Arnaldo Niskier

Todas as vezes em que a palavra sustentabilidade vem à tona, surgem os termos essenciais para a nossa sobrevivência: água, comida e energia. Vivemos problemas que afetam os 7 bilhões de habitantes do nosso planeta.

Aqui mesmo, no Brasil, temos o paradoxo de secas terríveis no Nordeste, com municípios onde não chove seis ou sete meses seguidos, enquanto em outros da mesma região as chuvas provocam enchentes devastadoras. É um fenômeno incontrolável.

Sobre comida, não há como esconder a realidade: temos enorme parte do povo brasileiro passando necessidade. Muitas vezes o socorro às crianças vem das refeições escolares que são fundamentais, sobretudo nas escolas públicas. Mas a subnutrição é um fato.

O terceiro elemento – energia – é o alvo predileto dos que discutem as questões ligadas à sustentabilidade. Aí chegamos à emissão de gases prejudiciais à saúde. O efeito estufa, a busca de alternativas ecologicamente mais saudáveis, como o uso do etanol, a energia proveniente dos ventos(eólica) ou a solar, de larga aplicação em países desenvolvidos. Isso não exclui a necessidade de exploração dos nossos vastos recursos hídricos, mas com cuidados para não ofender a Natureza. A construção da usina de Belo Monte é um exemplo desse tipo de discussão.

A Natureza Não Aceita Ofensa

A Natureza Não Aceita Ofensa

Surge, nesse quadro, um quarto elemento de que não devemos nos dissociar: a educação. Construiremos um mundo melhor, de maior conforto e bem-estar, se dermos à educação a prioridade devida. Querem de imediato um exemplo? Segundo o IPEA, temos 3,55 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos fora da escola. São necessários cerca de 10 bilhões de reais para corrigir essa distorção. Equivale a um acréscimo de 0,3% do PIB nacional. Tirar de onde? A sétima economia do mundo não tem uma resposta convincente para isso.

Enquanto sofremos com esses percalços na educação básica, o ensino superior alterna bons e maus resultados. Estamos em 31° lugar entre os países com as melhores universidades, posição que cumpre melhorar de todo jeito. Não apenas no campo das ciências humanas, mas também nas que lidam com a tecnologia da informação e comunicação(TICs) e ciências da vida.

Vemos com entusiasmo o convênio do Brasil com o Estado de Israel, para adquirir conhecimentos preciosos em biotecnologia, fármacos e aviônica(eletrônica de aviação). Esse intercâmbio será altamente enriquecedor.

Mas estamos diante de uma barreira aparentemente intradisponível, que é a forma pelo qual se trata o nosso magistério. Enquanto nas nações industrializadas é uma profissão honrada e bem remunerada, aqui há uma fuga dos melhores cérebros das ciências da educação. Um estudo do IBGE demonstrou que os que se formam em Pedagogia e nos cursos de magistério para a educação básica têm a pior remuneração de todo o ensino superior. Os salários giram em torno de 2 mil reais mensais, enquanto os diplomados em medicina já ultrapassaram o valor de 7 mil reais e os de engenharia, 6 mil reais. Enquanto isso não for corrigido, viveremos tempos difíceis.

1 thoughts on “A Natureza Não Aceita Ofensa

  1. massucatti neto says:

    Cogito, ergo sum significa “penso, logo existo”, por esse motivo não há da parte das autoridades a preocupação em se ter pessoas com formação, com educação, e quando digo isso não é apenas com relação a formação acadêmica, se o povo aprender a pensar ele terá consciente de sua existência como ser, como cidadão, dai para cobranças sobre os vários assuntos elencados é um pulo, para o sistema isso seria péssimo.

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.