Uma das características da espiritualidade é o esforço para despertar no ser humano a consciência de uma orientação profunda do seu ser, com a vontade de ser fiel a si mesmo.
Daí o esboço de um domínio futuro do mundo, verdadeira realização de todos os sonhos de poder, primeiras linhas que levam à unanimidade futura da nova era, satisfação autêntica de toda aspiração de ver o próximo feliz; anseio de um único grande amor, que se apegue ao ser amado, sem deixar de lado o amor ao próximo, com toda sua energia, com todo seu carinho. Você deve saber que profundeza tem o seu mundo. Em seu ser nasce o desejo de progresso, de paz, de melhoramento, para que o Universo atraia para si todos os bons desejos. Assim, haverá menos perigo de você perder o seu verdadeiro “Dom”.
É possível entender que a espiritualidade nunca exclui você de si mesmo, a vitória sobre si próprio e a aceitação da iluminação do seu espírito. A verdadeira obediência ao grande impulso de vida em si inclui o amor-próprio com felicidade. Pois a lei da vida é subir sempre mais alto para uma interiorização maior e para uma unidade superior que, encontra, finalmente, sua plenitude ao encontrar-se com seu “Dom”.
Será, pois, necessário que você aceite o combate contra a dispersão de seus desejos e os movimentos de sua natureza. Você deve edificar suas idéias em nobres sentimentos e boa conduta. Você deve também lutar continuamente contra seu instinto de conservação. A história exige dele que rompa com a fixação de antigas formas de organização e cultura, que deixe para trás o que o tempo já alcançou e realizou, por mais caro que seja.
Você é parte da humanidade e deve pensar continuamente procurando novas formas de verdade e de beleza, de organização e de técnica. Aquele que ouve esta exigência de progresso da vida reconhecerá também as dores que acompanham todo trabalho criador.
À medida que você penetra na sua intimidade, no seu domínio mais perfeito do mundo e por uma realização melhor de sua personalidade, descobrirá também a que ponto sua existência está ligada a de seus semelhantes. Jamais você está só na vida; sempre há outro e milhões de outros. Não podemos progredir até o fim de nós mesmos sem sair de nós, unindo-nos aos outros. É preciso, pois, vencer-nos a nós mesmos, combater o egoísmo pelo qual nos isolamos dos outros e nos fechamos em nós.
É necessária uma colaboração leal com os outros, uma sensibilidade para com suas necessidades, uma vigília em servir às causas mais elevadas do que aos interesses próprios. A ascensão da vida exige que você tenha a coragem de se abrir ao outro e aos outros no amor.
Por fim, apresenta-se a última exigência da vida: a união com Deus. É em Deus que nos encontramos de novo, mas somente depois que você perde tudo o que se apegou.
O mundo que você construiu para você, os que você amou e a posse de si mesmo, tudo nos será roubado pela morte. A fidelidade à lei da vida inclui que você aceite a morte, o ponto crítico de uma vida, de sua volta para casa. É o que resume uma conferência realizada com você mesmo.
Movimentos sucessíveis e conjugados são reconhecíveis… no processo de sua unificação interior, isto é, de sua personalização. Para ser plenamente vivo, você deve concentrar-se em si mesmo, descentrar-se dos outros, um amor maior do que o seu vai aparecer para ajudar a se livrar dos apegos.
Dessa visão há, portanto, lugar para a aflição e o sacrifício. Mas a sua característica é a tendência consciente para uma harmonização entre desenvolvimento e renúncia, apego e desapego. A vocação, a graça, o desenvolvimento de cada um, o ponto de outro. Mas os dois elementos são necessários. Assim é a segunda e mais importante característica desta espiritualidade; ela proclama o dever que você tem de estar ligado à Terra e de servir-lhe. Isto segue da obediência a vontade de servir a si mesmo, ao próximo e naturalmente a Deus.
O mundo se encontra nesta consagração. As raízes profundas que liga você ao mundo, o sabor sagrado do ser, santificam-se. A vontade de ser o que você é, dedesenvolver e realizar até os limites de suas possibilidades, o grande impulso vital entre você e a espiritualidade, tudo isso não é senão o eco da palavra criadora do “Amor”. Crer na sua presença significa fé, confiança e estar no lugar por inteiro, sendo leal ao tempo e espaço. Não permanecer puramente verbal, fazer questão do apelo que ressoa do fundo de sua “Alma”. Você deve querer viver e querer trabalhar, querer subir a um aperfeiçoamento mais amplo da sua “Alma”.
É um dever sagrado, encarnado na própria natureza do mundo, na própria presença, “Sua”, minha e de todos. A energia mágica de verdade que usa o amor para vencer barreiras, para vencer distâncias, para estar presente em tempo real, envolvente em ilustrados pensamentos.