Lino Tavares
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O Brasil se despediu neste 3 de abril de 2021 do cantor e compositor Agnaldo Timóteo
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O Brasil se despediu neste 3 de abril de 2021 do cantor e compositor Agnaldo Timóteo, uma das mais lindas vozes do cancioneiro verde e amarelo a serviço da música romântica, que entraram para as paradas de sucessos, imortalizando-se através das gerações.
Agnaldo Timóteo Pereira nasceu em Caratinga, Minas Gerais, no dia 16 de outubro de 1936. Ainda na adolescência, revelou seu pendor artístico cantando em circos que passavam por sua cidade natal, onde conheceu o conterrâneo Ziraldo, destacado cartunista de nosso país.
Iniciou a carreira de cantor, interpretando versões de sucessos internacionais, como “A Casa do Sol Nascente”, em função das quais se tornou recordista na vendagem de discos nas décadas de 1960 e 1970.
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Aos 16 anos, mudou-se para Governador Valadares, onde exerceu a profissão de torneiro-mecânico e de lá migrou para o Rio de Janeiros, onde conheceu Roberto Carlos, com quem privou momentos difíceis na busca de um lugar ao sol no panorama musical.
Morando em hospedarias, conseguiu o emprego de motorista da cantora Ângela Maria, uma das Rainhas do Rádio, que lhe estendeu a mão para que revelasse seu talento, ingressando de vez na primeira linha dos grandes intérpretes nacionais.
Em 1961, indicado pela patroa “Sapoti”, estreou seu disco 78 rotações com as canções “Sábado no Morro” e “Cruel Solidão”, para o selo Caravelle, onde gravou também no ano seguinte a marcha “Na Base do Amendoim”.
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Foi no programa da TV Rio, Rio Hit Parade, em 1965, que Agnaldo Timóteo deu notável impulso à sua carreira, como grande defensor da balada “The house of the sun”, sucesso do grupo britânico The Animals.
Nessa ocasião, ele conquistou todos os prêmios do programa, caindo na preferência do público jovem, o que lhe garantiu um ótimo contrato com a EMI-Odeon, na qual gravou seus primeiros discos, como o LP “Surge um Astro”, “A Casa de Irene” (A Casa D’Irene), “A Casa do Sol Nascente” (The House Of The Rising Sun), “É Tão Triste Veneza” (Que C’est Triste Venise).
Em 1967, Agnaldo teve a oportunidade de gravar “Meu Grito”, uma composição feita para ele pelo antigo companheiro Roberto Carlos, inserida no álbum “Obrigado Querida”.
A essa época misturou ao frenesi da Era Jovem Guarda, embora possuindo idade mais avançada do que os cantores desse movimento musical. Estreou como compositor, lançando em 1970 a canção “A Galeria do Amor”, que fez grande sucesso, apesar de alguns críticos tê-la classificado como sendo música brega.
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No século 21, Agnaldo Timóteo retempera sua estrada de sucessos, lançando em 2011 “A Força da Mulher”, álbuns contendo 14 faixas com nomes de mulher como Michelle (The Bratles), Manuela (Júli Iglesias), Mulher Sexo Frágil (Erasmo Carlos) e outros.
Em 2012 concorreu ao Prêmio da Música Brasileira, na categoria melhor cantor popular, e gravou no álbum um DVD que bateu recorde nas paradas.
Os últimos sucessos de Timóteo aconteceram em 2018, quando gravou o Álbum Referências, ao vivo, no Teatro Itália (SP), em que presta tributo a ídolos e artistas do seu tempo que influenciaram sua obra como Elis Regina, Gonzaguinha e Tim Maia. No mesmo ano grava um show para o programa Todas as Bossas da TV Brasil, apresentando seus recentes trabalhos, e participa de álbuns coletivos em homenagem a outros artistas, tais como Luiz Vieira e Martinha.
Também participou ao lado de grandes artistas nacionais do projeto especial em homenagem ao centenário da cantora Dalva de Oliveira e saiu em turnê na companhia de Claudete Soares, Eliane Pittman e Márcio Gomes.
Embora polêmico, por sua forma transparente de manifestar suas convicções políticas, Agnaldo Timóteo era muito apreciado por todos as gerações, tanto nos shows que realizava nos palcos do Brasil quanto por sua participação em programas de TV, como nessa apresentação inesquecível em que dividiu palco com monstros sagrados da música brasileira como seu xará Agnaldo Rayol e Cauby Peixoto, interpretando a três o clássico “Sangrando”, de Gonzaguinha.
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