Lino Tavares

Assistindo a um pronunciamento do Senador Roberto Requião (PMDB-PR), na TV Senado, confesso que fiquei com pena do povo do Paraná, por se sentir representado, em parte,  na “câmara alta” do Congresso, por alguém que teve a “coragem” de arregaçar as mangas para defender, com volúpia própria de militante fanático, a indefensável honorabilidade de um ex-presidente, que se destacou, nos seus oito anos de mandato, pelo que de mais sórdido pode ocorrer no curso de uma gestão pública: a corrupção em larga escala, com prejuízos incalculáveis aos cofres do Tesouro Nacional.

Transformando  Lula numa espécie de “Cristo perseguido pelos fariseus”, o frenético senador paranaense dirigiu severas críticas à mídia, dando a entender serem improcedestes as denúncias contra os desmandos do governo petista e descarregando sua raiva em cima  da Folha de São Paulo, um dos veículos que mais denunciam mazelas de governo, numa tentativa clara de desqualificar esse que é um dos mais importantes jornais do país, adjetivando-o de forma pejorativa.

Sem argumento para contrapor as ilicitudes governamentais – que nem vale a pena nomear aqui, porque o Brasil inteiro está “careca de saber” quais são – José Requião apontou sua “metralhadora giratória” para o período do governo tucano, que precedeu a desgraçada Era PT no comando da Nação, denunciando favorecimentos que, segundo ele,  teriam beneficiado o ex-presidente Fernando Henrique, no período das privatizações.  Mesmo que isso fosse devidamente comprovado, não serviria  de parâmetro para uma comparação com o monstruoso escândalo do ‘mensalão’, o maior do gênero em toda a história republicano do Brasil e quiça do mundo.

Diga que foi "1º de Abril", Senador!
Diga que foi “1º de Abril”, Senador!

O Senador deve ter recorrido a esse expediente estapafúrdio, inspirado certamente na frase infeliz dita por seu  ídolo “Lula da Silva”, quando tentou justificar as denúncias de corrupção no seu governo e as fraudes eleitorais de seu partido, dizendo que isso era uma prática comum no Brasil, como se algum tipo de delito pudesse ser aceito de forma pacífica, pelo fato de ter virado prática contumaz no âmbito da sociedade. “Remando sozinho contra a maré” – Requião teve a ousadia de insinuar ser fruto de  “perseguição da mídia”  a veiculação das farras turísticas com o dinheiro público, feitas por Lula, que deu centenas de voltas ao redor do Planeta, para se livrar do trono do Planalto, onde nunca encontrou razão para permanecer. E, como se estivesse a  dizer  “é pouco ou quer mais ?”,  o eloquente orador peemedebista censurou também as críticas da mídia” acerca da afrontosa viagem da presidente Dilma a Roma, para o ato de entronização do Papa Francisco, que custou ao erário em torno de R$ 324 mil, absurdo esse que se tornou alvo de notícia na imprensa espanhola, algo que,  na ótica do senador Roberto Requião, talvez seja visto como “perseguição midiática internacional contra a figura da  “cristã” presidente do mais populoso país católico do mundo.

Decididamente, o  Paraná, estado-modelo do Brasil, por seu desenvolvimento econômica e cultural e por sua política ambiental que serve de exemplo para o mundo, não merecia passar pelo vexame de  ter um representante no Senado que  enaltece os piores exemplos de gestão da coisa pública da história política do Brasil, de molde a causar inveja àqueles que, hoje ocupando cargos de confiança no governo central, não tiveram a mesma “coragem” de vir a público tentar colocar “panos quentes” nos atos indignos ligados ao Planalto, de que são exemplos o mensalão, julgado e condenado pela Suprema Corte, e a luxuosa viagem a Roma da numerosa ‘Comitiva Dilma Rousseff’, algo que provocou uma revolta suprapartidária em todos os segmentos da população que pagou essa conta indecorosa.

Uma sugestão final: Diga que tudo isso que o senhor falou era brincadeira, Senador Requião. Afinal,  foi dito na segunda-feira, podendo ser classificado por Vossa Excelência, como uma “mentirinha ingênua de 1º de abril”!

Veja abaixo o vídeo da seção plenária.

2 thoughts on “Diga que foi 1º de Abril, Senador

  1. Gilberto says:

    Eu já trabalhei com assessoria no PT, no PSDB e no PSD, conheci muito dos bastidores destes e de outros partidos, incluindo o PCdoB, partido comunista que diz lutar pela democracia.
    O que tenho a dizer sobre todos eles é que não há partido que se salve quando o assunto é corrupção e de todos os parlamentares, municipais, estaduais e federais, se conseguirmos salvar uns trinta é muito.
    Quanto ao Fernando Henrique, ele está colhendo o que plantou, enquanto que alguns de seus fieis escudeiros continuam sobrevivendo do dinheiro público, mesmo sem estarem exercendo cargos públicos.
    Tem muitos outros que estão em situação parecida.
    A imprensa é em sua totalidade tendenciosa, seja para um lado seja para outro, depende de onde vem mais recursos e duvido que nós, se estivéssemos a frente de uma grande empresa de comunicação seria diferente.
    Eu não acredito mais na política nacional por considerar torpe e vendida, não há mais ética, não há mais honestidade, não há mais nem a antiga opção de esconder as falcatruas.
    Hoje o meu vizinho João Paulo Cunha, réu confesso do mensalão e de outros crimes, está conformavelmente sentado em uma cadeira do CCJ e eu me pergunto, o que um criminoso fará na comissão de justiça?
    Quem apoia o PT, provavelmente apoia o Foro de São Paulo, quem apoia o PSDB, provavelmente apoia a entrega de nossas estatais ao capital estrangeiro à preço simbólico, quem apoia o PCdoB, apoia uma mentira eterna, Quem apoia o PSC, apoia o fundamentalismo e a corrupção ativa.
    Quem sobra? A Marina Silva? A Heloísa Helena? O Levy Fidelix?

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