Nelson Valente

O documentário “Jânio Quadros por Nelson Valente e outros”, versa sobre a vida política de Jânio Quadros, tem direção de Fred Farah (Biruta Filmes),  e roteiro do ator e também roteirista Paulo Figueiredo.  O filme torna visível um dos episódios mais dramáticos da vida do ex-presidente Jânio Quadros, e obscuro da história política do país, sua renuncia.

Através de relatos de amigos, parentes e, principalmente, pelo testemunho de Nelson Valente, Jânio Quadros Neto, Álvaro Dias, Geraldo Alckmin, Gaudêncio Torquato, Arnaldo Niskier, Salomão Esper, José Paulo de Andrade, Milton Parrom, José Sarney, Very Well (trabalhou com Jânio na presidência da República) e do Mordomo José Dutra Sobrinho, etc.

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Um documentário fascinante sobre o homem que só pensou o Brasil. Podemos conhecer(com o filme) outro capítulo, até então pouco conhecido do brasileiro, da magnífica história de Jânio  na presidência da República, na renúncia  e a sua dramática vida no confinamento em Corumbá/MT.

O objetivo deste documentário é demonstrar que a renúncia de Jânio da Silva Quadros foi um ato pessoal e suas entrevistas e seus bilhetinhos revelam o estigma e suas várias facetas na arte de renunciar.

Mais informações :

Biruta Filmes

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SOBRE JÂNIO DA SILVA QUADROS

Antes de ser vereador, deputado estadual, prefeito, governador, deputado federal ou

presidente, Jânio da Silva Quadros era professor de português. Desde então sabia – e não esqueceu – que há uma força oculta em cada palavra ou gesto, capaz de ser desencadeada a um mágico toque. Talvez por isso ele mesmo compunha seus discursos  mais importantes, dispensando zelosamente a colaboração de secretários.

Artista completo, sua “parte” não está somente nas palavras. Em horas trágicas ou solenes, a composição de sua imagem parece levar a um único fito:  o desconcerto. O senso crítico era sua grande arma.

As contrações faciais e o olhar projetado ao infinito criavam, às vezes, a

impressão de Jânio se movia sob os refletores de cena.

A composição da imagem do artista varia conforme a natureza do espetáculo. Note nos flagrantes, o cabelo penteado, a barba feita, a gravata correta, o paletó abotoado, enfim, o ar distinto com que Jânio aparecia em ocasiões especiais. Padecia de leve estrabismo, mas o olhar interior estava certeiramente dirigido a um ponto único. Jânio sabia o que queria.

Apoiando nos votos e nos ombros de Marrey Jr., elegeu-se prefeito de São Paulo. Daí em frente, ninguém mais o conteve.

Muita caspa desprendeu-se dos cabelos de Jânio por ocasião da campanha pelo governo do Estado. Eleito governador, a importuna regrediu e o caso exigiria apenas

tesoura e pente. Na carreira meteórica, que o levou de vereador a presidente em apenas 12 anos, ele já havia criado mitos suficientes sobre si mesmo: a fala rebuscada; a caspa deixada propositadamente no paletó para se assemelhar a um “homem comum”.

O  temperamento forte; o populismo levado ao extremo – Jânio pouco lembrava a

figura “presidencial” de Getúlio Vargas ou Juscelino Kubitschek. Jânio é considerado um grande marqueteiro da política nacional.

Sua sintaxe era um caso à parte. Em seus discursos procurou sempre

utilizar um vocabulário apurado, recheado por frases de efeito. É um enigma

saber como conseguia se comunicar de forma eficiente com seus eleitores, a

maioria sem instrução escolar.

Ninguém na história deste país arrebatou multidões tão apaixonadas, mãos levantadas em aplausos e tão plenas de esperanças quanto ele. Tudo era ao vivo. Suas maneiras de convencimento eram devastadoras.  O comício era o grande cenário; ele, o próprio espetáculo. Ele foi o nosso primeiro e grande comunicador político a utilizar técnicas não convencionais.

                                                                                                                         Carregava nos tons da voz, que levantava no exato instante os temas da paixão.

Despertava o ódio, açulava a revolta, levando multidões ao delírio. Em seguida,

suavemente dizia o que todos queriam ouvir: a mensagem salvadora. A multidão,

aquele mar agitado, parava para escutá-lo, subjugada. Jânio da Silva Quadros,

refez a linguagem política do País. Assim era Jânio.

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São Paulo, 14 de Janeiro de 2014

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