiados com a lei. É hora de começar a pensar em aumentar o valor destinado a cultura.
Somos um país rico em conteúdo cultural , mas pobre culturalmente.
Você percebe algum tipo de propaganda subliminar, de governo ou de produto, inserida no contexto de novelas e seriados ?Existe regulamentação para tal. É cumprida a risca.
Acredita que a televisão brasileira está no caminho certo, ou precisa de uma reformulação para alcançar o nível desejado ?
Temos a TV Globo que é uma das melhores do mundo em produção de conteúdo e exportação de produtos. Precisamos de uma política forte para regular as TVs Educativas e dar linha de produção. Existem muitos exemplos no mundo que podemos nos inspirar. Tenho uma pequena produtora se preparando para criar conteúdo áudio-visual e vender projetos para TVs. Estamos no caminho. Já temos projetos em desenvolvimento neste sentido.
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“Bate Bola” com Vicentini Gomez
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Um amigo de todas as horas ?
Um bom livro
Um dever de gratidão ?
Ao santíssimo.
O momento mais importante de sua vida ?
Agora.
A coisa mais desagradável que já lhe aconteceu ?
Fui avisado de uma pimenta forte e insisti em colocar no prato. Tive que comer, mesmo chorando…
Um sonho realizado ?
Todos os que vivi.
Um sonho não realizado ?
Aqueles que pulei…
Uma decepção ?
Traição
Uma grata surpresa ?
Todo sorriso.
Uma superstição ?
Todo início de viagem, um ritual.
Religião ?
Espírita
Cor preferida ?
Todas que combinam
Número de sorte ?
Estou procurando. Quando achar, quem sabe ganhe na loteria.
Prato preferido ?
Paella
Principal Hobby ?
Pescaria em rio.
Time do coração ?
Corinthians.
Um político honesto ?
U la lá… Existe?
Cantor ou cantora de todos os tempos:
Nacional ?
Elis Regina
Internacional ?
Piaf
Personalidade de todas as épocas:
Nacional ?
Airton Senna
Internacional ?
Charles Chaplin
Quem é Vicentini Gomez ?
Um otimista inveterado
Projetos na carreira ?
Criando conteúdos para TV e cinema.
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Considerações finais:
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Atualmente escrevendo o roteiro do filme Justiça! Uma história, docudrama que irá contar a história do judiciário Brasileiro. Filme que temos o apoio e suporte jurídico do amigo desembargador Dr. Roque Mesquita, eterno professor. Suporte em história do amigo professor Jonas Soares de Souza. Ainda em busca de recursos para filmar. Projeto aprovado pela ANCINE via lei rouanet. E um novo projeto aprovado pelo PROAC-ICMS da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, com apoio logístico do amigo Fábio Nougueira, secretário de cultura de Presidente Prudente. Filme contando a história da cidade, minha terra natal.
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Vídeos de Vicentini Gomez:
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Feliz Aniversário
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Entrevista a Maria Dudah Senne
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