Estado Maior
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Lino Tavares

No Brasil dos dias atuais,  em que os maus exemplos vêm do alto, em função da queda do padrão moral e intelectual ocorrida nos altos escalões do poder,  a cidadania, em todas as suas formas de manifestação, está cada vez mais “rastejante”,  suscitando, entre outros malefícios,  um certo desprezo a antigos valores inerentes às relações humanas, que têm no respeito mútuo a pedra basilar da boa comunicação interpessoal.

Uma dos setores mais atingidos por essa avalanche de irreverência que hoje torpedeia a cidadania brasileira é a Instituição Militar, por ser exatamente onde os preceitos de disciplina, hierarquia e respeito mútuo são cultivados como uma espécie de ritual sagrado, cujo descumprimento tem peso muito semelhante ao de um pecado mortal.

Esse reflexo negativa tem sido constatado por parte de militares da reserva e reformados , que, em muitos casos, têm visto seus postos e graduações ignorados, no trato com funcionários e companheiros da ativa,  que optam por chamá-los de senhor ou você, mesmo após identificados na instituição militar a que comparecem.

Essa atitude, nada cordial, que à luz do regulamento militar constitui transgressão da disciplina, contrasta com a forma de tratamento hoje dispensada a ex-integrantes do poder político, que, a par das aposentadorias fáceis, conquistadas com poucos anos de serviços prestados à  Nação, desfrutam de mordomias, como segurança pessoal e familiar, e continuam sendo tratados, notadamente na mídia,  de “presidente”, “governador”, “ministro” e outros títulos que já não lhes pertencem, nem de fato, nem de direito.

Em consonância com o que  é comentado aqui, no que tange à área militar, recomenda-se a leitura da Mensagem a seguir, expedida pelo Comandante do Exército, revelando sua preocupação com o tratamento inadequado em relação aos militares inativos.

Demonstrações de apreço aos companheiros da Reserva

Anualmente, um número significativo de militares solicita sua transferência para a reserva remunerada ou é reformado, após vários anos de dedicação integral ao serviço e ao País.

O tempo de convivência com os companheiros da caserna, os valores assimilados e os transmitidos, bem como a satisfação pessoal pelo trabalho desenvolvido durante o serviço ficam arraigados de maneira permanente em cada militar.

Assim sendo, enfatizo o cuidado e a atenção que todos devemos dispensar àqueles que, merecidamente, ingressam na nova etapa de suas vidas ao deixarem o serviço ativo. Para tal, o militar da reserva remunerada/reformado deverá receber os sinais de respeito que lhe são devidos e previstos no Regulamento de Continências, Honras e Sinais de Respeito, assim que se identifique, após o que deve ser chamado pelo indicativo do posto/graduação que precede seu nome.

O tratamento respeitoso e cordial aos companheiros da reserva remunerada/reformados deve expressar o justo reconhecimento àqueles que nos antecederam e continuam sendo legítimos integrantes da Instituição.

Portanto, recomendo aos comandantes, chefes e diretores de Organizações Militares, em todos os escalões, que seja compromisso do Exército Brasileiro “servir bem aos que já serviram”.

Brasília-DF,  18 de janeiro de 2012.

General de Exército Enzo Martins Peri
Comandante do Exército

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Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor

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