Mentes Insanas 3Debby Lenon

O local era escuro, cheirava cigarro, poucas eram as luzes que iluminavam o local, homens e mulheres se esfregavam pelo meio do salão. A maioria usava uma maquiagem forte, seus cabelos compridos e ensebados cheiravam a fumo e sebo.

O homem que me carregava até o meio do salão era gordo, vestia um uniforme de policia e tinha um cassetete pendurado no cinto. A musica alta falava dos doces sonhos, sonhos de abusar das pessoas e serem abusados por elas. A foto de um homem cabeludo e com uma maquiagem estranha estava no fundo do salão e havia várias velas vermelhas e pretas acesas, também havia rosas vermelhas e uma tina com sangue.

Na outra ponta dois tronos um ocupado por uma garota que se estivesse vestida normalmente seria muito bonita e outro vazio. A garota levantou-se e então percebi que um cão negro a seguiu até mim, ele era peludo e enorme, não imaginava qual a raça aquele cão poderia pertencer. Ela me olhou e todos começaram a gritar um pedaço da musica.

– I’ve gotta know what’s inside! I’ve gotta know what’s inside! I’ve gotta know what’s inside!

Eu comecei a gritar, assustada para que eles parassem, pois o cão parecia se excitar com a musica e ele mostrava suas enormes presas para mim. A mulher levantou o braço e todos pararam de falar. O silencio era pior que a gritaria.

– Essa virgem nos trará nosso rei de volta. E juntos eu e ele governaremos o mundo tendo vocês fieis seguidores ao nosso lado! – A mulher falou alto. Depois se virou e caminhou ereta até o trono onde estava sentada.

Assim que ela acomodou-se, o guarda gordo que me segurava atirou-me no chão do salão. Um rapaz cabeludo vestido apenas com calças jeans me pegou pelas pernas e rasgou minha roupa, fiquei nua naquele chão gelado e sujo. A gritaria começou novamente.

– I’ve gotta know what’s inside!

Uma jovem com uma mini saia preta, meia calça arrastão e sutiã de rendas vermelho aproximou-se com um chicote. Parecia que estava num pesadelo e que ele só ia piorar.

O barulho do chicote começou a me arrepiar, ele estava cada vez mais perto do meu ouvido. Era terrível, e aqueles malucos pareciam se excitar cada vez mais com o meu medo.  Respirei fundo e tentei me levantar, precisava sair dali. Quando fiquei em pé senti um ardor muito forte nas costas, seguido de uma dor que fez com que eu caísse de quatro no chão.

Olhei parra trás e vi o policial com o cassetete na mão. Ele se despia, não acreditava que as coisas iam piorar ainda mais. Eu só tinha quatorze anos. Comecei a pensar na besteira que eu tinha feito em sair de casa escondida. Eu só queria um baile? Não durou muito, o policial devia estar velho e cansado da brincadeira. Ele levantou-se e chutou meu rosto, desmaiei. Quando acordei a fila estava quase acabando, pelo visto todos ali tinham abusado de mim e agora estavam “trepados” em suas parceiras.

A ultima da fila era a jovem do trono, aquela que queria governar o mundo com o cara da foto que eu parecia conhecer de algum lugar. Chegou à vez dela, o que ela pretendia fazer comigo, eu estava fraca, morrendo sentia o sangue escorrer por entre minhas pernas. Ela ajoelhou-se sobre mim e mostrou-me uma adaga brilhante, pelo reflexo eu percebi meu rosto inchado pelo chute que o guarda havia me dado. Ela sussurrou no meu ouvido:

– Doces sonhos meu anjo!

Ela rasgou meu peito e não sentia quase nada, a dor era mínima, pois o frio que sentia era quase insuportável antes de fechar meus olhos pude ver algo vermelho nas mãos dela.

Os jornais do dia 11/09/2011 não noticiavam na primeira pagina os dez anos do ataque ao Word Trade Center. Um grupo de jovens adoradores do diabo estampava todos os jornais daquela manhã e de semanas seguintes:

 

FBI descobre culto satânico que pretendia governar o mundo.

 

O coração de vinte jovens foram encontrados em freezer, segurança do local disse que seria oferecido ao demônio quando esse se manifestasse.

 

Cantor diz não saber nada sobre o culto.

 

Fezes de cachorro indicam que o animal se alimentava das vitimas após elas terem sido mortas.

 

Cantor desaparece após acidente de carro.

 

Debby Lenon estudou letras e é escritora

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