Lino Tavares

       Na série de entrevistas com novos artistas da música brasileira, figura nesta edição a cantora carioca Jessie Vic, de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, uma das mais aplaudidas em sua área de atuação, por seu belo repertório, que interpreta de forma admirável, associando à expressão de sua arte uma excelente postura de palco.

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O Começo

Jessie-Vic-5      Jessie começou a cantar aos 6 anos, nos cultos da igreja que frequentava com a mãe.  Seu vasto e maduro repertório chamava tanto a atenção de quem ouvia, que,  mesmo nessa época, já era convidada para cantar em cerimônias de casamento e festas de 15 anos. Aos 14 anos, venceu um concurso de karaokê da Rádio Globo, onde as pessoas ligavam e cantavam por  telefone. Jessie-Vic-3

 A Era Profissional

     Foi em 2004, aos 17 anos, que começou a cantar profissionalmente, com bandas. Iniciou como backing vocal e pisou em grandes palcos, cantando na Festa Junina do Supermercado Extra, Expo Itaguaí, Feira de São Cristóvão, entre outros eventos,  em diversos municípios do Estado do Rio de Janeiro.

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 Novos Rumos

     Ao ingressar na faculdade (Jornalismo – Uerj), em 2006, parou de cantar. Fazendo estágio durante o dia e faculdade à noite, longe de casa, ficava difícil incluir ensaio e shows na rotina diária. Nessa época, só restava matar sua saudade dos palcos ‘dando canjas’, de vez em quando, como certa vez em que subiu no palco do Teatro Noel Rosa (Uerj) e cantou “Como nossos pais”, porque Tico Santa Cruz, em seu projeto “Voluntários da Pátria”, abriu espaço de participação para a plateia e os amigos de turma a intimaram a cantar. Em 2008, se tornou solista de um coral universitário (Coral Ecos Sonoros, da Feuc), onde permaneceu por um ano e participou de dois festivais internacionais: Criciúma-SC e Santa Fé, na Argentina. Depois de sua passagem pelo coral, não parou mais de cantar.

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A Volta ao Profissionalismo

Ao dar ‘uma canja’ num restaurante do shopping próximo de sua casa, recebeu a proposta de ser cantora fixa da casa, fazendo voz e violão lá, uma vez por semana. Logo surgiram outros bares. Jessie voltou a cantar em bandas, largou o estágio e passou um ano “vivendo” só de música. Cantou em grandes eventos com bandas como a extinta “Vinil 80’s”, levantando o público da Festa Julina do Retiro dos Artistas, em 2012,  e realizando uma festa de celebração aos anos 80, no Teatro Rival, em agosto do mesmo ano, entre outras tantas bandas e participações especiais que fez em bandas de colegas músicos. Dividiu palco com Silvinho Blau Blau, Cícero Pestana (Dr. Silvana & Cia), Kid Vinil, Lidoka (Frenéticas), Nise Palhares (Ídolos), Loma (baterista da Banda Agnela), Guilherme Lemos (Renato Russo cover)…

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Passagem pela TV

          Incomodada com o orçamento mensal oscilante da música, voltou a trabalhar na área de Comunicação Social, em 2012. Fazendo malabarismos para conciliar a música com o emprego de carteira assinada, foi selecionada para participar da edição 2013 do concurso “Mulheres que Brilham”, do Programa Raul Gil, no qual chegou à fase semifinal.O apoio da família e amigos foi fundamental nessa fase. A Rádio Tupi, representada pelo comunicador Clóvis Monteiro e seus ouvintes, apoiou e ajudaram com as passagens de avião para SP, na  ocasião da gravação da primeira participação no Programa Raul Gil. Seus companheiros de trabalho, bem como as gestoras, também fizeram toda a diferença: ajudando, apoiando, compreendendo e facilitando, na medida do possível, as idas ao SBT – o programa é gravado às segundas-feiras.

