Maria Marçal
Lí no jornal Zero Hora (15.08.2012, pág. 3) que um casal inglês ganhou R$ 470 milhões na EuroMillions, uma loteria da Europa. Dizem que continuarão a viver como antes ou seja “cuidando de sua loja de discos usados e pretendem dar a seus filhos uma criação normal.”
Causa-me orgulho saber que alguém que ganhou tantos milhões pretenda viver e criar seus filhos normalmente; mesmo que isto não ocorra na prática, mas existe a intenção.
Vimos, no caso do mensalão e nessa avalanche de improbidades espalhadas como sementes danosas nos órgãos públicos da Nação, a chegada do dinheiro fácil, mas, para nossa incredulidade, usados não com fins sociais dentro da normalidade exigida, mas sim para usufruir do luxo que nunca tiveram, para ascensão em proveito próprio e, muito particularmente, dos familiares e amigos do mesmo quilate.
Que deformação vivemos hoje, quando pessoas, escolhidas pelo voto, se valhem de seus cargos para pularem o muro, ingressando na corrupção, desconhecendo a responsabilidade profissional, a decência, o compromisso social com o dinheiro que lhes chega às mãos.
Há que se parar e pensar no exemplo desse casal inglês: o dinheiro não deverá mudar seu comportamento moral perante a vida.
Estreitando exemplos, me reporto a outro tipo de desvio e insensibilidade pública.
Porto Alegre, a cidade mais cara da Nação, vive um caos de empobrecimento social, de endividamento coletivo (povo/funcionalismo municipal), mas isso não faz cócegas quando são votados projetos dessa magnitude: “A mesa diretora da Câmara de Porto Alegre decidiu ontem reajustar o salário dos parlamentares para a próxima legislatura em 5,11%… A partir de janeiro de 2013, os vereadores receberão R$ 10.863,87”. (ZH-08.08.2012, pág. 10)
O que dizer disto se estes pares sequer assumiram um novo mandato e já acenam viver na anormalidade, haja vista as condições dos postos de saúde, das emergências que lidam com a vida daqueles que não têm dinheiro para conduzir, dignamente, sua família sem entrar no mérito da má qualidade dos demais setores que nos dificultam o dia a dia.
Quatrocentos e setenta milhões de reais – e tudo ficará na normalidade.
Quem dera esse casal servisse de exemplo a aqueles que lidam ou lidarão, na função pública, com grandes somas de dinheiro, fazendo o que esperamos deles: mãos e pensamentos distanciados de alguns dos sete pecados capitais…tudo dentro da normalidade.
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Maria Marçal é Portoalegrense, autora do Blog Maturidade, aposentada pela Justiça gaúcha, divaga pelo mundo das relações humanas, além de ser atuante nas temáticas que envolvem à Justiça.
A Maturidade nos torna missionários da Paz no campo emocional e crítico.
Eis meu caminho e espero que me acompanhem…
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