(*) Por: Lino Tavares
A cada escândalo de corrupção nos altos escalões do poder, a cada catástrofe ocorrida por fenômenos da natureza , que em países mais adiantados seriam facilmente evitadas, a cada carnificina de natureza civil,
envolvendo a polícia e o crime organizado, enfim, vem à tona a velha pergunta: “o Brasil tem remédio ?”.
Deixando de lado a linguagem figurada e encarando o termo na plenitude de sua expressão conotativa, a coisa muda de figura, e aí temos que admitir que o nosso país “tem remédio”, sim. E como tem. Basta olhar as esquinas de nossas grandes e médias cidades, para verificar que muitos desses espaços, outrora ocupadas por bares, restaurantes e similares, hoje abrigam grandes farmácias, com estoque suficiente para satisfazer o “apetite” dos mais exigentes consumidores do “clube da hipocondria”.
O problema é que, para freqüentar essas casas bem atendidas e bem iluminadas – desaguadouros altamente lucrativos da indústria farmacêutica – é necessário ter “bala na agulha”, como diz o Zeca Pagodinho, no seu samba “Caviar”. Entrar nelas com uma “merreca” no bolso ou com um saldo no cartão de crédito, beirando o vermelho, ainda que para comprar um genérico – que quase nunca tem – é risco iminente de passar vergonha diante do atendente.
envolvendo a polícia e o crime organizado, enfim, vem à tona a velha pergunta: “o Brasil tem remédio ?”.
Deixando de lado a linguagem figurada e encarando o termo na plenitude de sua expressão conotativa, a coisa muda de figura, e aí temos que admitir que o nosso país “tem remédio”, sim. E como tem. Basta olhar as esquinas de nossas grandes e médias cidades, para verificar que muitos desses espaços, outrora ocupadas por bares, restaurantes e similares, hoje abrigam grandes farmácias, com estoque suficiente para satisfazer o “apetite” dos mais exigentes consumidores do “clube da hipocondria”.
O problema é que, para freqüentar essas casas bem atendidas e bem iluminadas – desaguadouros altamente lucrativos da indústria farmacêutica – é necessário ter “bala na agulha”, como diz o Zeca Pagodinho, no seu samba “Caviar”. Entrar nelas com uma “merreca” no bolso ou com um saldo no cartão de crédito, beirando o vermelho, ainda que para comprar um genérico – que quase nunca tem – é risco iminente de passar vergonha diante do atendente.
Após cirurgia para retirada de uma pequena catarata, cheguei numa dessas farmácias de esquina, em Porto Alegre, para comprar o colírio pós-operatório recomendado pelo médico , e acabei passando vergonha. Eu tinha R$ 40 na carteira, mas o medicamento custava R$ 50 e, com o desconto, ficava por R$ 45. A sorte é que eu estava acompanhado da esposa, que usou o cartão de crédito para a compra do precioso líquido, acondicionado num vidrinho de 5 ml (eu falei 5, não 50).
Chegando em casa, comecei a pensar como é que pode uma quantidade tão pequena de líquido medicamentoso custar tanto. Aí fiz essa projeção. Se 5 ml do colírio custam R$ 45, então 500 ml dele custariam R$ 4.500, o que corresponde a R$ 9 mil arrecadados a cada litro (200 vidrinhos) do produto vendido . Isso permite dizer que com o valor de uma garrafa pet de dois litros – dessas de refrigerante – abastecida com esse medicamento (R$ 18 mil) daria para comprar um carro semi-novo. Então concluí:
– O Brasil tem remédio, sim. Quem não tem remédio é a esmagadora maioria de sua população, por falta de poder aquisitivo para comprar esse produto de primeiríssima necessidade.
(*) Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.
Caro Tavares
Eixste uma coisa estranha com os brasileiros relacionados com complexo de inferioridade. Tudo de ruim sómente ocorre aqui, temos corrupção, etc e tal, mas la fora, mesmo nos países dito de primeiro mundo (outra de nosso complexo de inferioridade) também tem corrupção e das mais bravas com a terrivel coisa que tudo é escondido e abafado, é um mal a nivel mundial, então isto de remédio depende do ponto de vista ou referência do que se está inferindo.
Fico de cara com essas coisas.
Aconteceu ontem comigo também. fui na farmácia comprar um medicamento que na semana passada, na mesma farmácia eu havia comprado por 17 reais.
Levei 20,00 e o medicamento tava custando 33,00.
Quase o dobro do valor de uma semana pra outra.
Quando fiz aquela cara de pasmem no balcão o atendente ainda ficou me dando desculpas esfarrapadas e rindo debochadamente da minha cara.
Fiquei puta!
Absurdo
"Entre os estudiosos, há um consenso: é o peso do Estado que impede o nosso crescimento."
Será ?
Rose*