Nunca, em nenhum outro período da história, escrevemos e falamos tanto sobre o trabalho em equipe. Justamente em função disso, é chegada a hora de analisarmos, sob um ponto de vista crítico, o conteúdo colocado em pauta nestas persistentes ocasiões, pois muitos mitos e histórias “mal contadas” proliferam no meio empresarial a respeito do tema.
O primeiro ponto a ser apresentado refere-se a uma nítida contradição que percebemos no meio organizacional. Enquanto algumas empresas obtêm um sucesso estrondoso com suas equipes de trabalho, a grande maioria amarga maus resultados ou sucessos “relâmpagos”.
Entre os bons exemplos podemos citar a Pfizer, com seu famoso Viagra, que após décadas de pesquisas e recente lançamento em 1998, já é um produto tão conhecido quanto a Coca-Cola. Méritos de uma empresa que investe bilhões de dólares anuais em pesquisa e de sua equipe, de cerca de 60 profissionais, que trabalharam nesse projeto.
Mas nem tudo são flores e, segundo pesquisas da empresa de consultoria em recursos humanos Hay, somente 25% das experiências com trabalho em equipe são bem sucedidas, e mais, quando dão certo, os resultados tendem a desaparecer rapidamente.
Então, qual será a justificativa para este quadro conflitante?
Talvez o fato de, não raras vezes, valorizarmos técnicas de trabalho em equipes aclamadas em outros países, esquecendo de avaliar sobre como adaptá-las para nossa cultura regional (sim, pois cada região de nosso imenso Brasil tem suas particularidades, ou não tem?), nosso jeito de ser e de viver, nossos valores e crenças.
Acredito que temos que redescobrir o ser humano, que o presente e o futuro está na criatividade das pessoas, no espírito de equipe e, que vão e já estão vencendo as empresas que tiverem os melhores talentos em seus quadros, afinal estamos na Era do Conhecimento e o maior diferencial competitivo é o Capital Intelectual.
Precisamos aprender a trabalhar em equipe, maximizar o potencial de cada pessoa, aprender a viver com diferenças e extrair o melhor da diversidade que existe dentro de cada organização. É preciso entender que trabalhando em equipe temos mais chances reais de superar nossos limites.
Seguem agora algumas sugestões para quem quer aprender a trabalhar em equipe, de forma a vencer “em conjunto”.
- Defina claramente a missão, os valores da empresa e os objetivos da equipe. É imprescindível definir qual é o negócio de sua equipe, onde se encontra, exatamente, a linha de chegada e quais são as metas a serem atingidas. Sendo assim, é preciso que cada equipe de trabalho, seja ela temporária ou fixa, formalize sua missão dentro da organização. E da mesma forma, é indispensável definir minuciosamente o “como agir” e os papéis a serem ocupados por cada um. Quanto mais claras estiverem as estratégias, táticas e responsabilidades, melhor. Lembre-se: cegos atirando no escuro dificilmente acertam o alvo.
- Transparência e confiança. Entre os membros da equipe e entre a alta administração e a equipe e vice-versa. Os melhores talentos valorizam e preferem trabalhar em empresas e com líderes que realmente acreditam e praticam essas palavras. Não dê margem a boatos ou informações infundadas. Se for para errar, erre pelo excesso de comunicação, não pela sua falta. São vários os casos de equipes que se formaram para implantar um determinado projeto e com o tempo começam a surgir “panelinhas” e “estrelas.” Onde a vaidade e o orgulho prevalecem, nem é preciso comentar os resultados finais. Tais contextos põem a confiança do grupo em prova e ameaçam o sucesso de qualquer equipe e empreendimento.
- Respeito à individualidade. Equipes são formadas por indivíduos… Cada qual com sua história de vida, formação, experiências e muitas outras características diferentes. Sendo assim, é importante conscientizar e treinar as pessoas para que convivam e tirem o máximo de proveito desta diversidade. Aprendendo a aceitar as diferenças de pensamentos, crenças e valores que coexistem no grupo. Cada ser é único, repleto de aspirações e motivações distintas, que podem ser a chave para o sucesso de sua equipe. Procure identificá-las, e vibre com os resultados.
- Comprometimento e geração de valor. Equipes com um grande número de pessoas tendem a desfragmentar-se. É preciso evitar aquelas equipes do nosso tempo de escola onde dois faziam e quatro ficava olhando. A pergunta aqui é: – O que cada membro está produzindo de valor, o que ele realmente está acrescentando à equipe? Além disso, e fundamental responsabilizar e reconhecer a performance de cada integrante, a cada nova etapa do trabalho que está sendo desenvolvido.
Com base nestas pequenas dicas, acredite e desenvolva a equipe em que você trabalha. O “eu” sozinho é limitado de recursos, tempo e conhecimento. “eu” não tenho todo o tempo do mundo, “eu” não sei tudo…
A melhor forma de vencer crises, de crescer pessoal e profissionalmente é ajudando os outros a crescerem como seres humanos dentro de uma equipe coesa, respeitando as individualidades e descobrindo o que cada membro tem de melhor. Como dizia o escritor Luciano de Crescanzo, “somos todos anjos de uma asa só, por isso só podemos voar abraçados uns aos outros”… Pense nisso… E mãos a obra.
(*) Paulo Renato Araújo é Escritor e conferencista, Autor de livros como: “Qualidade ao Alcance de Todos” e “Motivando o Talento Humano “, entre outros.