A Banda Própria

       A partir de sua aparição na TV, que quadriplicou o número de amigos no Facebook, Jessie Vic sentiu a necessidade de investir musicalmente em seu próprio nome e ter sua banda. Os músicos e amigos de infância Hermínio Muniz (teclado), Thiago Kato (guitarra) e Vinicius Motta (guitarra) se juntaram nesta empreitada e convidaram os outros dois instrumentistas que faltavam (baixo e bateria) para dar forma ao projeto “Jessie Vic & Banda”.€. Para quem gosta de dançar e ouvir um som de qualidade, um repertório pop com hits de Kate Perry, Rihanna, Lady Gaga e David Guetta, sem dispensar a influência do rock clássico de “Guns N’ Roses” e o complexo “Evanescence”. Pra cantar junto, Ana Carolina, Pitty, Cássia Eller, Cazuza, Legião Urbana entre outros clássicos do cenário nacional que servem de inspiração para a jovem cantora e “seus meninos” companheiros de banda.

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Atualidade e Projetos

      No momento, “Jessie Vic & Banda” apresentam um repertório cover em casas de show e eventos. Mas a cantora e seus músicos estão selecionando músicas de amigos compositores para a gravação de um EP. Aguardem ! Jessie Vic, define seu momento artístico, dizendo:  “[As coisas andam num ritmo mais lento do que gostaríamos porque, apesar da exposição na TV e tudo mais, estamos sozinhos nessa,  fechando shows, cuidando de toda a produção e divulgação. Não é fácil! Mas ainda tenho esperanças de que, cantando e me expondo por aí, apareça alguém com condições de nos ajudar nisso para que tudo caminhe da melhor forma possível. É muito chato subir no palco cheia de preocupação, com stress acumulado do “antes” e do “depois”. Conto os dias para que chegue a época de me preocupar apenas com o “durante” e fazer o show mais leve porque cada coisa está em seu devido lugar”.

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Jessie Vic Responde:

Ser cantora é a sua principal vocação ou você tem outros  projetos de vida ?

R: Sinto que nasci cantora. Não tem como ninguém se referir a mim sem lembrar que eu canto. Sempre foi assim, onde chego. Estou me formando em Jornalismo porque quando eu estava na fase do vestibular e cogitei a possibilidade de tentar Música, meu pai não gostou muito. Como a Comunicação também me atraía, não foi tão difícil fazer a vontade dele. Mas logo que pude, voltei à música. Hoje concilio as duas coisas: trabalho com Comunicação e continuo cantando.

Quando começou a se interessar pela música, que gênero musical você apreciava ?

R: Comecei cantando gospel, ainda criança, quando frequentava a Igreja com a minha mãe. Mas meu repertório sempre foi adulto. Eu sempre me identifiquei com grandes cantoras de voz aguda como Cristina Mel e Aline Barros.

 

Você teve incentivo familiar para ingressar na carreira de cantora  ?

R: Sim. E apesar de ninguém na minha casa ser músico nem ter formação musical, foram meus pais que perceberam muito cedo que eu cantava e gostavam de gravar a minha voz, quando eu ainda tinha 3 aninhos. Depois, quando passei a cantar na Igreja, minha mãe comprava os playbacks (bases instrumentais) das cantoras evangélicas que eu mais gostava e meu pai filmava tudo.

Toca alguma instrumento musical  ?

R: Sei algumas notas básicas de violão, mas só toquei em público, num palco, uma vez.

Inclui em seu repertório composições próprias ?

R: Ainda não. Mas chegou a hora. Estou selecionando um material autoral com amigos porque pretendo lançar um EP.

 

Dentre as diversas músicas que já cantou, qual delas marcou mais em sua carreira ?

R: Certamente “Bring me to Life”, do Evanescence. Foi a primeira música que selecionamos para o repertório da banda de rock que eu e meus amigos estávamos planejando montar quando eu tinha 17 anos. Eu sempre cantava e ainda canto essa em todas as participações que faço na banda de amigos. Até em barzinho, fazendo voz e violão, as pessoas me pediam pra cantar essa música. É como se fosse uma marca minha e, por isso mesmo, aconselhada pelo Vinicius (meu guitarrista desde sempre), eu a escolhi pra cantar no Programa Raul Gil. Foi essa música que me levou à televisão: passei com ela ainda nas audições do “Mulheres que Brilham” e o Raulzinho me orientou a entrar na TV com ela. Deu certo: fui aprovada na primeira fase do concurso.

