Carlos Fonttes

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      Falar sobre o autor do célebre poema que ilustra esta crônica,  é falarmos de um dos maiores poetas que Uruguaiana já produziu. Foi poeta e foi soldado, mas desafiou a própria morte, quando escreveu: “ela jamais venceu quem tem a alma tão forte, nem quem traz um coração tão moço”, porque ele sabia que “depois da morte da liberdade, só a liberdade da morte”.

      Assim foi ALCEU DE FREITAS WAMOSY, um poeta que abraçou o simbolismo como corrente lírica, um idealista que labutou como jornalista, um soldado republicano, que morreu muito jovem.

   Nasceu Wamosy em Uruguaiana, a 14 de fevereiro de 1895, filho de José Afonso Wamosy e Maria de Freitas Wamosy. Muito cedo se formou  e labutou na imprensa. Sobrevindo a Revolução de 1923, e já tendo sido nomeado Alferes da Guarda Nacional pelo Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, em 9 de fevereiro de 1914, foi incluído secretário no 1º Esquadrão da 2ª Brigada Provisória do Oeste.

    E foi então, durante um forte combate nessa revolução, comandada por Batista Lusardo, efetuado na região de Pelotas, em 3 de setembro de 1923, denominado “Combate de Ponche Verde”, que Wamosy veio tombar ferido de morte, sendo transferido para o Hospital de Sangue da Cruz Vermelha de Santana de Livramento.    Houve controvérsia quanto ao seu ferimento, porém, baseado em um dos maiores biógrafos de Wamosy, o escritor Rodrigues Till, ele não foi ferido pela ponta de uma lança que lhe atravessou o peito, como apregoaram, mas sim, atingido por uma bala que penetrou sua clavícula direita, transpassando o pulmão esquerdo e saindo pelas costas. Isto tudo, conforme atestado médico e, quando veio a falecer em 13 de setembro daquele ano, em seu atestado de óbito constou o seguinte: “Colapso cardíaco, consecutivo a pericardite com derrame”.

Alceu de Freitas Wamosy
Alceu de Freitas Wamosy – desenho de Carlos Fonttes

   Ainda, antes de seu falecimento, casou-se com a enfermeira MARIA ANTONIETA BELLAGUARDA, no dia 5 de setembro.

    Decorrido após longos anos, no Governo do Prefeito Municipal IRIS VALLS, em 1953, foi solicitado os restos mortais desse valoroso poeta-soldado, ao governo da cidade de Livramento. Naquela época, houve muita polêmica nessa cidade em torno do assunto, onde políticos mais ferrenhos foram contrários a transladação de seus restos mortais.

  O jornal “Diário de Notícias”  de Porto Alegre, em sua edição de 10 de novembro de 1953, chegou a publicar que o jornalista Ivo Caggiani, notificara ao Prefeito de Uruguaiana, o furto da urna com os restos mortais de Wamosy, do cemitério local.

     No dia 20 de novembro daquele mesmo ano, assim comentou Ivo Caggiani, uma comissão de Uruguaiana, composta pelo Professor Elpidio de Moraes Gomes Secretário municipal e o Vereador Ramão Prunes de Oliveira, em ato realizado na Praça Gen. Osório de Livramento, receberam a urna com os restos mortais de Alceu Wamosy, das mãos do próprio jornalista Ivo Caggiani.

foto de Maria Antonieta Bellaguarda
Foto de Maria Antonieta Bellaguarda

    Sendo assim, salvo melhor juízo, supomos que os restos mortais desse poeta, DEVEM estar descansando para a perenidade da história, na erma existente em nossa Praça Barão do Rio Branco. Seu busto foi executado pelo escultor Ademar Rossini, com iniciativa e apoio dos poetas Argeu Veiga e Hermelindo Cavalheiro, que desenvolveram intensa campanha na cidade para tal obra, que foi fundida na cidade de Caxias do Sul, na Empresa Abraão Ebeli.

    Muitas cidades já prestaram homenagem póstuma a esse vulto lírico de nossa cidade. Existe, desde 1954, uma Rua em São Paulo, como “Rua Alceu Wamosy” e outra no Rio de Janeiro que lembra um de seus livros: “Rua Coroa de Sonhos”.

 

desenho da  Erma de Alceu Wamosy erigida na Praça Barão do Rio Branco- desenho do autor
Desenho da Erma de Alceu Wamosy erigida na Praça Barão do Rio Branco- desenho de Carlos Fonttes

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