Carlos Athanasio
Movimentos sociais sempre ocorreram no Brasil, no intuito de buscarem reformas e novas posições de negociação com os governos. Aqui, entra ano e sai ano, temos greves e paralisações. No mais das vezes, professores é que postulam a melhoria das condições de trabalho e de remuneração.
Seguem-se policiais e demais servidores.
Na Capital, como tudo é macro, outras categorias aderem à greve já iniciada por outra, e, por aí vai.
Quando o movimento é nacional, com carreiras de âmbito federal, a orientação dos sindicatos é de pronto engajamento, o que os colegas de outros Estados da Federação já fazem.
Nesse movimento que está espalhado pelo País, tivemos, na gênese, quatro pequenos partidos políticos, aos quais foram agregados outros seguimentos da sociedade.
Há muito tempo, o nó estava preso na garganta, na carteira de dinheiro, na fila de emprego, na “espera” para atendimento médico e no aguardo de serviços públicos que são pagos e não vêm.
O nó desatou-se. Em resumo, seguimentos da população que estavam represados, resolveram legitimamente reclamar e protestar.
A utilização das chamadas redes sociais chegou, também, ao limite, no que diz respeito à tolerância. Passaram, então, do campo da preparação e planejamento, para o âmbito da execução de movimentos coordenados e muito bem estruturados, tanto que tem hora certa para início e meio.
No fim, normalmente, a coisa descamba para parte ruim do movimento que são as depredações de bens públicos e particulares. Felizmente, esse movimento nacional não fez vítimas, o que poderia causar o descrédito das ações empreendidas, até então ou potencializar o nível das reclamações sociais, descambando para verdadeiras lutas campais. Mas, é cedo para afirmar isso.
O certo, é que estamos diante de um neo-movimento social, sem precedentes na história do Brasil. Primeiro, pela forma ordeira que vem sendo feito, até o momento que escrevo, 24/06; os danos que estão ocorrendo, são mínimos, em relação ao que poderia estar havendo.
A quebradeira poderia ser maior, com amplitude considerável, no que diz a danos ao patrimônio e à integridade física dos partícipes. Segundo, a forma de convocação dos participantes, através da utilização das chamadas redes sociais.
Aqui, a novidade! Nunca havia sido utilizada a internet para tal fim, com tanto detalhamento na organização e execução de movimentos em várias cidades, em horários variados, com diversos locais para movimentação da massa, todos de forma coordenada.
Nem operação militar recente, teve tanto sucesso, dadas as diversas variáveis que devem ser estudadas, principalmente, no campo doutrinário, quanto ao emprego de meios de manobra, engajamento e ataque de posições. O movimento veio para ficar e não vai parar até que as exigências sejam atendidas.
Movimento social de rua sabe-se como inicia, mas não se sabe como termina, pois durante a execução de ações, várias situações ocorrem que podem alterar o resultado final. Esse, que está aí, na ruas, está apenas no início. O último movimento social levou à deposição do Presidente da República, que hoje, é esbelto Senador da República, não havendo qualquer mácula em sua ficha, em decorrência daquele.
Anterior ao movimento dos “cara pintada”, foi aquele iniciado nas ruas do Rio, São Paulo, Minas Gerais e Porto Alegre, que levaram, também, à queda do Presidente Jango. Antes, disso, em 1961 e 1962, o movimento era para o Vice-Presidente assumir a vaga da Presidência, que levaria dois anos depois, ao movimento de 31 de março de 1964, pondo fim à desordem social, moral, política e econômica que havia. Hoje, não adianta mais o governo federal reclamar de nada que venha a ser feito, pois, é a causa de tudo que está aí. Essa é a real!