Ao entrar no palco, ainda bate aquele nervosismo que acontece até com cantores consagrados ?

R: Sempre! Não importa o lugar. Eu sempre entro nervosa, com aquele frio na barriga. Depois de cantar algumas frases, a reação do público acaba me acalmando.

 

Você considera bom, médio ou ruim o nível da música brasileira da atualidade ?

R: Tem muita gente talentosa no Brasil. Pra constatar, basta ligar a TV em qualquer concurso musical ou fazer uma busca de novos artistas na internet. Aliás, nem é preciso procurar. Eu tenho amigos talentosos e vejo muita gente boa tocando por aí. O que acontece é que, infelizmente, esse meio é muito concorrido e são poucos os que “chegam lá”. Essa coisa da pirataria também prejudicou muito o cenário. As gravadoras não têm mais condições de investir em novos talentos. Hoje em dia está todo mundo fazendo trabalho independente porque o caminho é inverso: Primeiro você faz sucesso, depois você consegue uma gravadora. Ou não. Tem gente que se mantém independente, lança selo próprio e tal… Estou falando do cenário como um todo, desconsiderando o que a grande mídia mostra. A realidade é muito mais ampla do que o que assistimos na TV.

 

Como você classifica a música gospel em comparação com os demais gêneros musicais ?

R: A música gospel é virtuosa em todos os sentidos da palavra. E não é qualquer um que canta, pois é difícil de cantar. Pra mim, foi uma escola. Comecei bem cedo, aos 6, e permaneci cantando na igreja evangélica até os meus 16 anos. Não estudava canto nem nada. Apenas ouvia e reproduzia.

 

Acredita que a música gospel é manifestação de fé ou uso da religião para vender discos ?

R: Acho que, como tudo na vida, tem os dois lados. Tem gente que leva a sério, que usa como instrumento de adoração e de evangelização. Mas também tem gente que usa pra ganhar dinheiro. Eu mesma já fui aconselhada a voltar a cantar gospel porque “vende muito”. Mas acho que mexer com a fé das pessoas e a responsabilidade é muito grande. Tenho um grande respeito pela música gospel por ter sido o meu primeiro contato com a música e fazer parte da minha história de vida. Eu não conseguiria me aproveitar disso pra ganhar dinheiro pura e simplesmente.

 

No seu modo de ver, a seleção nos programas de calouros obedece a critérios totalmente  justos ?

R: Essa é uma pergunta muito difícil de responder. O que é justo pra você pode não ser pra mim. Quando você participa de um concurso desses, você está sendo julgado por outras pessoas. Cada um tem seu gosto, seus critérios, seu conceito do que é bom ou não e por quê. Penso que pode parecer justo pra uns, injusto pra outros. Tudo depende do ponto de vista.

Já se sentiu injustiçada,  participando de algum programa de calouros ou algo semelhante ?

R: Eu só participei de um concurso, que foi o “Mulheres que Brilham”, do Raul Gil. Nunca tinha participado de um concurso desses antes e não imaginava que conseguiria ir tão longe – fui semifinalista e fiquei entre as 10 melhores entre 60 participantes. Me inscrevi de verdade: uma amiga viu o anúncio do concurso e me mostrou. Mandei meu material e, alguns meses depois, me ligaram. Não fui convidada por ninguém; nunca tinha aparecido na TV antes. Acho que foi uma grande conquista e me sinto feliz por ter passado por essa experiência. Mas não é nada fácil. Na TV, tudo parece seguir um grande scrip. E o concurso foi complicado: a Nanci Gil abandonou o corpo de jurados ainda no meio da segunda fase e já se especulava quem seria a vencedora. Muita tensão nos bastidores.

Acha possível a um cantor principiante alcançar o sucesso sem pagar jabá nos principais programas de rádio e televisão ?

