Jornalista paulista Nelson Valente, radicado em Blumenau, escreveu
doze livros sobre ex-presidente.
“Um dia Jânio Quadros me disse: Você tem talento, rapaz, aproveite. Aí eu respondi: vou escrever um livro sobre o senhor. E ele me disse: Posso ajudá-lo’. O ex-presidente podia até desconfiar, mas ao incentivar seu amigo e assessor, Nelson Valente, não sabia que ele iria se transformar num de seus mais importantes biógrafos.
O jornalista, doutor em comunicação, hoje professor no Instituto Blumenauense de Educação (Ibes), em Blumenau e do Uniítalo, em São Paulo, escreveu não apenas um, mas doze livros sobre Jânio Quadros. É reconhecido como “janiólogo”, atribuído pelo jornalista José Paulo de
Andrade e pode se transformar no mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Valente está concorrendo à cadeira de número 39, que pertencia ao escritor Mindlin.
Paulista de Novo Horizonte, filho de um escrivão de polícia, Nelson Valente foi morar na capital paulista aos cinco anos de idade, embalado pelo jingle da campanha fulminante do ex-presidente: “Varre, varre vassourinha” (1960). Foi assim, segundo ele, que nasceu a relação com Jânio e, logo depois, a paixão pela comunicação. Primeiro, no entanto, Valente se formou em psicologia e pedagogia, para só depois frequentar a escola de jornalismo. Estudou ao lado de nomes
conhecidos da comunicação, como Celso Freitas, Heródoto Barbeiro, Luiz Gonzaga Mineiro e gosta de ouvir a Rádio Bandeirantes e ouvir as críticas do jornalista José Paulo de Andrade. Você aprende e muito. Concluiu.
Trabalhou como repórter, profissão que lhe proporcionou passagens memoráveis ao lado de Jânio Quadros. “Certa vez estava ao vivo no rádio e me aproximei dele. Disse: Posso lhe fazer uma pergunta?, E ele respondeu: Já fez, Jânio Quadros me ensinou a fazer comunicação”, contou.
Jânio Quadros, avalia Valente, apesar de hábil comunicador – à frente de sua época – não se dava muito bem nas articulações políticas. Tinha a renúncia como característica. Mas deixou a Presidência da República numa tentativa de chantagear os congressistas. “A carta de renúncia
era só para mostrar, não para usar”, garante. O documento acabou sendo copiado e o cargo de presidente foi declarado vago.
Valente pesquisa a vida do ex-presidente desde 1968. Além dos doze livros sobre Jânio Quadros (estão produzindo a minissérie e filme sobre o ex-presidente Jânio Quadros, orçado em 13 milhões de reais), produziu também outras 52 publicações sobre educação, semiótica e
psicanálise. Está em plena campanha para a cadeira na ABL, que já perdeu uma vez. Essa semana deve conversar com outros escritores, como Arnaldo Niskier e Marco Maciel, buscando apoio a sua candidatura. De Blumenau, onde reside faz oito anos, ele já conta com apoio de
escritores locais e lideranças políticas. O jornalista sabe que a indicação para a academia é política e critica esta realidade.
Muito interessante, um comentário pode fazer toda a diferença na vida de uma pessoa.