O "mudar o mundo" na Guerra Fria 3
(*) Por: Lino Tavares
Como diz e velho e sábio ditado, ” para bom entendedor meia palavra basta”. Durante entrevista concedida, no Palácio Alvorada, à apresentadora Hebe Camargo, da RedeTV, a presidente Dilma Rousseff disse que, no início de sua militância política, fazia parte de uma juventude que queria mudar o mundo. Embora tenha ressaltado o fato de ter sido presa, durante o “Regime Militar”, Dilma não disse na ocasião – e nem lhe foi perguntado – se a sua luta tinha como objetivo único o restabelecimento da plenitude democrática no Brasil. 

Essa cantilena de “juventude que queria mudar o mundo” tem sido repetida, inúmeras vezes por antigos militantes que abandonaram suas idéias marxistas-leninistas, como forma de explicar, de certo modo, porque, no tempo da Guerra Fria, embarcaram nessa “canoa furada”.

À guisa de analogia, fica evidente nessa declaração da ilustre entrevistada que o que ela disse – talvez sem se dar conta do que estava dizendo – foi que a luta armada da qual participou na clandestinidade, em nosso país, não tinha como termo último a substituição dos militares no poder por uma democracia plena, com
eleições diretas em todos os níveis. Se assim fosse, ela teria declarado que fazia parte de uma juventude que queria mudar o Brasil e não o mundo, como enfatizou.

Naquela época não havia movimentos populares liderados pelas potências livres voltados à derrubada dos regimes fechados da extrema esquerda, como o da Cortina de Ferro e o da China. Quem organizava e subsidiava grupos antagônicos, tentando subverter a ordem vigente nos países capitalistas, era o Movimento Comunista Internacional, aparelhado pela União Soviética, com objetivos nitidamente expansionistas.

Logo, qualquer alusão que se faça àquele período compreendido entre o início da Guerra Fria e a derrocada do “Império Soviético”, usando a expressão “mudar o mundo”, não admite outra interpretação que não seja a de aderir ao hiper projeto guardado no Kremlin, “a sete chaves”, que objetivava transformar Moscou na capital do mundo, através de uma espécie de globalização vermelha, obediente a um poder central absoluto, atrelado a um partido único, sob os auspícios de “sua excelência”, a Ditadura do Proletariado.

(*) Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.

1 thoughts on “O "mudar o mundo" na Guerra Fria

  1. psicologia de gaveta says:

    não podemos afirmar isso, podemos deduzir o que está por detrás da intenção somente…
    não que você esteja enganado quanto a isso…
    só pra lembrar mesmo…

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