Segundo o estatuto da ABL, qualquer pessoa é elegível à imortalidade – basta ser brasileiro e ter pelo menos um livro publicado. Um pré-requisito que facilita muito é morar no Rio. De acordo com o artigo 1º do regulamento, em seu parágrafo 1º, 25 de seus quarenta membros precisam ter residência na cidade. Mas, na prática, o que conta mesmo é o corpo a corpo. Quem quiser se juntar ao grupo precisa se aproximar dos demais. “Temos de ser cuidadosos na escolha. Afinal ninguém quer ter um chato ao lado pelo resto da vida”, diz o acadêmico Arnaldo Niskier. Entre os aspirantes oficialmente inscritos até a semana passada, a maioria é conhecida da casa. O compositor Martinho da Vila esteve em chás, palestras e, no fim de janeiro, participou da feijoada em homenagem a Noel Rosa. “Fui incentivado por alguns amigos e acredito que posso ser útil representando a música popular”, afirma. O cantor tem dez livros publicados (em sua maioria, romances obscuros e de pouca vendagem). Muniz Sodré, atual diretor da Biblioteca Nacional, foi convidado para o almoço em torno do técnico Joel Santana, há duas semanas. O diplomata Geraldo Holanda Cavalcanti e o ministro Eros Grau também namoram o posto há anos.

Oficialmente, estão no páreo para a vaga da cadeira número 29 o sambista Martinho da Vila, o ministro do Supremo Tribunal Federal Eros Grau, o professor universitário Muniz Sodré, o diplomata, ensaísta e tradutor Geraldo Holanda Cavalcanti, o professor Nelson Valente (prepara uma minissérie de 12 capítulos para TV e um filme orçado em R$ 13 milhões.) e o escritor José Paulo Ferreira. Embora uma imagem de sisudez e conservadorismo envolva os imortais, nos bastidores eles deixam a verve afiada correr solta. “O ministro Eros Grau, por exemplo, está sendo chamado de Zero Grau”, diverte-se um dos mais assíduos no chazinho, que pediu anonimato. O nome do eleito deve ser conhecido no dia 2 de junho.

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