Junior Gurgel *
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No dia 31/12/1959, meia noite e um minuto, Havana foi invadida por dezenas de milhares de agricultores armados, caminhões militares lotados de guerrilheiros que estavam escondidos em Sierra Maestra, disparando fuzis para o alto, e auto-falantes anunciando a vitória da revolução
Ditador Fulgêncio Batista, retirou-se imediatamente das festividades, rumou com a família para o Aeroporto e do alto via as explosões de fogos de artifícios, canhões, e artilharia pesada comemorando não o ano novo, mas, sua queda. Desinformado, em menos de quarenta e oito horas dois quartéis haviam sido tomados pelos revolucionários, e os demais não ofereceram resistência evitando derramar sangue de inocentes: os revolucionários usaram o povo como escudo humano, para invadir as casernas onde se concentrava o maior poder de fogo.
A ganância do Ditador vinha passando dos limites. Exigia sociedade nos empreendimentos norte-americanos na Ilha, ameaçando nacionaliza-los. Cuba explodia em prosperidade. Distante 200 milhas dos Estados Unidos, com sol durante todo o ano sobre suas belíssimas praias, vinha disputando com a Côte d’Azur da França: Mônaco, Nice; Capri… Locais frequentados pelos bilionários de todo o mundo.
A bagunça foi generalizada. Invadiram Hotéis, Cassinos; Restaurantes; Casas de Show… Depredaram tudo. A turba armada e embriagada marchou rumo à avenida beira mar – seis quilômetros de extensão – onde os Bangalôs no estilo Hollywood pertenciam a milionários norte-americanos e os grandes astros do cinema, música; esporte e TV dos Estados Unidos. Saquearam bens de valores e ocuparam-nos como moradia. Hoje, uma favela em ruínas.
Fulgêncio Batista pediu inúmeras vezes apoio aéreo ao então presidente Dwight Eisenhower, que enviou seus F-15, mais bombardeavam sempre e propositalmente distante de Sierra Maestra, ponto onde estava Fidel e seus pouquíssimos seguidores.
Dia primeiro de Janeiro (1959) o Aeroporto e o Porto estavam congestionados. Todos os Americanos temendo por suas vidas, deixavam a Ilha. Fidel, por volta das 15h00min, ocupou o Rádio e fez um discurso de sete horas ininterruptas. Hubert Matos e outros tentaram interrompê-lo para falar algo, mas, sem sucesso. Era prolixo e adorava microfones. Na plateia não tinha proletários. Só funcionários públicos, estudantes e toda a classe média da Ilha, que o apoiou e financiou a derrubada do tirano, corrupto, Fulgêncio Batista. Criaria uma Junta Governativa provisória, e marcaria eleições gerais.
Concluído seu discurso inaugural, pediram-no para tirar o psicopata assassino Ernesto Chê-Guevara da Sacristia de uma Igreja, onde já tinha começado um fuzilamento desde as primeiras horas da manhã, embriagado e matando pessoas comuns como guarda civis, vigilantes e até Militares colaboradores com a causa. Guevara foi para um quartel, dormiu e ao acordar, reiniciou os fuzilamentos em diversas unidades Militares. Fidel ocupado com Embaixadores, empresários; industriais; comerciantes, e dando entrevistas, não teve tempo de conter a fúria do assassino Argentino.
Foi uma semana de paralisação na Ilha. Quando finalmente foram cuidar das Forças Armadas, todos tinham desertados. E as armas? Chê-Guevara tinha dado ao povo com munição suficiente: “A revolução não tem retorno, vocês serão nosso Exército”. Dois meses, começaram as cobranças dos Estados Unidos para regularização da Ilha. Fidel não tinha como explicar o desastre que cometera, a partir de sua família.
O pai de Fidel era um dos grandes latifundiários de Cuba. Exceto Raul, os demais irmãos, tios e primos fugiram, temendo serem mortos. As terras foram invadidas por homens armados, que desconheciam o privilégio dos Castros. Cuba pertencia doravante a Revolução e ao povo (?). Com imagem e prestígio em alta, Chê-Guevara fazia seus comícios incentivava as invasões e ocupação, principalmente de propriedades norte-americanas. A única alternativa de refrear Guevara era removê-lo com promoção. Foi nomeado Presidente do Banco Central de Cuba e Chefe do Tesouro.
Fidel para chegar a Havana, loteou a ilha com facções de esquerda e direita ligadas a trabalhadores e empregadores. Imaginou que em seguida, se livraria de todos. Mas, esqueceu-se de Chê-Guevara. Seis meses de Junta Governativa, a Ilha estava totalmente desabastecida. Faltava do alimento ao combustível e principalmente o necessário para as termoelétricas. Hotéis, Restaurantes e Cassinos fechados. Chamou Chê-Guevara e determinou usar o dinheiro para suprir as necessidades mínimas. Para sua surpresa, não havia mais um centavo no Banco Central. Guevara havia distribuído com o povo – a quem forneceu as armas – dinheiro suficiente para se alimentarem por um ano. Gastaram tudo e não tinha mais onde se comprar uma refeição básica
Não houve outro caminho, a não ser o apontado por Trotskista Guevara: pedir socorro a Moscou. Navios de combustíveis e alimentos começaram a chegar à Ilha, e a distância entre os Estados Unidos tornou-se um fosso profundo – tão extenso – onde se tornara impossível construir “pontes”.
Fidel sobreviveu e morreu bilionário no poder. Porém antes, enterrou os sonhos e esperança de seu povo, que viviam na prosperidade, e hoje são sobreviventes da miséria. Passou a ser o espião número um da CIA e de Moscou. Guevara pagou caro pelo mal que fez a Fidel e Cuba. Primeiro o mandaram para Angola – combinado com os Estados Unidos – para evitar a presença de Moscou. Conseguiu sair com vida da guerrilha revolucionária. Ao chegar a Cuba, despacharam-no para Bolívia. Lá o mataram. O comunismo Soviético chegou a 72 longos anos, até que a queda do muro de Berlim simbolizar seu fim. Cuba completa 60 anos de sofrimento. Será que ainda aguentará por mais 12 anos? A Ilha de São Domingos, seu vizinho mais próximo, hoje é um dos locais turísticos mais caros, visitados pelos norte-americanos. Um paraíso em todos os sentidos. Como dizem os Cubanos, a Ilha se afunda, mas, o regime não cai.
Junior Gurgel é Jornalista *
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