Rosângela Barreto (Rose)
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Qual a finalidade da avareza e da ambição, da busca de riqueza, poder e preeminência? Será para suprir as necessidades da natureza? O salário do mais pobre trabalhador pode supri-las. Vemos que esse salário lhe permite ter comida e roupas, o conforto de uma casa e de uma família. Se examinássemos a sua economia com rigor, constataríamos que ele gasta grande parte do que ganha com conveniências que podem ser consideradas supérfluas. […] Qual é, então, a causa da nossa aversão à sua situação, e por que os que foram educados nas camadas mais elevadas consideram pior que a morte serem reduzidos a viver, mesmo sem trabalhar, compartilhando com ele a mesma comida simples, a habitar o mesmo tecto modesto e a vestir-se com os mesmos trajes humildes? Por acaso imaginam que têm um estômago superior ou que dormem melhor num palácio do que numa cabana? [… ] De onde, portanto, nasce a emulação que permeia todas as diferentes classes de homens, e quais são as vantagens que pretendemos com esse grande propósito da vida humana a que chamamos melhorar nossa condição? Ser notado, ser ouvido, ser tratado com simpatia e afabilidade e ser visto com aprovação são todas as vantagens que se pode pretender obter com isso. É a vaidade, e não a tranquilidade ou o prazer, que nos interessa. Mas a vaidade sempre tem por base a convicção de sermos objecto de atenção e aprovação. O homem rico deleita-se com as suas riquezas por julgar que elas naturalmente lhe atraem a atenção do mundo e que os homens estão dispostos a acompanhá-lo em todas as agradáveis emoções que as vantagens da sua situação tão prontamente inspiram a ele. Quando tal pensamento lhe ocorre, o seu coração parece crescer e dilatar-se dentro do peito, e ele aprecia a sua riqueza mais por esse motivo do que por todas as outras vantagens que ela lhe traz.
Adam Smith, in ‘A Teoria dos Sentimentos Morais’
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Rosângela Barreto é formada em Comunicação e Letras, exerce a função de Executiva de Contas em Recuros Humanos há 24 anos, nas horas vagas adora cozinhar e inventar pratos diferentes
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Oi, Rose. Esse belo texto é um convite à reflexão. Um puxão de orelha diplomático – eu diria – naqueles que acreditam poder mudar o perfil de simples mortais, julgando-se acima dos seus semelhantes, pelo simples agregar de bens e valores fungíveis, como o prestígio, a fama e a riqueza, tão efêmeros e passageiros quanto uma nuvem que se desintegra, permitindo a passagem dos raios solares, estes sim perenes e consistentes, capazes de aquecer o planeta e iluminar sua turva superfície. Movidos pela vaidade e a ganância, os humanos da era moderna trocaram definitivamente o ter pelo ser, mas limitando esse último a preceitos ligados à vaidade, como o ser impotante, e não à espiritualidade, como ser gente na plenitude, de corpo e alma transcendental.
Obrigada Lino por complementar o texto acima, saiba que o admiro muito, pela sua inteligência e pela facilidade de expressar seus pensamentos.
grande abraço
Rose*