A partida de Juca Chaves abre uma lacuna no meio artístico brasileiro
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Lino Tavares
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O Brasil perdeu dia 25/03/2023 seu maior expoente musical do bom humor, popularmente consagrado com o nome artístico de Juca Chaves.
Jurandyr Cazczkes Chaves era seu nome de batismo, tendo nascido no dia 22 de outubro de 1938, no Rio de Janeiro. Suas canções, grande parte delas marcadas pela sátira ao poder político, não traziam na essência o ranço ideológico do autor, pois tinham como escopo entreter os apreciadores e não leva-los a optar por esse ou aquele grupo político ou ideológico. Irreverente e sempre de bem com a vida, Juca Chaves sabia unir política e arte musical sem ferir suscetibilidades, uma vez que nas letras de suas canções jamais figuraram palavras agressivas às autoridades a quem satirizava com o fito exclusivo de entreter multidões.
Na sua trajetória artística de luz, câmera, ação e muitas gargalhadas, conquistou o apreço e o aplauso de milhões de pessoas no Brasil e no exterior. Sua vocação musical vinha de berço, o que lhe permitiu compor já na infância e o vocacionou a adquirir formação em música erudita.. Despontou artisticamente na década de 1950, compondo modinhas, trovas e melodias suaves. Investiu na arte circense, nos anos 60, montando um circo nas imediações da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, onde brilhou com seu show Menestrel Maldito.
A discografia de Juca Chaves é imensa, o que o incluiu entre os recordistas em vendagem de discos no Brasil. Entre suas composições mais famosas, que marcaram época na sua bem sucedida carreira, figuram “Caixinha, Obrigado”, “A Cúmplice”, “Que Saudade”, “Por Quem Sonha Ana Maria” (cantada no filme “Marido de Mulher Boa”, em 1960, “Presidente Bossa Nova” e inúmeras outras.
Por sua versatilidade e simplicidade sui generis, a derradeira partida de Juca Chaves abre uma lacuna no meio artístico brasileiro difícil de ser preenchida, haja vista que nas suas manifestações poéticas, musicais e humorísticas ele se constituía num artista raro, que talvez possa ser eternamente considerado como primeiro e único. Deixa-nos como legado, além das lindas e bem humoradas modinhas, belos exemplos de amor à arte e inarredável perseverança no plano da realização pessoal.