Estância Sem Porteira 3

(*) Por: Lino Tavares

Em recente participação num Enconto Cultual, realizado na Estância da Poesia Crioula, em Porto Alegre, o jornalista e poeta gaúcho Lino Tavares declamou a poesia crioula de sua autoria, de Guasca a Soldado, veiculada na década de 1980 no Jornal do Estado-Maior das Forças Armadas, como homenagem à Semana Farroupilha. Recentemente, Lino homenageou a referida entidade cultural, com o poema “Estância sem porteira”, que será visto a seguir.

Estância sem porteira
Lino Tavares

Não tem porteira nem cerca
A Estância de que vos falo
Não tem boi, não tem cavalo
Nem capim, nem plantação
E nem peonada em reponte
Tampouco aquele horizonte
Que delimita o meu chão

Longe de ser latifúndio
Tem espaço limitado
Por vezes até acanhado
Para os seus guapos rodeios
Onde se faz gineteadas
Sem ter costelas quebradas
Sem tombos, sem corcoveios

É nessa Estância mui buena
Que o verso xucro é invernado
Depois de arrebanhado
Para a grande tropeada
Que percorre as mesmas trilhas
Traçadas por farroupilhas
No chão da Querência amada

Por incrível que pareça
Essa Estância diferente
Cabe com seu contingente
No interior do coração
Da capital dos Farrapos
Hospedaria dos guapos
Que repontam a tradição

Enfim, dando nome aos bois
Vos digo agora sem pressa
Afinal, que Estância é essa
Quem foi o seu criador ?
Foi um poeta aragano
Um tal Jayme Caetano
Nosso maior Payador.

Estância da Poesia Crioula
É a nossa Academia
Que abriga com fidalguia
Esses repentes aflorados
Do poeta campesino
Que aprendeu desde menino
A fazer versos rimados

(*) Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.

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