R: Sim. A internet possibilita isso. Mallu Magalhães e o Boyce Avenue são nomes conhecidos graças à internet.

 

O que mais a motivou no sentido de participar do Quadro Mulheres que Brilham  ?

R: Todo mundo sempre me perguntava por que eu não participava desses concursos musicais. Meu pai sempre me falava de cada inscrição que abria. Mas eu nunca quis porque a exposição poderia ser boa ou não e eu nunca levei fé nessas coisas de TV.

Considera satisfatório o apoio dispensado pelo Ministério da Cultura à arte musical brasileira ? 

Não vejo grandes ações nesse sentido e lamento. Acho que deveria haver mais divulgação a respeito. Não sei até que ponto se dá esse apoio e não me parece muito acessível e ninguém sabe direito como funciona. Como tudo nesse país, infelizmente.

 

Que nota, de zero a dez, você atribui aos políticos que hoje governam o Brasil ?

Nota 4. O país está crescendo, mas cadê nossa fatia desse bolo?

 

Você acredita que possa haver mudanças para melhor, em função  dos protestos de rua que estão voltando à moda  no Brasil ?

R: Mudanças certamente haverá. Toda ação gera uma reação. Mas se efetivamente vão melhorar alguma coisa, temos que esperar pra ver.

Se participasse de um protesto de rua, o que você cobraria do atual governo ? 

R: Saúde, Educação e Renda formam um tripé problemático no nosso país. As ações devem ser conjuntas e articuladas nesse sentido ou não vai adiantar nada.

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“Bate Bola” com Jessie Vic

 

Uma doce recordação ? A infância.

 

Uma pessoa importante na sua vida ? Minha mãe.

 

Uma viagem inesquecível ? Santa Fé, Argentina. A primeira vez que cantei fora.

O momento mais importante de sua vida ? A primeira vez que cantei em público, na Igreja, à capela mesmo.

 

Uma coisa para esquecer ? Decepções.

 Um sonho realizado ? Cantar na TV, em rede nacional.
 Uma decepção ? Algumas.
Uma surpresa agradável ? A ligação pra participar das audições pra cantar no Raul Gil. Pensei que fosse trote.

 

Uma superstição ? Não tenho.

 

Cor preferida ? Vermelho.

Número de sorte ? 12.

Prato preferido ?  Bife com arroz e batata frita.

Principal Hobby ? Ler.

 

Time do coração ? Flamengo.

Cantor ou cantora nacional de todos os tempos ? Elis Regina.

Cantor ou cantora internacional de todos os tempos ? Michael Jackson.
 Personalidade nacional de todas as épocas ? Ayrton Senna.

 

Personalidade internacional de todas as épocas ? Lady Di.

Projetos futuros ?  Cantar, cantar e cantar.

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Considerações finais:

 Primeiro eu gostaria de agradecer a você, Lino, pelo convite à entrevista. É bom ter a oportunidade de mostrar um pouco quem é a pessoa por trás da cantora e saciar a curiosidade das pessoas que me admiram mesmo sem saber quase nada da minha vida. Quero aproveitar o espaço para parabenizar e agradecer cada integrante da produção do Raul Gil pelo belo trabalho nos três meses de “Mulheres que Brilham” e mandar um beijo para todas as candidatas que passaram por lá (tanto as que eu conheci pessoalmente quanto as que eu só tive contato pelo Facebook) – algumas se tornaram minhas amigas. Meu “muito obrigada” à minha família e amigos que me apoiam desde sempre, Clóvis Monteiro e “Família Tupi”, mas principalmente o meu guitarrista Vinicius Motta, que me ajudou com a escolha do repertório pro Programa Raul Gil e, é claro, a todos que me assistiram, torceram por mim no concurso e continuam demonstrando carinho nas redes sociais.

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Vídeos com interpretações de Jessie Vic

CÁLICE – MULHERES QUE BRILHAM – RAUL GIL – SBT:

BANDA MARIA ALZIRA & JESSIE VIC – COVER TITÃS – FLORES:

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